segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Regardez l'humilité de Dieu | Emmanuel Music

Belém a cidade do pão...

De Belém veio o Pão do Céu! Olha a humildade de Deus, Deus escondido num pedaço de pão! O Senhor, incarnou e se fez Homem para que possamos ser Divinos! Que neste Natal, e Novo Ano de 2024,  saibamos imitar Jesus, e  ser pão para os outros! Que os nossos sins e nãos, estejam em sintonia com a vontade de Deus, e deste modo, nos vamos preparando para o grande Jubileu que se aproxima.
Estes são os votos, e o desafio, do blog Catequese Missionaria para ti!

O Menino pede-nos para sermos voz de quem não tem voz...

 MENSAGEM URBI ET ORBI

DO PAPA FRANCISCO

NATAL 2023

O olhar e o coração dos cristãos de todo o mundo estão voltados para Belém; lá, onde nestes dias reinam a dor e o silêncio, ressoou o anúncio esperado há séculos: «Nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor» (Lc 2, 11). Trata-se das palavras do anjo no céu de Belém, que são dirigidas também a nós. Enche-nos de confiança e esperança saber que o Senhor nasceu para nós; que a Palavra eterna do Pai, o Deus infinito, fixou a sua morada entre nós. Fez-Se carne, veio «habitar connosco» (Jo 1, 14): esta é a notícia que muda o curso da história!

O anúncio de Belém é o anúncio duma «grande alegria» (Lc 2, 10). Qual alegria? Não a felicidade passageira do mundo, nem a alegria da diversão, mas uma alegria «grande» porque nos faz «grandes». De facto hoje nós, seres humanos, com as nossas limitações, abraçamos a certeza duma esperança inaudita: a esperança de termos nascido para o Céu. Sim, Jesus nosso irmão veio fazer do Seu Pai o nosso Pai: Menino frágil, revela-nos a ternura de Deus e muito mais… Ele, o Unigénito do Pai, dá aos homens o «poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1, 12). Eis a alegria que consola o coração, renova a esperança e dá a paz: é a alegria do Espírito Santo, a alegria de ser filhos amados.

Irmãos e irmãs, hoje em Belém, por entre as trevas da terra, acendeu-se esta chama inextinguível; hoje, sobre as trevas do mundo, prevalece a luz de Deus, que «a todo o homem ilumina» (Jo 1, 9). Irmãos e irmãs, alegremo-nos por esta graça! Alegra-te, tu que te vês falho de confiança e de certezas, porque não estás sozinho, não estás sozinha: Cristo nasceu para ti! Alegra-te, tu que perdeste a esperança, porque Deus te estende a mão: não aponta o dedo contra ti, mas oferece-te a sua mãozinha de Menino para te libertar dos medos, aliviar-te das canseiras e mostrar-te que, aos olhos d’Ele, vales mais do que qualquer outra coisa. Alegra-te, tu que tens a paz no coração, porque se cumpriu para ti a antiga profecia de Isaías: «Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado (…) e o seu nome é: (…) Príncipe da paz» (9, 5). A Sagrada Escritura revela que a sua paz, o seu reino «não terá fim» (9, 6).

Na Bíblia, ao Príncipe da paz opõe-se o «príncipe deste mundo» (Jo 12, 31), que, semeando a morte, atua contra o Senhor, «amante da vida» (Sab 11, 26). Vemo-lo atuar em Belém, quando, depois do nascimento do Salvador, se verifica a matança dos inocentes. Quantas matanças de inocentes no mundo! No ventre materno, nas rotas dos desesperados à procura de esperança, nas vidas de muitas crianças cuja infância é devastada pela guerra. São os pequeninos Jesus de hoje, estas crianças cuja infância é devastada pela guerra, pelas guerras.

Deste modo dizer «sim» ao Príncipe da paz significa dizer «não» à guerra. E isto com coragem: dizer «não» à guerra, a toda a guerra, à própria lógica da guerra, que é viagem sem destino, derrota sem vencedores, loucura indesculpável. Isto é a guerra: viagem sem destino, derrota sem vencedores, loucura indesculpável. Mas, para dizer «não» à guerra, é preciso dizer «não» às armas. Com efeito, se o homem, cujo coração é instável e está ferido, encontrar instrumentos de morte nas mãos, mais cedo ou mais tarde usá-los-á. E como se pode falar de paz, se cresce a produção, a venda e o comércio das armas? Hoje, como no tempo de Herodes, as conspirações do mal, que se opõem à luz divina, movem-se à sombra da hipocrisia e do escondimento. Quantos massacres armados acontecem num silêncio ensurdecedor, ignorados de tantos! O povo, que não quer armas mas pão, que tem dificuldade em acudir às despesas quotidianas, ignora quanto dinheiro público é destinado a armamentos. E, contudo, devia sabê-lo! Fale-se disto, escreva-se sobre isto, para que se conheçam os interesses e os lucros que movem os cordelinhos das guerras.

