quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A Vinda de Jesus

 
No  Advento do presente ano litúrgico , Ano A,  a Liturgia da Palavra, como que nos encaminha  para a segunda vinda de Jesus, acorda-nos para essa extraordinária vinda. “Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do Homem.(…)”. Assim aconteceu no primeiro Evangelho do Avento. No Segundo Domingo do Advento, João diz-nos: “Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus (…).No terceiro Domingo, João Baptista volta a interpelar “És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?”. No quarto Domingo do Advento, confirma-se, “A virgem conceberá e dará à Luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’.(…)”.

O Nascimento de Jesus, o Nascimento do Reino de Deus, já é, está acontecendo se nós temos Fé. A intensidade, o “sabor” do Reino, surge na medida em que nos deixamos “apanhar”, conquistar por Deus. Celebrar o Natal sem se sentir visitado por esta Graça Divina não faz sentido algum. Viver o Natal é encarnar na nossa vida este Deus Menino que desinstala, que é pobre, que nasce sem as seguranças do mundo. Por outro lado, viver o Natal é encarnar Cristo, morto e Ressuscitado para nós e por nós. É aceitar estar com Ele nas alegrias e tristezas da vida, na esperança e na caridade. Este Reino realiza-se em ti, em mim, neles (…).É Jesus que vai vindo ao nosso encontro, e nós, iluminados pela sua Luz, pela sua Graça, dizemos-lhe: “Vem Senhor Jesus, confio em Ti, Tu estás sempre comigo”.
Esta é a “segunda vinda de Jesus”. É a vinda  que me atinge, que atinge a ti, a elas e a eles. Cabe a nós em liberdade e consciência, na vida concreta, recebê-Lo ou rejeitá-Lo, sendo que Ele é Fiel e nos ama com Misericórdia infinita. Fomos Salvos Nele, queremos essa Salvação? Quando amamos dizemos-Lhe sim, quando não, não!
Na prática e em jeito de brincadeira séria, a questão é, como dizia um amigo  neste Natal na sua homilia: “Não sejas vinagre, sê mel para o teu próximo ”. Quero ser mel  para os outros , mesmo quando a vida me é amarga? Quando sim, estou a abraçar Jesus Criança e Jesus na Cruz.
Deixa-te tocar por Jesus…Não tenhas  medo!
Feliz Ano Novo 2017!
Com amizade,
Blog Catequese Missionária

domingo, 25 de dezembro de 2016

MENSAGEM URBI ET ORBI-Natal 2016

 
"Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!

Hoje, a Igreja revive a maravilha sentida pela Virgem Maria, São José e os pastores de Belém ao contemplarem o Menino que nasceu e jaz numa manjedoura: Jesus, o Salvador.

Neste dia cheio de luz, ressoa o anúncio profético:
«Um menino nasceu para nós,

um filho nos foi dado;
tem a soberania sobre os seus ombros

e o seu nome é:

Conselheiro-Admirável, Deus herói,

Pai-Eterno, Príncipe da Paz» (Is 9, 5).

O poder deste Menino, Filho de Deus e de Maria, não é o poder deste mundo, baseado na força e na riqueza; é o poder do amor. É o poder que criou o céu e a terra, que dá vida a toda a criatura: aos minerais, às plantas, aos animais; é a força que atrai o homem e a mulher e faz deles uma só carne, uma só existência; é o poder que regenera a vida, que perdoa as culpas, reconcilia os inimigos, transforma o mal em bem. É o poder de Deus. Este poder do amor levou Jesus Cristo a despojar-Se da sua glória e fazer-Se homem; e levá-Lo-á a dar a vida na cruz e ressurgir dentre os mortos. É o poder do serviço, que estabelece no mundo o reino de Deus, reino de justiça e paz.

Por isso, o nascimento de Jesus é acompanhado pelo canto dos anjos que anunciam:
«Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens do seu agrado» (Lc 2, 14).
Hoje este anúncio percorre a terra inteira e quer chegar a todos os povos, especialmente aos povos que vivem atribulados pela guerra e duros conflitos e sentem mais intensamente o desejo da paz.
Paz aos homens e mulheres na martirizada Síria, onde já demasiado sangue foi versado. Sobretudo na cidade de Alepo, cenário nas últimas semanas de uma das batalhas mais atrozes, é tão urgente que, respeitando o direito humanitário, se assegurem assistência e conforto à população civil exausta, que se encontra ainda numa situação desesperada e de grande tribulação e miséria. É tempo que as armas se calem definitivamente, e a comunidade internacional se empenhe ativamente para se alcançar uma solução negociada e restabelecer a convivência civil no país.
Paz às mulheres e homens da amada Terra Santa, eleita e predileta de Deus. Israelitas e palestinenses tenham a coragem e a determinação de escrever uma página nova da história, onde o ódio e a vingança cedam o lugar à vontade de construir, juntos, um futuro de mútua compreensão e harmonia. Possam reencontrar unidade e concórdia o Iraque, a Líbia e o Iémen, onde as populações padecem a guerra e brutais ações terroristas.

Paz aos homens e mulheres em várias regiões da África, particularmente na Nigéria, onde o terrorismo fundamentalista usa mesmo as crianças para perpetrar horror e morte. Paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo, para que sejam sanadas as divisões e todas as pessoas de boa vontade se esforcem por embocar um caminho de desenvolvimento e partilha, preferindo a cultura do diálogo à lógica do conflito.
Paz às mulheres e homens que sofrem ainda as consequências do conflito no leste da Ucrânia, onde urge uma vontade comum de levar alívio à população e implementar os compromissos assumidos.
Concórdia, invocamos para o querido povo colombiano, que anela realizar um novo e corajoso caminho de diálogo e reconciliação. Tal coragem anime também a amada Venezuela a empreender os passos necessários para pôr fim às tensões atuais e edificar, juntos, um futuro de esperança para toda a população.
Paz para todos aqueles que, em diferentes áreas, suportam sofrimentos devido a perigos constantes e injustiças persistentes. Possa o Myanmar consolidar os esforços por favorecer a convivência pacífica e, com a ajuda da comunidade internacional, prestar a necessária proteção e assistência humanitária a quantos, delas, têm grave e urgente necessidade. Possa a Península Coreana ver as tensões que a atravessam superadas num renovado espírito de colaboração.

