terça-feira, 26 de agosto de 2014

Como suspira o veado | Fernando Lapa / Nuno Fileno


O Ressuscitado vai aparecer, pela última vez, no Fim do Mundo






(…) O RESSUSCITADO VAI APARECER, PELA ÚLTIMA VEZ, NO FIM DO MUNDO
“ (…)«Então vi um grande trono branco e Aquele que estava sentado nele. O céu e a terra fugiram da sua presença e não houve mais lugar para eles. Vi, depois, um novo Céu e uma nova Terra. E ouvi uma grande voz, que saía do trono que dizia: “Esta é morada de Deus entre os homens! Habitará com eles, serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles. Ele enxugará as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem pranto, nem gritos, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.(...) Então, o anjo disse-me: “Felizes os que lavaram as suas vestes, para terem direito à Árvore da Vida e poderem entrar, pelas portas, na cidade”. 

(Ap 20,11; 21,1-6.22-23; 22,1.14)

Meditação e Oração Final : Senhor Jesus, Ressuscitado para todos, nós Te contemplamos no teu solene encontro com toda a Humanidade no fim dos tempos. Faz com que nos preparemos desde já, na esperança, para o “teu dia”,  na festa do encontro dominical e praticando obras de misericórdia. Teremos, assim, a alegria de sermos convidados para a festa da felicidade eterna, quando  Tu nos acolheres, dizendo : “ Vinde benditos de meu Pai!” {Mt 25,34}. Tu que és Deus vivo com o Pai na unidade do Espírito Santo.  Ámen. “

“Retirado de “ COMUNIDADES EM ORAÇÃO-Caderno de Apoio Pastoral para Comunidades na Ausência do Presbítero- de Frei Mário Rito Dias , de 2001 -pag.163/164”

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Vocação de João Baptista UMA VOCAÇÃO COM CINCO MORADAS



 

(...) “Vocação de João Baptista
UMA VOCAÇÃO COM CINCO MORADAS

João Baptista é a ponte que das margens da Primeira ou da Antiga Aliança conduz à nova terra prometida, ao templo da Nova aliança, realização das antigas promessas. Ele é «o profeta do Altíssimo… enviado adiante do Senhor a preparar os seus caminhos (Lc1,68.76.79). Ele proclama-se a «Voz»(Mt 3,2), «o Amigo do Esposo» (Jo 3,29). Jesus tece-lhe o seguinte elogio: «entre os nascidos de mulher não veio ao mundo outro maior que João Baptista»(Mt 11,11. Ver ainda (Lc. 1,5-25 e 57-80; Mt 3, 1-17).

Uma tal missão corresponde a uma vocação especialíssima. Mas também exemplar, que ilumina a nossa própria vocação. Vamos  descrevê-la em cinco etapas, tendo como referência cinco lugares a ela ligados: O Templo, a casa, o deserto, o rio Jordão e a prisão do palácio Herodes.

O TEMPLO de Deus,

Onde a vida e a vocação são concebidas

«Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe, coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume… Apareceu-lhe um anjo do Senhor em pé, à direita do altar do perfume» (Lc, 1, 5-25).

A vocação de  Baptista começa no Templo de Jerusalém, com o anúncio da boa nova do nascimento trazida por pelo anjo Gabriel ao assustado e incrédulo Zacarias: «Não temas Zacarias. Deus ouviu a tua prece. Isabel, tua mulher, vai dar-te um filho, ao qual porás  o nome de João.» João significa Deus é misericordioso. Todos os nossos nomes aludem à sua Misericórdia!...

A vida tem início no «Templo», demora primordial do Ser. Todos somos concebidos, em primeiro lugar, no Coração de Deus. De lá dimana a vida, a eleição, a consagração e a missão do vocacionado: «Antes de te formar no ventre de tua mãe, Eu te consagrei, para fazer de ti profeta das nações»(Jer. 1,5).