Isaías, que profetizara o Príncipe da paz, deixou escrito que virá um dia em que «uma nação não levantará a espada contra outra»; um dia em que os homens «não se adestrarão mais para a guerra», mas «transformarão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices» (2, 4). Com a ajuda de Deus, esforcemo-nos para que se aproxime esse dia!

Aproxime-se em Israel e na Palestina, onde a guerra abala a vida daquelas populações. A todas abraço, em particular às comunidades cristãs de Gaza – à paróquia de Gaza – e de toda a Terra Santa. Trago no coração a dor pelas vítimas do execrável atentado de 7 de outubro passado, e renovo um premente apelo pela libertação de quantos se encontram ainda reféns. Suplico que cessem as operações militares, com o seu espaventoso rasto de vítimas civis inocentes, que se ponha remédio à desesperada situação humanitária, possibilitando a entrada das ajudas. Não se continue a alimentar violência e ódio, mas avance-se no sentido duma solução para a questão palestiniana, através dum diálogo sincero e perseverante entre as Partes, sustentado por uma forte vontade política e pelo apoio da comunidade internacional. Irmãos e irmãs, rezemos pela paz na Palestina e em Israel.

Depois o meu pensamento volta-se para a população da atribulada Síria, bem como para a do Iémen, mergulhada no sofrimento. Penso no amado povo libanês e rezo para que possa em breve encontrar estabilidade política e social.

Com os olhos fixos no Menino Jesus, imploro a paz para a Ucrânia. Renovemos a nossa proximidade espiritual e humana ao seu martirizado povo, para que, graças ao apoio de cada um de nós, possa sentir o amor concreto de Deus.

Aproxime-se o dia da paz definitiva entre a Arménia e o Azerbaijão. Seja ela favorecida através da prossecução das iniciativas humanitárias, o regresso dos deslocados às suas casas na legalidade e em segurança, e o respeito mútuo pelas tradições religiosas e locais de culto de cada comunidade.

Não esqueçamos as tensões e os conflitos que transtornam a região do Sahel, o Corno de África, o Sudão, bem como os Camarões, a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul.

Aproxime-se o dia em que serão reforçados os laços fraternos na península coreana, abrindo percursos de diálogo e reconciliação que possam criar as condições para uma paz duradoura.

O Filho de Deus, feito humilde Menino, inspire as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade do continente americano para se encontrarem soluções idóneas a fim de superar os dissídios sociais e políticos, lutar contra as formas de pobreza que ofendem a dignidade das pessoas, aplanar as desigualdades e enfrentar o doloroso fenómeno das migrações.

Reclinado no presépio, o Menino pede-nos para sermos voz de quem não tem voz: a voz dos inocentes, que morreram por falta de água e pão; voz de quantos não conseguem encontrar emprego ou que o perderam; voz de quem é constrangido a abandonar a sua terra natal à procura dum futuro melhor, arriscando a vida em viagens extenuantes e à mercê de traficantes sem escrúpulos.

Irmãos e irmãs, aproxima-se o tempo de graça e esperança do Jubileu, que vai começar dentro de um ano. Que este período de preparação seja ocasião para converter o coração; para dizer «não» à guerra e «sim» à paz; responder com alegria ao convite do Senhor que nos chama, como profetizou Isaías, «para levar a boa-nova aos pobres, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros» (61, 1).

Estas palavras cumpriram-se em Jesus (cf. Lc 4, 18), hoje nascido em Belém. Acolhamo-Lo, abramos o coração a Ele, o Salvador! Abramos o coração a Ele, o Salvador, que é o Príncipe da paz!