Paz para quem foi ferido ou perdeu uma pessoa querida por causa de brutais atos de terrorismo, que semearam pavor e morte no coração de muitos países e cidades. Paz – não em palavras, mas real e concreta – aos nossos irmãos e irmãs abandonados e excluídos, àqueles que padecem a fome e a quantos são vítimas de violência. Paz aos deslocados, aos migrantes e aos refugiados, a todos aqueles hoje são objeto do tráfico de pessoas. Paz aos povos que sofrem por causa das ambições económicos de poucos e da avidez insaciável do deus-dinheiro que leva à escravidão. Paz a quem suporta dificuldades sociais e económicas e a quem padece as consequências dos terremotos ou doutras catástrofes naturais.
E paz às crianças, neste dia especial em que Deus Se faz criança, sobretudo às privadas das alegrias da infância por causa da fome, das guerras e do egoísmo dos adultos.
Paz na terra a todas as pessoas de boa vontade, que trabalham diariamente, com discrição e paciência, em família e na sociedade para construir um mundo mais humano e mais justo, sustentadas pela convicção de que só há possibilidade dum futuro mais próspero para todos com a paz
Queridos irmãos e irmãs!
«Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado»: é o «Príncipe da Paz». Acolhamo-Lo"
Retirado do Site da EDUCRIS em 25.12.2016

"Um Menino é a resposta de Deus às nossas perguntas"

 
“Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12)
"Natal: estamos em um tempo que nos fala do essencial: um Deus que se faz carne, o divino que se faz humano; o eterno se estremece diante do que é terno; o infinito abraça amorosamente a fragilidade...  Viver este mistério é viver em Deus, compreender até onde chega a loucura de amor de um Deus que se humaniza para que nos humanizemos. “A humanidade de Cristo é a humanidade vivida à maneira de Deus, ou melhor, vivida por Deus” (José Arregi). 
“Deus se humanizou”: tal expressão revela que a Misericórdia de Deus significa também ternura. Apareceu um Menino: apareceu a ternura e a doçura do Deus que salva. Na fragilidade de uma criança se esconde e se revela a grandeza divina. Uma antiga tradição religiosa afirma que a maior seriedade de Deus aconteceu quando Ele virou menino. Louca aventura amorosa de Deus! No rosto de uma criança se faz visível a Misericórdia que desce sempre mais abaixo, que nasce no ventre da terra e se faz terra fértil. 
Segundo Jacob Boehme, místico medieval, Deus é uma Criança que brinca... É nessa atmosfera “infantil” que Deus se aproximou de nós. Não veio como um imperador poderoso nem como um sumo-sacerdote ou um grande filósofo. Deus pode ser encontrado não na estrada suntuosa do domínio e do poder, mas na estrada da doação, da partilha, da solidariedade... A única explicação da “descida” de Deus é seu “amor compassivo”. Ele mergulhou na nossa fragilidade fazendo-se uma criança pobre, que nasce na periferia, no meio de animais, deitada numa manjedoura... para que ninguém se sentisse distante d’Ele, para que todos pudessem experimentar o sentimento de ternura que  uma criança desperta e sobre quem nos dobramos, maravilhados. Criança não infunde medo; todos se aproximam dela. Pequenino com os pequeninos, Deus nos faz proclamar silenciosamente:
                “Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande...” (Adélia Prado).
É a fragilidade de uma criança que ativa em nós a atitude da expectativa, da novidade, do assombro... Cada nascimento é um sinal, um imenso milagre, uma bela promessa, um profundo chamado. Viver é milagre. Só ser já é milagre. E o maior milagre é a ternura que cuida, nutre, consola. Isso é “Deus”. 
Dizia o pintor Pablo Picasso que tornar-se criança leva tempo, e poderíamos acrescentar que somente o encontro com o Deus Menino nos devolve a pureza e a inocência primordiais. Quando nos fazemos presentes junto à Criança eterna, então brota em nós o impulso para a renovação de vida, o despertar da inocência escondida, o encontro com novas possibilidades de ação que correm em direção ao futuro.
O Natal é essa ternura que ilumina a história humana, o cosmos do qual somos parte. É a confissão de que a bondade gera e sustenta a vida. É crer que tudo está eternamente movido por um pulsar profundo, criador, maior e mais poderoso que o universo, mais terno e pequeno que o coração de um recém-nascido. É a promessa de que o bem prevalecerá
Ao recuperar o olhar de assombro e de espanto no interior da Gruta de Belém, nossa mente se abre à imaginação e ao sonho, começamos a considerar as infinitas possibilidades para ser e conviver, brota a alegria do novo, do que está nascendo a cada instante, de explorar recursos inéditos e desconhecidos.
Natal é o tempo para acolher com ternura o que é germinal, o pequeno, o que nasce nos movimentos sociais e humanitários alternativos e nos grupos eclesiais que se empenham por um mundo novo e por uma Igreja mais sintonizada com o sonho de Deus. É o momento de sair para os excluídos, para aqueles que não podem chegar até nós. 
Ao entrar na gruta para contemplar o Menino-Deus, conectamos, ao mesmo tempo, com o mais profundo do coração humano, carregado de compaixão e generosidade. A bondade humana é uma faísca que pode se atrofiar, mas jamais se apagar. São necessários alguns momentos densos para que esta chama seja ativada. A vivência do Natal é um deles. 
Da “Gruta de Belém” à “gruta interior”: esta é a aventura que nos leva a crescer, amar e compartilhar com os outros o dom da vida; aprender a ver nas pessoas a grande reserva de bondade, altruísmo e generosidade que carregam dentro de si; nunca conformar-nos com a injustiça e a violência, semeando cordialidade e gentileza a todos (as); e, sobretudo, ser mestres da esperança. “...porque é de infância, meu filho, que o mundo precisa” (Thiago de Mello). 
O Menino Deus, em Belém, nos oferece uma maneira nova de olhar a realidade e a fragilidade de tantas pessoas. A contemplação de Jesus em seu nascimento nos ensina a contemplar a fragilidade e a exclusão humana como uma forma de presença de Deus. Deus está entre nós como fragilidade, nos excluídos, nos pobres, nas carências de todo tipo, em cada uma de nossas limitações. Por isso mesmo, sair, descer ao encontro das carências humanas, é uma forma de peregrinação para o coração do Deus mais vivo e surpreendente. Com os mesmos passos com que nos aproximamos da fragilidade dos que sofrem, também nos aproximamos de Deus. 
A partir dessa debilidade podemos sentir que passa por nós a força de Deus, seu santo braço, que transforma, com nossa ajuda, toda a realidade.  Se Deus correu o risco de encarnar-se, de nascer pobremente e crescer como salvação a partir da exclusão deste mundo, já não há excluídos para Ele, ninguém fica fora d’Ele. E o lugar principal para a festa é ali onde Ele aparece: nos aforas, onde não há lugar, onde tudo parece esgotar-se e é condenado a crescer em meio às ameaças e às intempéries das situações humanas. 
O Nascimento de Jesus é um atrevimento, uma verdadeira ousadia, uma surpresa inimaginável...; na verdade, o Natal é a manifestação do impossível que se faz possível no coração de Deus.
“Ele é o eterno Menino, o Deus que faltava; o divino que sorri e que brinca; o menino tão humano que é divino” (Fernando Pessoa).
Agora temos um Deus menino e não um Deus juiz severo de nossos atos e da história humana. Quê alegria interior sentimos quando pensamos que seremos julgados por um Deus Menino! Ao invés de condenar-nos, ele quer conviver e entreter-se conosco eternamente.