Uma vida que corte com este cordão umbilical que a liga à fonte do Ser está condenada a perder vitalidade e a definhar; a perder-se nos meandros de tantos atalhos tortuosos da existência; a vaguear na obscuridade das muitas noites sem estrelas. Uma vocação que não cultiva a comunhão com Deus na oração, que não frequenta o seu templo interior, depressa será sufocada por mil vozes vociferantes, por ilusões e fantasias, por espinhos e abrolhos.

Há um templo de Deus a ser reconstruído - antes de mais em nós- diz o profeta Ageu: «É então o momento de habitardes em casas confortáveis, estando esta casa em ruínas? Eis o que declara o Senhor dos exércitos: considerai o que fazeis! Semeais muito e recolheis pouco; comeis e não vos saciais; bebeis e não chegais a apagar a vossa sede; vestis, mas não vos aqueceis; e o operário guarda o seu salário em saco roto!...Porquê? Porque a minha casa está em ruínas, enquanto cada um de vós só tem cuidado com a sua»(Ageu 1).

A CASA, lugar de gestação da vida e vocação

«Decorridos os dias do seu ministério, (Zacarias) retirou-se para sua casa. Depois disso, Isabel, sua mulher, engravidou e durante cinco meses não saiu de casa»(Lc.1, 23-24).

A vida, com toda a sua extraordinária beleza, força e exuberância, capaz de maravilhar-nos a cada passo, é também extremamente frágil. Necessita de ser acolhida no seio da Terra, de encontrar uma casa onde habitar, de ser hospedada num ventre que a nutre, acarinha e protege…

A vida nascente e a vocação de profetizada de João Baptista encontraram na casa de Zacarias e no seio de Isabel um berço acolhedor.

Da mesma maneira toda a vocação requer uma «casa», um contexto favorável. Tal «casa» será a família, a comunidade cristã, um grupo de apoio…Ou seja, uma espécie de «estufa» que ofereça as condições necessárias à sua nascença e crescimento. Uma vocação especial, com efeito, é uma planta rara que requer condições ambientais particulares. Como aquelas descritas pelo salmo 128: «Bem-aventurado aquele que teme o Senhor e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme o Senhor.»

O DESERTO, lugar de purificação

« O menino foi crescendo e fortificava-se em espírito, e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel»(Lc.1,80).

Não se pode viver eternamente numa estufa. A certa altura, a planta deve interagir com o seu mundo exterior, com o ar, o vento, o sol, a chuva…para poder crescer e desenvolver-se em todas as suas potencialidades. Terá , por isso, de enfrentar as intempéries, de resistir aos rigores do Inverno, de encarar o calor do estio…

João Baptista estabeleceu-se no deserto, porque ali encontra um ambiente espiritual que o prepararia para a sua missão. No deserto faz a experiência do profeta Elias e do povo de Israel durante a caminhada dos quarenta anos do êxodo. Depende totalmente  da providência de Deus, contentando-se daquilo que oferece o deserto: gafanhotos e mel silvestre. Ali Deus lhe fala ao coração(Oseias 2,14) e o prepara a tornar-se sua Voz.

Assim acontece com todos os chamados. Sem a prova do deserto, da solidão, do silêncio, da austeridade, das dificuldades e das provas…não haverá vocação provada. À mínima dificuldade o sol definha-a, os espinhos sufocam-na.

Jesus não foi excepção. Com efeito, o evangelho de Lucas diz «Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde, durante quarenta dias foi tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome» (Lc 4,1-2).

O RIO Jordão, lugar do apostolado e da missão

«Veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias. Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o baptismo de arrependimento para remissão dos pecados, como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas»(Lc 3, 2-4).

O deserto é também uma etapa em função da missão do profeta. João Baptista deixa o deserto para ir ao encontro das pessoas e levar-lhes a mensagem de que fora incumbido. Estabelece-se agora junto do Jordão, na fronteira entre o deserto e a terra. E o seu grito chega a todo lado. As multidões acorrem ao Jordão para ali serem baptizadas. É como uma nova travessia do rio bíblico para ingressar no Reino, conduzidos pelo novo Josué que será Jesus, o Messias.