Texto: Retirados do Site do Vaticano - http://www.vatican.va/ em 25/12/2023; 

Imagem 1: Retirada da "Google imagens" em 25/12/2023- Afresco na Capela do Presépio de Greccio;

Imagem 2: Fotografia ao Presépio na Igreja Franciscana dos Capuchinhos de Gondomar- Natal 2023


Nous avons vu sa lumière | Emmanuel Music

domingo, 29 de outubro de 2023

Cœur de Jésus, ô cœur divin | Emmanuel Music

Sara-nos Jesus...


Evangelho segundo São Lucas 6,12-19.

“Naqueles dias, Jesus subiu ao monte para rezar e passou a noite em oração a Deus.
Quando amanheceu, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles, a quem deu o nome de apóstolos:
Simão, a quem deu também o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelota; Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor.
Depois, desceu com eles do monte e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de pessoas de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidónia.
Tinham vindo para ouvir Jesus e serem curados das suas doenças. Os que eram atormentados por espíritos impuros também ficavam curados.
Toda a multidão procurava tocar Jesus, porque saía dele uma força que a todos sarava.”

Imagem: Retirada da "Google imagens" em 29/10/2023

Alguns extratos de texto da EXORTAÇÃO APOSTÓLICA "C’EST LA CONFIANCE"

 


"EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
C’EST LA CONFIANCE
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
SOBRE A CONFIANÇA
NO AMOR MISERICORDIOSO DE DEUS
POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO
DO NASCIMENTO DE
SANTA TERESA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE

1. « C’EST LA CONFIANCE et rien que la confiance qui doit nous conduire à l’Amour – só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor». [1]

2. Estas palavras tão incisivas de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face dizem tudo, sintetizam a genialidade da sua espiritualidade e seriam suficientes para justificar o facto de ter sido declarada Doutora da Igreja. Só a confiança e «nada mais»… Não há outra via que devamos percorrer para ser conduzidos ao Amor que tudo dá. Com a confiança, a fonte da graça transborda na nossa vida, o Evangelho faz-se carne em nós e transforma-nos em canais de misericórdia para os irmãos.

3. É a confiança que nos sustenta cada dia e nos manterá de pé diante do olhar do Senhor, quando nos chamar para junto de Si: «Na noite desta vida, aparecerei diante de Vós com as mãos vazias, pois não Vos peço, Senhor, que conteis as minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas aos vossos olhos. Quero, portanto, revestir-me com a vossa própria Justiça, e receber do vosso Amor a posse eterna de Vós mesmo». [2] (…)

5. A sua vida terrena foi breve (apenas vinte e quatro anos) e simples como qualquer outra, passada primeiro em família e depois no Carmelo de Lisieux. A extraordinária carga de luz e amor, que irradiava da sua pessoa, manifestou-se logo depois da sua morte, com a publicação dos seus escritos e as graças inumeráveis obtidas pelos fiéis que a invocavam. (…)

1. Levar Jesus aos outros

7. No nome que escolheu como religiosa, põe-se em evidência Jesus: o «Menino» que manifesta o mistério da Encarnação, e a «Santa Face», isto é, o rosto de Cristo que Se dá até ao fim na Cruz. O seu nome é «Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face». (…)

Alma missionária

9. Como sucede em todo o encontro autêntico com Cristo, esta experiência de fé chamava-a para a missão. Teresa pôde definir a sua missão com as seguintes palavras. «Eu desejarei no Céu o mesmo que na terra: amar Jesus e fazê-Lo amar». [15] Escreveu que entrara no Carmelo «para salvar as almas». [16] Por outras palavras, não concebia a sua consagração a Deus sem a busca do bem dos irmãos. Partilhava o amor misericordioso do Pai pelo filho pecador e o do Bom Pastor pelas ovelhas perdidas, distantes, feridas. Por isso, é padroeira das missões, mestra de evangelização (…)

A graça que nos liberta da autorreferencialidade

12. Sucede algo semelhante quando se refere à ação do Espírito Santo, que adquire imediatamente um sentido missionário: «Eis a minha oração. Peço a Jesus que me atraia para as chamas do seu amor, que me una tão estreitamente a Ele, que viva e atue em mim. Estou certa de que quanto mais o fogo do amor abrasar o meu coração, tanto mais eu direi: “Atraí-me”; e mais as almas que se aproximarem de mim (pobre pedacito de ferro inútil, se me afastasse do braseiro divino), correrão, ligeiras, ao odor dos perfumes do seu Bem-amado, pois uma alma abrasada de amor não pode ficar inativa». [20](…)