Texto bíblico:  Lc 2,1-14 
Na oração: Que saibamos escutar a nossa criança interior que clama por ser amada, acolhida, curada de tanta mesquinhez, intolerância, e indiferença.
O Natal é como um poema; nele Deus se revela como uma Criança, pois nos mostra que a vida é sempre dom, novidade que destrava a humanidade para expandi-la por inteira. Que o Deus Menino que vai nascer nos mostre o caminho da verdadeira beleza da vida, e a graça de nunca perdermos a alegria de ser e viver.
Deus seja louvado!
Um abençoado Natal a todos!
Pe. Adroaldo Palaoro sj"

"Retirado do site - CATEQUESE Hoje- http://www.catequesehoje.org.br "- Um site com brasileiro com muita qualidade!

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Jesus estremeceu de alegria (...)

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho houver por bem revelar-lho.»” LC10,21-23

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Jerusalém, Jerusalém (...)


 
Põe-te de pé, eis que chega a Sua Luz, sobre ti a glória do Senhor. (bis)
Levanta os olhos e avista ao longe;
Que o teu coração rejubile:
Eis os teus filhos que voltam para ti
 
E as tuas filhas cheias de alegria.
 
Refrão: Jerusalém, Jerusalém,
Deixa o teu luto e a tristeza
Jerusalém, Jerusalém,
Canta e dança p'ra teu Deus.
 
Todas as nações caminharão à Sua Luz, e os reis à Sua claridade. (bis)
Grandes riquezas virão a ti,
Todos os rebanhos de Quedar e de Efá;
Vindos de Sabá trazem ouro e incenso,
Cantando as glórias do Senhor.
 
Refrão: Jerusalém, Jerusalém,
Deixa o teu luto e a tristeza
Jerusalém, Jerusalém,
 
Canta e dança p'ra teu Deus

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Cruz: mistério do "amor em excesso" de Deus


“Acima d’Ele havia um letreiro: ‘Este é o Rei dos judeus’” (Lc 23,38)

« Pode nos causar espanto o fato da liturgia escolher, para a festa de Cristo Rei, a cena da morte de Jesus na Cruz. Para Lucas, o Reino de Jesus é essencialmente o Reino da reconciliação do ser humano com Deus. Em outras palavras, a reconciliação tem como centro a Cruz, ato supremo de amor e expressão visível da Misericórdia de Deus. Podemos, então, afirmar que a “A CRUZ é o lugar por excelência da revelação visível da Misericórdia de Deus”. 

No mistério da Paixão do Filho se manifestou radicalmente a Misericórdia do Pai. Na Paixão encontramos a Misericórdia de um Deus que desceu e chegou até o extremo da fragilidade para manifestar a força reconstrutora de seu Amor. Se Deus “sofre”, é por seu excesso de Amor, desde o princípio. 

A Cruz de Jesus expressa de maneira penetrante o Amor Misericordioso do Pai. Ela é revelação do Amor levado até às últimas consequências. Ela nos fala daquilo que Deus sente por nós. “Deus é capaz de sofrer porque é capaz de amar. Sua essência é a MISERICÓRDIA” (Moltmann). A Misericórdia torna o próprio Deus vulnerável e passível de um sofrimento livre, ativo, fecundo. Se Deus fosse impassível (incapaz de sofrer) seria também incapaz de amar. 

