domingo, 3 de junho de 2018

Convite a amar não com palavras, mas com obras



Chamo-me Joana e sou originária da Paróquia da Póvoa de Santo Adrião e Olival de Basto. Nasci no seio de uma família católica e, desde sempre, estive envolvida nas diversas atividades paroquiais. Como qualquer jovem, tive os meus períodos normais de crise e questionamento. Enquanto adolescente questionei a existência de Deus, mas creio que foi com este profundo e sincero questionamento de quem é Deus e de qual seria o seu projeto para mim e para o mundo que começou a minha busca vocacional.

Progredindo nos estudos escolares começou a crescer em mim o desejo de ser médica. O gosto pelo estudo e sobretudo pela arquitetura do organismo humano motivaram a que me empenhasse para alcançar este objetivo. E, nesse momento, quando consegui entrar na faculdade de medicina, pensei que tinha alcançado o que Deus queria para mim e considerei a medicina como a minha vocação primordial. Contudo, Deus sonha sempre mais alto para cada um de nós e desejava, para mim, algo mais belo, mais radical, mais abundante.

   Ao mesmo tempo que entrei em medicina conheci, pela primeira vez, as irmãs missionárias combonianas. O que me cativou mais foi a profunda alegria que transmitiam quando falavam da sua vida partilhada com os mais pobres. Se, ao princípio, esta vocação missionária pareceu-me longínqua e inalcançável para mim, a presença destas irmãs fez-me questionar muito a coerência com que vivia a minha fé cristã. Algo tão impactante como o título da mensagem do Papa Francisco para o “ I Dia Mundial dos Pobres” que celebramos este ano “Amar não com palavras, mas com obras”.



Após anos intensos de busca, senti que Deus me chamava a comprometer-me mais seriamente com o meu projeto vocacional. E assim, sentindo fortemente o chamamento a ser Irmã Missionária Comboniana, uma vez terminando o meu curso de Medicina, comecei as etapas de formação religiosa. Na primeira etapa que se chama postulando- que é um primeiro contacto com forma de vida orante, comunitária e apostólica de uma missionária comboniana. – Tive que, pela primeira vez, deixar o meu país, a minha cultura, o meu idioma e viajei rumo a Granada, no Sul de Espanha. Na seguinte etapa, o noviciado-esta etapa que, na vida religiosa, corresponde a um período de intenso encontro com Jesus, principalmente por meio da Sua Palavra- viajei rumo ao Equador onde fiz parte de um grupo de cinco jovens, cada uma de um ponto do planeta, mas todas perseguindo o sonho de Deus a seu respeito. E, depois de quatro anos de intensa formação religiosa, foi com muita alegria que respondi que SIM a uma vida de pobreza, castidade e obediência a Jesus e à sua Missão no mundo de hoje, com a minha profissão religiosa. Do Equador enviaram-me à Escócia para melhorar o meu inglês para que pudesse aprender a língua árabe na Jordânia. Assim, faz quase um ano que me encontro na Jordânia e que estou a fazer esta bela e desafiante experiencia de encontro com a realidade dos refugiados e migrantes que lá se encontram, fruto das inúmeras guerras que ainda se travam na região que é considerada “Terra Santa” pelas três principais religiões mundiais: judaísmo, islamismo, cristianismo.

Enquanto vos escrevo já sei que, depois do aperfeiçoamento da língua árabe, viajarei a uma nova terra prometida: Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo onde toda a ajuda no campo médico é tão necessária. Despeço-me de todos vós, acreditando, no fundo do meu coração, que todos nós, comprometidos com o Reino de Deus, procuramos na nossa vida estar no lugar onde a vontade de Deus nos coloca, que  é sempre a fonte da maior paz, amor e vida abundante que podemos desejar para as nossas vidas.
   Irmã Joana Sofia Carneiro
   Missionária Comboniana

“Artigo retirado do Boletim Trimestral n.º 123, “evangelizar hoje”, Abril/Junho-2018, dos Missionários Combonianos”

Nenhum comentário:

Postar um comentário