2. O caminhito da confiança e do amor

(…) 15. Teresinha conta a descoberta do caminhito na História de uma alma[22] «Posso, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade. Fazer-me crescer a mim mesma é impossível; tenho de suportar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeições. Mas quero procurar a maneira de ir para o Céu por um caminhito muito direito, muito curto; um caminhito completamente novo». [23]

16. Para o descrever, recorre à imagem do elevador: «O ascensor que me há de elevar até ao Céu são os vossos braços, ó Jesus! Para isso não tenho necessidade de crescer; pelo contrário, é preciso que eu permaneça pequena, e que me torne cada vez mais pequena». [24] Vê-se pequena, incapaz de fiar-se em si própria, embora firmemente certa da força amorosa dos braços do Senhor.(…)

Para além de qualquer mérito

 (…) 19. Teresinha, porém, prefere sublinhar o primado da ação divina e convidar à plena confiança, tendo diante dos olhos o amor de Cristo que Se nos deu até ao fim. No fundo, é este o seu ensinamento: como não podemos ter qualquer certeza olhando para nós mesmos, [28] é impossível estar seguros de possuir méritos próprios. Por conseguinte, não é possível confiar nestes esforços ou realizações. O Catecismo quis citar estas palavras de Santa Teresinha dirigidas ao Senhor: «Aparecerei diante de Vós com as mãos vazias», [29] para exprimir que «os santos tiveram sempre uma consciência viva de que os seus méritos eram pura graça». [30] Esta convicção suscita uma jubilosa e terna gratidão.(…)

21. Todavia a sua confiança sem limites encoraja aqueles que se sentem frágeis, limitados, pecadores a deixarem-se conduzir e transformar para chegar ao alto: «Ah! se todas as almas débeis e imperfeitas sentissem o que sente a mais pequena de todas as almas – a alma da vossa Teresinha – nem uma única perderia a esperança de chegar à Montanha do Amor, uma vez que Jesus não pede grandes ações, mas apenas o abandono e a gratidão». [32] (…)

O abandono quotidiano

(…) 24. A confiança plena, que se torna abandono ao Amor, liberta-nos de cálculos obsessivos, da preocupação constante com o futuro, dos medos que tiram a paz. Nos últimos dias da sua vida, Teresinha insistia nisto: «Creio que nós, que corremos pelo caminho do Amor, não devemos pensar no que nos pode acontecer de doloroso no futuro, porque é faltar à confiança». [35] A verdade é que, se estamos nas mãos dum Pai que nos ama sem limites, venha o que vier havemos de o ultrapassar e, duma forma ou doutra, cumprir-se-á na nossa vida o seu projeto de amor e de plenitude.

Um fogo no meio da noite

25. Teresinha experimentava a fé mais forte e segura no meio da escuridão da noite e até na escuridão do Calvário. O seu testemunho atingiu o ponto culminante no último período da vida, na grande «provação contra a fé», [36] que começou na Páscoa de 1896. Na sua narração, [37] coloca esta provação em relação direta com a dolorosa realidade do ateísmo do seu tempo. De facto, viveu no final do século XIX, isto é, na «idade de ouro» do ateísmo moderno como sistema filosófico e ideológico. (…)

26. Mas a obscuridade não pode extinguir a luz: a obscuridade foi vencida por Aquele que, como Luz, veio ao mundo (cf. Jo 12, 46). [40] A narração de Teresinha manifesta o caráter heroico da sua fé, a sua vitória no combate espiritual contra as mais fortes tentações. Sente-se irmã dos ateus e sentada, como Jesus, à mesa com os pecadores (cf. Mt 9, 10-13). Intercede por eles, ao mesmo tempo que renova continuamente o seu ato de fé, sempre em comunhão amorosa com o Senhor: «Corro para o meu Jesus, e digo-Lhe que estou pronta a derramar o sangue até à última gota para confessar que o Céu existe. Digo-Lhe que estou contente por não gozar esse belo Céu sobre a terra, para que Ele o abra por toda a eternidade aos pobres incrédulos». [41] (…)