De fato, o mistério do “amor em excesso” de Deus, revelado no silêncio junto ao sofrimento inocente, chama-se misericórdia compassiva. Só o amor é capaz desse sofrimento compassivo. Porque é Amor puro, Deus usa de paciência, de presença silenciosa, de misericórdia ativa e, assim, salva de forma compassiva toda criatura em seu seio regenerador. Só Ele é capaz de assumir para si o sofrimento e a fragilidade humana, abrindo um novo horizonte de vida. 

No N.T., o mistério da Misericórdia do Pai atravessa toda a experiência de Jesus, de sua missão, mas também de sua própria paixão e de sua Páscoa. No sofrimento e morte do Filho há a dor de dilaceração, fragilidade e silêncio do Deus Pai/Mãe, como em dores de parto por uma criação que ainda precisa da compaixão e da misericórdia maternal do Criador. Se o Criador sofre em dores de parto por sua criação, nosso sofrimento está em suas mãos, em seu seio. É a maternidade divina regeneradora de sofrimentos. 

Sem a Cruz seria muito difícil convencer o ser humano do amor misericordioso de Deus, e mais ainda de seu apaixonado interesse por nos salvar. Mas, a partir dela, será sempre possível dizer ao ser humano que a Cruz de Jesus tem um sentido, e que a última palavra é “salvação”.

No Jesus crucificado se encontram e se reconhecem todos os sofredores inocentes e crucificados da história; n’Ele se condensam todos os gritos da humanidade sofrida e excluída. A “kénosis” de Jesus nos ensina, portanto, a encontrar Deus nos lugares onde a vida se acha bloqueada. 

Deus “desceu” às zonas mais escuras da humanidade – sofrimentos, fracassos, amarguras, pecados... – para sentir como Seu nosso sofrimento e ali falar ao nosso coração. No silêncio, Deus não apenas se solidariza, mas sofre “em sua pele”, identificado com os sofredores, aqueles que sobram... 
 
A primeira coisa que descobrimos ao contemplar o Crucificado do Gólgota, torturado injustamente até à morte pelo poder político-religioso, é a força destruidora do mal, a crueldade do ódio e o fanatismo da mentira. Precisamente aí, nessa vítima inocente, nós seguidores de Jesus, vemos o Deus identificado com todas as vítimas de todos os tempos. Está na Cruz do Calvário e está em todas as cruzes onde sofrem e morrem os mais inocentes.

Jesus foi condenado como herege e subversivo, por elevar a voz contra os abusos do templo e do palácio, por colocar-se do lado dos perdedores, por ser amigo dos últimos, de todos os caídos. “Jesus morreu de vida”: de bondade e de esperança lúcida, de solidariedade alegre, de compaixão ousada, de liberdade arriscada, de proximidade curadora... “Morreu de vida”: isso foi a Cruz, e isso é a Páscoa. E é por isso que tem sentido recordar Jesus, olhando as chagas de seu corpo e as pegadas de sua vida. 

O Crucificado nos revela que não existe, nem existirá nunca um Deus frio, insensível e indiferente, mas um Deus que padece connosco, sofre nossos sofrimentos e morre nossa morte. A partir da Cruz, Deus não responde o mal com o mal; Ele não é o Deus justiceiro, ressentido e vingativo, pois prefere ser vítima de suas criaturas antes que verdugo. Despojado de todo poder dominador, de toda beleza estética, de todo êxito político e de toda auréola religiosa, Deus se revela a nós, no mais puro e insondável de seu mistério, como amor misericordioso.

Nós cristãos contemplamos o Crucificado para não esquecer nunca o “amor louco” de Deus para com a humanidade e para manter sempre viva a memória de todos os crucificados da história. Mais uma vez, no alto da Cruz, a Misericórdia visível em Jesus revela-se expansiva, envolvente e salvífica.

Lucas, no evangelho de hoje, destaca diferentes reações das diferentes pessoas que estavam junto à Cruz. Elas representam toda a humanidade frente à Misericórdia solidária de Jesus. Por um lado, estão aquelas pessoas que não viram no rosto de Jesus o olhar misericordioso do Pai; parece não terem entendido a proposta de vida de Jesus. Por isso zombam, desprezam, pedem sinais... 

Mas, por outro lado, do meio das zombarias e escárnios, alguém, tocado pelo silêncio e inocência de Jesus, deixa escapar uma surpreendente súplica: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Não se trata de um discípulo nem um seguidor de Jesus, mas um dos ladrões crucificados junto a Ele. Ele só pede que Jesus não se esqueça dele. E Jesus responde prontamente: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Revela-se impactante que, dos lábios de homem derrotado e moribundo, brote uma palavra de vida, acompanhada de uma certeza que a torna eterna, em um presente sempre atual: “hoje”. 

Esta cena nos indica até onde pode chegar a Misericórdia: do meio da morte ela se revela, mais uma vez, geradora de vida, e vida eterna. Agora, na Cruz, estão os dois unidos no suplício e na impotência, mas Jesus, com sua presença misericordiosa, o acolhe como companheiro inseparável. Morrerão crucificados, mas entrarão juntos no mistério de Deus. 

Estamos encerrando o “Jubileu extraordinário da Misericórdia”; e a vivência da Misericórdia é  que impulsiona a Igreja para fora de si mesma, para as margens, onde acontece o sofrimento humano. Uma Igreja configurada pelo “Princípio Misericórdia” tem força e coragem para denunciar os geradores de sofrimento e morte, para desmascarar a mentira daqueles que oprimem, para animar e despertar a esperança daqueles que são as vítimas. 