No rio Jordão, quando João Baptiza Jesus, corre já «o rio da água da vida» dos últimos tempos: «Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro, no meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que frutifica doze vezes por ano, uma por mês. As folhas da árvore servem para a cura das nações» (Ap. 22,1-2).

A PRISÃO, lugar do martírio e da fecundidade

«Naquele tempo, Herodes tinha mandado prender João e acorrentá-lo na prisão…» (Mc. 6, 17-29).

Como para João Baptista, chega para todos também a etapa da prisão e do martírio. Porque «é necessário que Ele cresça, e que eu diminua»(Jo.3,30).

É o momento supremo do testemunho do amor e da fecundidade apostólica.

Os «Herodes» podem ser muito variados: uma doença, a velhice, a perseguição, o fracasso…É importante aceitar «ser-se posto na prisão» e fazer entrar a luz do mistério pascal na nossa prisão.

Comboni dizia dos seus missionários que deveriam ser «pedras escondidas», enterradas no solo africano…É a condição indispensável para ser alicerce  da construção que se erguerá sobre nós. Será então que a nossa vida e a nossa vocação serão verdadeiramente fecundas, como diz Jesus: «Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto»(Jo. 12,24)." (…)

“Retirado do Livro- “o mestre está cá e chama-te!-Vocação na Bíblia-Além Mar” do Pe. Manuel João P. Correia, mccj "

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A vida eterna é a recompensa



(...) «Evangelho segundo S. Mateus 20,1-16a.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Com efeito, o Reino do Céu é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha.
Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para a sua vinha.
Saiu depois pelas nove horas, viu outros na praça, que estavam sem trabalho,
e disse-lhes: 'Ide também para a minha vinha e tereis o salário que for justo.’
E eles foram. Saiu de novo por volta do meio-dia e das três da tarde, e fez o mesmo.
Saindo pelas cinco da tarde, encontrou ainda outros que ali estavam e disse-lhes: 'Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’
Responderam-lhe: 'É que ninguém nos contratou.’ Ele disse-lhes: 'Ide também para a minha vinha.’
Ao entardecer, o dono da vinha disse ao capataz: 'Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros.’
Vieram os das cinco da tarde e receberam um denário cada um.
Vieram, por seu turno, os primeiros e julgaram que iam receber mais, mas receberam, também eles, um denário cada um.
Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo:
'Estes últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o cansaço do dia e o seu calor.’
O proprietário respondeu a um deles: 'Em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustámos?
Leva, então, o que te é devido e segue o teu caminho, pois eu quero dar a este último tanto como a ti.
Ou não me será permitido dispor dos meus bens como eu entender? Será que tens inveja por eu ser bom?’
Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»


«Comentário do dia
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermão 87, 5-6


A vida eterna é a recompensa
Os justos que viveram no início do mundo, como Abel e Noé, foram chamados, por assim dizer, ao romper da manhã, e gozarão da felicidade da ressurreição ao mesmo tempo que nós; outros justos depois deles, Abraão, Isaac, Jacob e todos os que então eram vivos, foram chamados por volta das nove horas, e gozarão igualmente da felicidade da ressurreição na mesma altura; o mesmo acontecerá aos que vieram depois, Moisés, Aarão e todos os que foram chamados ao meio-dia; por fim, os sábios, os profetas, chamados pelas três da tarde, gozarão também ao mesmo tempo da mesma felicidade.

No fim do mundo, os cristãos, que foram como que chamados pelas cinco da tarde, gozarão como eles da bem-aventurança da ressurreição, que chegará para todos ao mesmo tempo. Considerai, portanto, o muito que terão esperado por ela os primeiros justos, e como a terão obtido depois de passado tanto tempo, ao passo que nós quase nada teremos esperado; e, embora ela deva chegar para todos igualmente, uma vez que assim é podemos considerar-nos os primeiros.

Assim, perante a recompensa, todos seremos iguais: os primeiros, como se fossem os últimos, e estes como se fossem os primeiros; […] porque afinal o prémio é a vida eterna»

-Retirado do Site "Evangelho Quotidiano" do dia 20-08-2014.