Uma esperança firmíssima

28. Antes da sua entrada no Carmelo, Teresinha experimentara singular proximidade espiritual a uma das pessoas mais desventuradas: o criminoso e impenitente Henrique Pranzini, condenado à morte por triplo homicídio. [44] Oferecendo a Missa por ele e rezando com toda a confiança pela sua salvação, tem a certeza de o pôr em contacto com o Sangue de Jesus e diz a Deus estar certíssima de que, no último momento, Ele o perdoaria, acreditando nisso «mesmo que ele não se confessasse e não mostrasse nenhum sinal de arrependimento». E dá a razão de ser da sua certeza: «tanta confiança eu tinha na misericórdia infinita de Jesus!» [45] Grande comoção se apodera dela, depois, ao descobrir que Pranzini, tendo já subido ao cadafalso, «levado por uma súbita inspiração, volta-se, agarra o Crucifixo, que o sacerdote lhe apresentava, e beija por três vezes as suas sagradas chagas!» [46] Esta experiência intensa a ponto de esperar contra toda a esperança foi fundamental para ela: «Ah! a partir desta graça única, o meu desejo de salvar as almas cresceu de dia para dia». [47] (…)

3. Serei o amor

30. «Maior» do que a fé e a esperança, a caridade nunca acabará (cf. 1 Cor 13, 8-13). É o maior dom do Espírito Santo, sendo «mãe e raiz de todas as virtudes». [49]

A caridade como atitude pessoal de amor

(…) 33. Teresinha tem a viva certeza de que Jesus a amou e conheceu pessoalmente na sua Paixão: «Amou-me e a Si mesmo Se entregou por mim» ( Gl 2, 20). Contemplando Jesus em agonia, diz-Lhe ela: «Tu viste-me», [54] como diz ao Menino Jesus nos braços de sua Mãe: «Com a tua mãozinha, que acariciava Maria, sustinhas o mundo e davas-lhe vida. E pensavas em mim». [55] Assim, também no início da História de uma Alma, contempla o amor de Jesus por todos e por cada um como se fosse único no mundo. [56] (…)

O maior amor na maior simplicidade

 (..) 36. Teresa vive a caridade na pequenez, nas coisas mais simples da existência de cada dia, e fá-lo em companhia da Virgem Maria, aprendendo d’Ela que «amar é tudo dar, e dar-se a si mesmo»[60] Com efeito, enquanto os pregadores do seu tempo falavam com frequência da grandeza de Maria de forma triunfalista, como se estivesse afastada de nós, Teresinha mostra, a partir do Evangelho, que Maria é a maior do Reino dos Céus porque é a mais pequena (cf. Mt 18, 4), a mais próxima de Jesus na sua humilhação. Observa que, se as narrações apócrifas estão cheias de factos atraentes e maravilhosos, os Evangelhos mostram-nos uma vida humilde e pobre, passada na simplicidade da fé. O próprio Jesus quer que Maria seja o exemplo da alma que O procura com uma fé árida. [61] Maria foi a primeira a viver o «caminhito» na fé pura e na humildade; por isso, Teresa não hesita em escrever:

«Sei que em Nazaré, Mãe cheia de graça
Viveste pobremente, não querendo nada mais
Nem arroubamentos, nem milagres, nem êxtases
Embelezaram a tua vida, ó Rainha dos Eleitos!...
O número dos pequenos é bem grande na terra
Eles podem sem receio erguer os olhos para ti
É pela via comum, incomparável Mãe
Que te apraz caminhar guiando-os para o Céu». [62] (…)

No coração da Igreja

38. Teresinha herdou de Santa Teresa de Ávila um grande amor pela Igreja, chegando a atingir as profundezas deste mistério. Vemo-lo na sua descoberta do «coração da Igreja». Numa longa oração a Jesus, [64] escrita a 8 de setembro de 1896, no sexto aniversário da sua profissão religiosa, a Santa confia ao Senhor que se sentia animada por um desejo imenso, por uma paixão pelo Evangelho que nenhuma vocação, por si só, podia satisfazer. E assim, procurando o seu «lugar» na Igreja, lera uma vez e outra os capítulos 12 e 13 da I Carta de São Paulo aos Coríntios.