Quando isso ocorre, a Igreja é ameaçada, atacada e perseguida; mas isso mostra que ela se deixou conduzir pelo “Princípio Misericórdia”. A ausência de tais ameaças, ataques e perseguições significam, por sua vez, que a Igreja não está sendo fiel a esta misericórdia reconstrutora que se fez visível na Paixão e Cruz de Jesus Cristo. Se ela leva a sério a misericórdia, se a deixa transparecer no seu modo de se fazer presente no mundo, então ela se torna conflitiva. 

Diante do supremo indicador do amor misericordioso de Jesus e do amor do Pai, abre-se para a Igreja uma inesgotável inspiração e uma referência única para ser, também ela, presença misericordiosa. 

Texto bíblico:  Lc 23,35-43 

Na oração: recordar momentos significativos vividos neste Jubileu de Misericórdia que ora se encerra.
Mas a Misericórdia não se restringe a um jubileu, não é um evento; ela é habito de vida, pois é a marca distintiva de todo seguidor de Jesus: “Sede misericordiosos como o Pai”.

- Como deixar transparecer a Misericórdia do Deus Pai/Mãe no cotidiano de sua vida? 

Pe. Adroaldo Palaoro sj
Itaici-SP »

"Retirado do site - CATEQUESE Hoje- http://www.catequesehoje.org.br "- Um site com brasileiro com muita qualidade!

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Se alguém for pequenino...



«Estamos num século de invenções.

Agora já não se tem a maçada de subir os degraus de uma escada; em casa dos ricos o ascensor substitui-a vantajosamente. Eu queria também encontrar um ascensor que me elevasse até Jesus, porque sou demasiado pequena para subir a rude escada da perfeição. Então, procurei nos Livros Sagrados a indicação do ascensor — objecto do meu desejo —, e li as estas palavras saídas da boca da Sabedoria eterna:  Se alguém for pequenino, venha a mim. 

Então, aproximei-me, adivinhando que tinha encontrado o que procurava, e querendo saber, ó meu Deus!, o que faríeis ao pequenino que respondesse ao vosso apelo. Continuei as minhas buscas, e eis o que encontrei: — Como uma mãe acaricia o seu filho, assim eu vos consolarei; levar-vos-ei ao colo e embalar-vos-ei nos meus joelhos! Ah!, nunca palavras tão ternas e tão melodiosas me vieram alegrar a alma.

O ascensor que me há-de elevar até ao Céu, são os vossos braços, ó Jesus! Para isso não tenho necessidade de crescer; pelo contrário, é preciso que eu permaneça pequena, e que me torne cada vez mais pequena. Ó meu Deus! excedestes a minha esperança, e eu quero cantar as vossas misericórdias.

(História de uma Alma, Ms C 3rº)»
"Retirado do Site Oficial da visita das Relíquias da Santa Teresinha do Menino Jesus a Portuga : http://www.carmelitas.pt/teresinha/rosas.html "

Litanie des Saints de la Communauté du Chemin Neuf


Santidade para Todos! - Todos os Santos (Ano C) - P. Bernardo Trocado

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O grão de mostarda

Evangelho segundo S. Lucas 13,18-21.
Naquele tempo, disse Jesus: «A que é semelhante o reino de Deus, a que hei de compará-lo?
É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta. Cresceu, tornou-se árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos seus ramos».
Jesus disse ainda: «A que hei de comparar o reino de Deus?
É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado».



(…) Comentário do dia: Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja, comentário sobre o Evangelho de Lucas VII, 176-180; SC 52


O grão de mostarda

Vejamos porque é o reino de Deus comparado a um grão de mostarda. Lembro-me doutra passagem que evoca o grão de mostarda, e onde ele é comparado com a fé; diz o Senhor: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: "Muda-te daqui para acolá", e ele há-de mudar-se» (Mt 17,19). [...] Se, portanto, o Reino dos Céus é como um grão de mostarda e a fé também é como um grão de mostarda, a fé é seguramente o Reino dos Céus e o Reino dos Céus é a fé. Ter fé é ter o Reino dos Céus. [...] Foi por isso que Pedro, que tinha fé, recebeu as chaves do Reino dos Céus: para poder abri-lo aos outros (Mt 16,19).

Apreciemos agora o alcance da comparação. Este grão é certamente uma coisa comum e simples; mas, se o trituramos, faz irradiar a sua força. Do mesmo modo, à primeira vista, a fé é simples; mas, tocada pela adversidade, faz irradiar a sua força. [...] Os nossos mártires Félix, Nabor e Victor eram grãos de mostarda: tinham o perfume da fé, mas eram ignorados. Chegada a perseguição, depuseram as armas, estenderam o pescoço e, abatidos pelo gládio, espalharam a beleza do seu martírio «até aos confins da terra» (Sl 18,5). [...]

Também o próprio Senhor é um grão de mostarda: até ter sofrido ataques, o povo não O conhecia; escolheu ser triturado [...]; escolheu ser esmagado, embora Pedro Lhe dissesse: «é a multidão que te aperta e empurra» (Lc 8,45); Ele escolheu ser semeado, como o grão «que um homem tomou e lançou na sua horta». Pois foi num jardim que Cristo foi preso e enterrado; Ele cresceu nesse jardim e foi lá que ressuscitou. [...] Portanto, vós também, semeai Cristo no vosso jardim. [...] Semeai o Senhor Jesus: Ele é grão quando é preso, árvore quando ressuscita, árvore que dá sombra ao mundo; Ele é grão quando é enterrado na terra, árvore quando Se eleva ao céu.



“Retirado  do site “Evangelho Quotidiano”  de 25-10-2016”

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Credo rap.