39. No capítulo 12, o Apóstolo utiliza a metáfora do corpo e dos seus membros para explicar que a Igreja engloba uma grande variedade de carismas dispostos numa ordem hierárquica. Mas esta descrição não é suficiente para Teresinha; continua a sua busca. Lê o «hino da caridade» no capítulo 13, encontra lá a grande resposta e escreve esta página memorável: «Considerando o corpo místico da Igreja, não me tinha reconhecido em nenhum dos membros descritos por São Paulo; ou melhor, queria reconhecer-me em todos... A caridade deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja tinha um corpo composto de diversos membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe faltava: compreendi que a Igreja tinha um coração, e que esse coração estava ardendo de amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja; que se o Amor se apagasse, os apóstolos já não anunciariam o Evangelho, os mártires recusar-se-iam a derramar o seu sangue... Compreendi que o Amor encerra todas as Vocações, que o Amor é tudo, que abarca todos os tempos e todos os lugares... numa palavra, que é Eterno! Então, num transporte de alegria delirante, exclamei: “Ó Jesus, meu Amor, encontrei finalmente a minha vocação; a minha vocação é o Amor!” Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e esse lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes. No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor. Assim serei tudo..., assim o meu sonho será realizado!» [65](…)

Chuva de rosas

42. Depois de muitos séculos em que inúmeros Santos expressaram, com grande fervor e beleza, o seu desejo de «ir para o Céu», Santa Teresinha reconhece com grande sinceridade: «Tinha então grandes provações interiores de todas as espécies (até me interrogar, por vezes, se haveria Céu)». [66] Noutra ocasião, disse: «Quando canto a felicidade do Céu, a posse eterna de Deus, não sinto nenhuma alegria, porque canto simplesmente o que quero acreditar». [67]Mas que sucedeu? Que ela estava a ouvir mais o apelo de Deus a colocar fogo no coração da Igreja do que sonhava com a sua própria felicidade.

43. A transformação operada nela permitiu-lhe passar de um fervoroso desejo do Céu para um constante e ardente desejo do bem de todos, culminando no sonho de continuar no Céu a sua missão de amar Jesus e de O fazer amar. Nesta linha, escreveu numa das últimas cartas: «Conto não ficar inativa no Céu, o meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas almas». [68] E então afirmava sem rodeios: «O meu Céu passar-se-á sobre a terra até ao fim do mundo. Sim, quero passar o meu Céu a fazer o bem sobre a terra». [69]

44. Assim, Teresinha exprimia a sua resposta mais convicta ao dom único que o Senhor lhe estava a oferecer, à luz surpreendente que Deus derramava nela. Desta forma chegava à última síntese pessoal do Evangelho, que partia da plena confiança para culminar no dom total aos outros. Não duvidava da fecundidade desta entrega: «Penso em todo o bem que quereria fazer depois da minha morte»; [70] «Deus não me daria este desejo de fazer o bem sobre a terra depois da minha morte, se não quisesse realizá-lo». [71] «Será como uma chuva de rosas». [72]

45. Fecha-se o círculo. « C’est la confiance». É a confiança que nos conduz ao Amor e assim nos liberta do temor; é a confiança que nos ajuda a desviar o olhar de nós mesmos; é a confiança que nos permite colocar nas mãos de Deus aquilo que só Ele pode fazer. Isto deixa-nos uma imensa torrente de amor e de energias disponíveis para procurar o bem dos irmãos. E assim, no meio do sofrimento dos seus últimos dias, Teresa podia dizer: « Conto somente com o amor». [73] Em última análise, conta só o amor. A confiança faz desabrochar as rosas e espalha-as como um transbordar da superabundância do amor divino. Peçamo-la como dom gratuito, como valiosa prenda da graça, para que se abram na nossa vida os caminhos do Evangelho.(…)

4. No coração do Evangelho

46. Na Evangelii gaudium, insisti sobre o convite a regressar ao frescor da fonte, para dar relevo ao que é essencial e indispensável. Considero oportuno retomar e propor novamente aquele convite.

A Doutora da síntese

47. Esta Exortação sobre Santa Teresinha permite-me recordar que, numa Igreja missionária, «o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário. A proposta acaba simplificada, sem com isso perder profundidade e verdade, e assim se torna mais convincente e radiosa». [74] O núcleo luminoso é « a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado». [75](…)

53. Século e meio depois do seu nascimento, Teresa está mais viva do que nunca no meio da Igreja em caminho, no coração do Povo de Deus. Está a peregrinar connosco, fazendo o bem sobre a terra, como tanto desejou. O sinal mais belo da sua vitalidade espiritual são as inúmeras «rosas» que vai espalhando, isto é, as graças que Deus nos concede pela sua intercessão cheia de amor, para nos sustentar no percurso da vida.