Papa apresenta 'bilhete de identidade' do cristão


«Na manhã desta quinta-feira o Papa Francisco apresentou três características irrenunciáveis que fazem parte do 'bilhete de identidade de cada cristão: "Bendito porque escolhido, porque perdoado e porque a caminho".

Na sua homilia Francisco afirmou que estes sinais de identificação do cristão que Deus escolheu "com a mesma ternura de uma mãe e de um pai" que "sonham a própria criança":
"Na oração da coleta pedimos ao Senhor que a sua graça «nos preceda e nos acompanhe», para que não nos cansemos de ir pelo caminho cristão». Portanto precisamos da graça para não nos cansarmos, porque nós, sozinhos, não o podemos fazer", sustentou.

Para o Papa esta verdade leva-nos a perceber qual é "este caminho, esta identidade cristã", afirmou citando o apóstolo Paulo na carta aos Efésios proclamada na liturgia de hoje: «Fomos abençoados. O cristão é um abençoado: abençoado pelo Pai, por Deus».
O apóstolo propõe três traços característicos desta bênção, apontou:

"O primeiro é: o cristão é uma pessoa escolhida; nós somos escolhidos; Deus escolheu-nos um por um, não como uma multidão oceânica, como uma massa de gente. Pelos contrário, Deus «deu-nos um nome, conhece-nos pelo nome um por um». Eis que cada um pode dizer: "Eu sou abençoado, porque sou conhecido pelo Pai, fui escolhido pelo Pai, fui esperado pelo Pai".

Recorrendo à imagem de um "casal quando espera um bebé" e cujos pais se interrogam de várias formas sobre como será a criança, Francisco disse ousar "dizer que também nós, cada um de nós, foi sonhado pelo Pai como um pai e uma mãe sonham o filho que esperam". O Papa argentino disse que esta certeza "dá-te uma grande segurança. O pai quis-te, especificamente a ti, a cada um de nós" fazendo com que esta "consciência seja o fundamento, a base da nossa relação com Deus: nós falamos a um Pai que nos ama, que nos escolheu, que nos deu um nome".

Cristão: Sonhados, queridos e perdoados por Deus 
"O cristão foi escolhido, foi sonhado por Deus" e isso é a primeira característica da bênção de Deus sobre nós, sustentou.

Na carta aos Efésios, Paulo Escreve: «Deus concedeu-nos a sua gloriosa graça no Filho amado.

Nele temos, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, o perdão das culpas conforme a riqueza da sua graça». Um trecho que nos revela a segunda caraterística: «o cristão é uma pessoa “perdoada”». Com efeito, um homem ou uma mulher que não se sentem perdoados não são plenamente cristãos, assemelham-se «àquele homem que estava diante do altar e dizia “agradeço-te Senhor, porque não preciso de perdão, eu não cometo pecados como todos os outros!”». Mas «um só – recordou o Pontífice – não foi perdoado, porque era tanta a soberba que não deu lugar ao perdão: o diabo». Ao contrário, todos «fomos perdoados com o preço do sangue de Cristo».
É importante, sugeriu Francisco, fazer também um pouco de exercício de memória para recordar bem «o que me foi perdoado», tendo em conta «as coisas más que fiz, não as que fez o teu amigo, o teu vizinho, a tua vizinha: as tuas!». Tudo isso com a certeza de que o Senhor «perdoou estas coisas» que fizemos na vida. Eis, disse o Papa, «eu sou abençoado, sou cristão»: e «isto é, primeira caraterística, sou escolhido, sonhado por Deus, com um nome que Deus me deu, amado por Deus». E, «segunda caraterística», fui «perdoado por Deus».

Na carta aos Efésios, Paulo escreve: «O Pai fez-nos conhecer o mistério da sua bondade, segundo a benevolência que nele se propusera para o governo da plenitude dos tempos: reconduzir a Cristo, único chefe, todas as coisas». Por conseguinte, afirmou Francisco, «o cristão é um homem e uma mulher a caminho rumo à plenitude, rumo ao encontro com o Cristo que nos redimiu».

A ponto que «não se pode compreender um cristão parado». Com efeito, «o cristão deve ir sempre em frente, deve caminhar». De contrário «o cristão parado é aquele homem que tinha recebido o talento e devido ao medo da vida, ao medo de o perder, ao medo do dono, por medo ou comodidade, enterrou-o, e deixou-o ali, ficando tranquilo e levando a vida sem ir» em frente. Eis por que «o cristão é um homem a caminho, uma mulher a caminho, que faz sempre o bem, que procura fazer o bem, ir em frente».

Esta é «a identidade cristã: abençoados, porque escolhidos, porque perdoados e porque a caminho», concluiu o Pontífice, sublinhando que «é bom viver assim: não somos anónimos, não somos soberbos, a ponto de não precisar do perdão, não somos parados». O desejo do Papa é que «o Senhor nos conserve esta graça, que o Senhor nos acompanhe com esta graça da bênção que nos deu, ou seja, a bênção da nossa identidade».