Amada Santa Teresinha,
A Igreja precisa de fazer resplandecer
A cor, o perfume, a alegria do Evangelho.
Enviai-nos as vossas rosas!
Ajudai-nos a ter sempre confiança,
Como fizestes vós,
No grande amor que Deus tem por nós,
Para podermos imitar cada dia
O vosso caminhito de santidade.
Amen.

Dado em Roma, São João de Latrão, no dia 15 de outubro – Memória de Santa Teresa de Ávila – do ano 2023, décimo primeiro do meu Pontificado.

FRANCISCUS"

Extratos de texto: Retirados do Site do Vaticano - http://www.vatican.va/ em 29/10/2023; 

Imagem: Retirada da "Google imagens" em 29/10/2023;

DOMINGO XXX DO TEMPO COMUM

O critério a seguir para seres feliz é o Amor!
Ama a Deus!
Ama a ti próprio!
Ama o teu próximo, faz-te próximo!

Comentário à liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum - Ano A

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Inscrição no 4.º Alpha Guarda


Hoje estamos aqui para te convidar para o Percurso Alpha,  um curso sobre o essencial da fé cristã.

És bem-vindo, sendo crente ou não! O percurso Alpha nasceu em Londres, na Igreja Anglicana e depressa foi adotado pela Igreja Católica. Existe em muitos países e, em Portugal, foi iniciado há 20 anos. 

É dirigido a quem tem dúvidas, a quem não tem qualquer prática da fé cristã, a quem tem curiosidade pela fé cristã. És cristão? Este curso também é para ti! O Alpha permite-te redescobrir o infinito Amor de Deus por ti.  

O Alpha é para todos! Os participantes criam laços de amizade e falam livremente sobre o conteúdo de cada sessão. 

O Percurso Alpha tem 11 sessões, e será às quintas feiras. 

Iniciaremos, no próximo dia 19 de Outubro, num formato maioritariamente online, (na plataforma Zoom), estando prevista uma sessão presencial, no dia 2 de Dezembro. As sessões online iniciam às 21h00 no conforto da tua casa. 

 O Alpha é para todos. Tens perguntas? Tenta Alpha! 

 

domingo, 1 de outubro de 2023

domingo, 20 de agosto de 2023

Source de tout amour | Emmanuel Music

resplandecer, ouvir, não temer...

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A PORTUGAL
POR OCASIÃO DA
XXXVII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

[2 - 6 DE AGOSTO DE 2023]

SANTA MISSA PARA A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

HOMILIA DO SANTO PADRE

Parque do Tejo em Lisboa
Domingo, 6 de agosto de 2023

[Multimídia]

_______________________________

«Senhor, é bom estarmos aqui!» (Mt 17, 4). Estas palavras que o apóstolo Pedro disse a Jesus no monte da Transfiguração, queremos fazê-las também nossas depois destes dias intensos. É bom tudo o que estamos a experimentar com Jesus, aquilo que vivemos juntos, e é bom como rezámos, com tanta alegria do coração. Mas perguntamo-nos: Que levamos connosco ao regressar à vida quotidiana?

Quero responder a esta pergunta com três verbos: resplandecerouvirnão temer, seguindo o Evangelho que ouvimos. Que levamos connosco? Respondo com três palavras: resplandecer, ouvir e não temer.

A primeira: resplandecer. Jesus transfigura-Se. Diz o Evangelho: «o seu rosto resplandeceu como o sol» (Mt 17, 2). Recentemente tinha anunciado a sua paixão e morte de cruz, esfrangalhando assim a imagem dum Messias poderoso, mundano, e decepcionando as expectativas dos discípulos. Ora, para os ajudar a acolher o projeto de amor de Deus a respeito de cada um de nós, Jesus toma consigo três deles – Pedro, Tiago e João –, condu-los ao alto dum monte e transfigura-Se. E este «banho de luz» prepara-os para a noite da paixão.

Amigos, jovens queridos, também nós hoje precisamos de um pouco de luz, um lampejo de luz que forneça esperança para enfrentar tantas obscuridades que nos assaltam na vida, tantas derrotas quotidianas, para as enfrentar com a luz da ressurreição de Jesus. Porque Ele é a luz sem ocaso, a luz que brilha mesmo durante a noite. Diz o sacerdote Esdras: «O nosso Deus quis fazer brilhar os nossos olhos» (Esd 9, 8). O nosso Deus ilumina. Ilumina o nosso olhar, ilumina o nosso coração, ilumina a nossa mente, ilumina o nosso desejo de fazer algo na vida. Sempre com a luz do Senhor.