Educris com L’Osservatore Romano»
Retirado do site da EDUCRIS em 13-10-2016 -  http://www.educris.com "

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Homilia do Papa Francisco no Jubileu dos Catequistas em Roma


 
JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA
JUBILEU DOS CATEQUISTAS
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Na segunda Leitura, o apóstolo Paulo dirige a Timóteo – e a nós também – algumas recomendações que tinha a peito. Entre elas, pede que «guarde o mandamento, sem mancha nem culpa» (1 Tm 6, 14). Fala apenas de um mandamento, parecendo querer fazer com que o nosso olhar se mantenha fixo no que é essencial na fé. De facto, São Paulo não recomenda uma multidão de pontos e aspetos, mas sublinha o centro da fé. Este centro à volta do qual tudo gira, este coração pulsante que a tudo dá vida é o anúncio pascal, o primeiro anúncio: O Senhor Jesus ressuscitou, o Senhor Jesus ama-te, por ti deu a sua vida; ressuscitado e vivo, está ao teu lado e interessa-Se por ti todos os dias. Isto, nunca o devemos esquecer. Neste Jubileu dos Catequistas, pede-se-nos para não nos cansarmos de colocar em primeiro lugar o anúncio principal da fé: o Senhor ressuscitou. Não há conteúdos mais importantes, nada é mais firme e atual. Cada conteúdo da fé torna-se perfeito, se se mantiver ligado a este centro, se for permeado pelo anúncio pascal; mas se, pelo contrário, se isolar, perde sentido e força. Somos chamados continuamente a viver e anunciar a boa-nova do amor do Senhor: «Jesus ama-te verdadeiramente, tal como és. Dá-Lhe lugar: apesar das deceções e feridas da vida, deixa-Lhe a possibilidade de te amar. Não te dececionará».
O mandamento de que fala São Paulo faz-nos pensar também no mandamento novo de Jesus: «Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). É amando que se anuncia Deus-Amor: não à força de convencer, nunca impondo a verdade nem mesmo obstinando-se em torno de alguma obrigação religiosa ou moral. Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa viva: a sua mensagem comunica-se através do testemunho simples e verdadeiro, da escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem de Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus limitando-nos a fazer bonitos sermões. O Deus da esperança anuncia-Se vivendo no dia-a-dia o Evangelho da caridade, sem medo de o testemunhar inclusive com novas formas de anúncio.
O Evangelho deste domingo ajuda-nos a compreender o que significa amar, especialmente a evitar alguns riscos. Na parábola, há um homem rico que não se dá conta de Lázaro, um pobre que «jazia ao seu portão» (Lc 16, 20). Na realidade, este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é mau; e todavia tem uma enfermidade pior que a de Lázaro, apesar deste estar «coberto de chagas» (ibid.): este rico sofre duma forte cegueira, porque não consegue olhar para além do seu mundo, feito de banquetes e roupa fina. Não vê mais além da porta de sua casa, onde jazia Lázaro, porque não se importa com o que acontece fora. Não vê com os olhos, porque não sente com o coração. No seu coração, entrou a mundanidade que anestesia a alma. A mundanidade é como um «buraco negro» que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no próprio eu. Então só se veem as aparências e não nos damos conta dos outros, porque nos tornamos indiferentes a tudo. Quem sofre desta grave cegueira, assume muitas vezes comportamento «estrábicos»: olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível, admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são os prediletos do Senhor.
Mas o Senhor olha para quem é transcurado e rejeitado pelo mundo. Lázaro é o único personagem, em todas as parábolas de Jesus, a ser designado pelo nome. O seu nome significa «Deus ajuda». Deus não o esquece… Acolhê-lo-á no banquete do seu Reino, juntamente com Abraão, numa rica comunhão de afetos. Ao contrário, na parábola, o homem rico não tem sequer um nome; a sua vida cai esquecida, porque quem vive para si mesmo não faz a história. E um cristão deve fazer a história; deve sair de si mesmo, para fazer a história. Mas quem vive para si mesmo, não faz a história. A insensibilidade de hoje escava abismos intransponíveis para sempre. E hoje caímos nesta doença da indiferença, do egoísmo, da mundanidade.
E há outro detalhe na parábola: um contraste. A vida opulenta deste homem sem nome é descrita com ostentação: nele, carências e direitos, tudo é espalhafatoso. Mesmo na morte, insiste em ser ajudado e pretende os seus interesses. Ao contrário, a pobreza de Lázaro é expressa com grande dignidade: da sua boca não saem lamentações, protestos nem palavras de desprezo. É uma válida lição: como servidores da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar aparência, nem procurar glória; não podemos sequer ser tristes ou lastimosos. Não sejamos profetas da desgraça, que se comprazem em lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna a quem vive familiarizado com a Palavra de Deus.
Quem anuncia a esperança de Jesus é portador de alegria e vê longe, tem pela frente horizontes, e não um muro que o impede de ver; vê longe porque sabe olhar para além do mal e dos problemas. Ao mesmo tempo, vê bem ao perto, porque está atento ao próximo e às suas necessidades. Hoje o Senhor pede-nos isto: face aos inúmeros Lázaros que vemos, somos chamados a inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas nem dizer: «Ajudar-te-ei amanhã, hoje não tenho tempo, ajudar-te-ei amanhã». E isto é um pecado. O tempo gasto a socorrer os outros é tempo dado a Jesus, é amor que permanece: é o nosso tesouro no céu, que nos asseguramos aqui na terra.
Concluindo, amados catequistas e queridos irmãos e irmãs, que o Senhor nos dê a graça de sermos renovados cada dia pela alegria do primeiro anúncio: Jesus morreu e ressuscitou, Jesus ama-nos pessoalmente! Que Ele nos dê a força de viver e anunciar o mandamento do amor, vencendo a cegueira da aparência e as tristezas mundanas. Que nos torne sensíveis aos pobres, que não são um apêndice do Evangelho, mas página central, sempre aberta diante de todos.
Praça São Pedro
Domingo, 25 de Setembro de 2016
"Retirado do site -CATEQUESE Hoje-  http://www.catequesehoje.org.br " - Um site com brasileiro com muita qualidade!

"a negrito"-Blog Catequese Missionária

Je veux chanter mes hymnes - Chant de l'Emmanuel


A Ti, poder e glória ! [Il est vivant]



A Ti poder e glória,
A Ti honra e louvor,
A Ti a majestade,
Oh Deus para sempre! 

 Oh Cordeiro Imolado,
Deste a vida por nós,
Derramaste o Teu sangue
P’ra nos salvar!

 Por isso és exaltado,
És chamado Senhor,
Tu és o Rei dos reis,
És vencedor!

Na terra e nos céus
Todos Te adorarão
Toda a língua dirá:
És o Senhor!

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Jornadas da Juventude, GMG 2000-Roma


Já passaram 16 anos, parece que foi ontem!
Maravilhosas Jornadas da Juventude !
Quando nos juntamos "Num Só", juntinho à Cruz de Jesus!
O que nasce não morre, e se morrer, viverá para sempre!
Todos juntos em Jesus, somos Jesus, seu Corpo Místico ...
É uma experiência que ninguém poderá apagar ou riscar...

Jovem, se sentes dores,
procura o Senhor, e Ele te aliviará,
Vai, parte para a Fonte da Vida!

Se está triste e não encontras sentido para a vida,
Eis que Ele está à porta e te chama,
Vem, tenho esperado por ti,
Também por ti, dei a Minha Vida...

Se achas que Deus não existe,
ralha com Ele, e diz-Lhe:
Mostra-Te, toca-me!

Se  tens Fé, reza por ti e por todos os teus irmãos do mundo:
"Pai Nosso,
Que estais no Céu,
Santificado seja o Vosso Nome,
Venha a nós o Vosso Reino,
Seja feita a Vossa vontade,
Assim na terra como no céu,
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
Perdoai as nossas ofensas,
Assim como nós perdoámos a quem nos tem ofendido,
E não nos deixeis cair em tenção, mas livrai-nos de todo mal".
Amém

Emanuel, É Deus Connosco!

"Testemunho de alguém, que encontrou Deus em si próprio e no seu próximo, nas  Jornadas  de Juventude do Ano 2000.Alguém que descobriu, que há muito que o Pai o havia  perdoado, e que esse perdão jorra pela Cruz de Jesus, do Coração de seu Amado Filho. Testemunho de alguém que sabe que Jesus Ressuscitou, que Ele Está Vivo..., que é preciso testemunha-Lo com a vida concreta, nas alegrias e tristezas,  permanecendo na Paz. Não há abismo que apague a Graça, porque Jesus venceu a morte por nós!" 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ


Cruz fiel e redentora,
Árvore nobre, gloriosa!
 Nenhuma outra nos deu
Tal ramagem, flor e fruto,
 Doces cravos, doce lenho,
 doce fruto sustentais!
 
Porto feliz preparaste
 Para o mundo naufragado
E pagaste por inteiro
O preço da redenção,
Pois o sangue do Cordeiro
Resgatou as nossas culpas.
 
Deus quis vencer o inimigo
 Com as suas próprias armas.
 A Sabedoria aceitou
O tremendo desafio
 E onde nascera a morte
 Brotou a fonte da vida.
 
Elevemos jubilosos
 À Santíssima Trindade
O louvor que Lhe devemos
 Pela nossa salvação,
 Ao Eterno Pai e ao Filho
 E ao Espírito de amor.

" Hino retirado do livro da Liturgia das Horas-dia 14 Setembro-EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ- Vésperas II"

terça-feira, 13 de setembro de 2016

«Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!»

Naquele tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão.
Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade.
Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores».
Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te».
O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe.
Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo».
E a fama deste acontecimento espalhou-se por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas.


(…) Comentário do dia: Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 98


«Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!»
No evangelho encontramos três mortos ressuscitados pelo Senhor de forma visível, e milhares ressuscitados de forma invisível. […] A filha do chefe da sinagoga (Mc 5,22ss), o filho da viúva de Naim e Lázaro (Jo 11) […] são símbolos dos três tipos de pecadores ainda hoje ressuscitados pelo Senhor. A menina ainda se encontrava em casa de seu pai […], o filho da viúva já não estava em casa de sua mãe, mas também ainda não estava no túmulo, […] e Lázaro já estava sepultado. […]

Assim, há pessoas com o pecado dentro do coração mas que ainda não o cometeram. […] Tendo consentido no pecado, ele habita-lhes a alma como morto, mas não saiu ainda para fora. Ora, acontece amiúde […] aos homens esta experiência interior: depois de terem escutado a palavra de Deus, parece-lhes que o Senhor lhes diz: «Levanta-te!» E, condenando o consentimento que dantes haviam dado ao mal, retomam fôlego para viver na salvação e na justiça. […] Outros, após aquele consentimento, partem para os atos, transportando assim o morto que traziam escondido no fundo do coração para o expor diante de todos. Deveremos desesperar deles? Não disse o Salvador ao jovem de Naim: «Eu te ordeno: Levanta-te!»? Não o devolveu a sua mãe? O mesmo acontece a quem atua desse modo: tocado e comovido pela Palavra da Verdade, ressuscita à voz de Cristo e volta à vida. É certo que deu mais um passo na via do pecado, mas não pereceu para sempre.

Já aqueles que se embrenharam nos maus hábitos, a ponto de perderem a noção do próprio mal que cometem, procuram defender os seus atos maus e enfurecem-se quando alguém lhos censura. […] A esses, esmagados pelo peso do hábito de pecar, albergam as mortalhas e os túmulos […] e cada pedra colocada sobre o seu sepulcro mais não é do que a força tirânica do hábito que lhes oprime a alma e os impede de se levantarem para respirar. […]

Por isso, irmãos caríssimos, façamos de tal modo que quem vive viva, e quem está morto volte à vida […] e faça penitência. […] Os que vivem conservem a vida, e os que estão mortos apressem-se a ressuscitar.


“Retirado  do site “Evangelho Quotidiano”  de 13-09-2016”