Mas quero dizer-vos que não ficamos luminosos, colocando-nos sob os holofotes; antes pelo contrário, isso encandeia-nos, não nos torna luminosos. Não ficamos luminosos, quando exibimos uma imagem perfeita, em ordem, bem acabada, não; nem mesmo se nos sentimos fortes e bem-sucedidos: fortes e bem-sucedidos, mas não luminosos. Tornamo-nos luminosos, resplandecemos quando, tendo acolhido Jesus, aprendemos a amar como Ele. Amar como Jesus: isto torna-nos luminosos, isto leva-nos a fazer obras de amor. Não te deixes enganar, minha amiga, meu amigo! Tornar-te-ás luz no dia em que fizeres obras de amor. Ao contrário quando, em vez de fazer obras de amor aos outros, só pensas em ti mesmo como um egoísta, então a luz apaga-se.

O segundo verbo é ouvir. No monte, uma nuvem luminosa cobre os discípulos. E desta nuvem fala o Pai. E que diz? «Escutai-O»! «Este é o meu Filho predileto, escutai-O» (Mt 17, 5). E é tudo… Tudo aquilo que se deve fazer na vida, está nesta palavra: escutai-O. Escutar Jesus. Todo o segredo está aqui. Escuta o que te diz Jesus. «Mas eu não sei o que Ele me diz!» Pega no Evangelho e lê o que diz Jesus, o que Ele diz ao teu coração. Porque Ele tem palavras de vida eterna para nós, revela que Deus é Pai, Deus é amor. Ele aponta-nos o caminho do amor. Escuta Jesus! Porque nós, mesmo quando com boa vontade nos embrenhamos por caminhos que até parecem ser de amor, em última análise não passam de egoísmo mascarado de amor. Cuidado com os egoísmos mascarados de amor! Escuta-O, porque Jesus dir-te-á qual é o caminho do amor. Escuta-O.

Resplandecer é a primeira palavra: sede luminosos! A segunda: escutar, para não se enganar no caminho! E finalmente a terceira palavra: não ter medo. Não tenhais medo. Uma expressão que se repete muito na Bíblia. Concretamente no Evangelho, no momento da Transfiguração, as últimas palavras que Jesus disse aos discípulos foram estas: «Não tenhais medo» (Mt 17, 7).

A vós, jovens, que vivestes esta alegria (estava para dizer esta glória, e de certo modo este nosso encontro também é glória); a vós, que cultivais sonhos grandes mas frequentemente ofuscados pelo temor de que não se realizem; a vós, que às vezes pensais que não ides conseguir (por vezes assalta-nos um pouco de pessimismo); a vós, jovens, tentados a desanimar neste tempo, a julgar-vos talvez inadequados ou a esconder a angústia mascarando-a com um sorriso; a vós, jovens, que quereis mudar o mundo (é um bem que queirais mudar o mundo!) e que quereis lutar pela justiça e a paz; a vós, jovens, que investis na vida esforço e imaginação, ficando porém com a sensação de que não bastam; a vós, jovens, de quem a Igreja e o mundo têm necessidade como a terra tem de chuva; a vós, jovens, que sois o presente e o futuro… Sim, precisamente a vós, jovens, é que Jesus diz hoje: «Não tenhais medo», «não tenhais medo»! Num breve momento de silêncio, cada um repita para si mesmo, no próprio coração, estas palavras: «Não tenhais medo».

Queridos jovens, gostaria de poder fixar cada um de vós nos olhos e dizer: Não temas, não tenhas medo! Mais, tenho uma coisa belíssima para vos dizer: já não sou eu, mas é o próprio Jesus que vos fixa agora. Ele que vos conhece, conhece o coração de cada um de vós, conhece a vida de cada um de vós, conhece as alegrias, conhece as tristezas, os sucessos e os fracassos, conhece o vosso coração. E hoje aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude, Ele diz-vos: «Não temais, não temais! Coragem, não tenhais medo!»

Texto e imagem: Retirado do Site do Vaticano - http://www.vatican.va/ em 20/08/2023; 

algumas ressonâncias da JMJ 2023...

RECITAÇÃO DO TERÇO COM OS JOVENS DOENTES

DISCURSO DO SANTO PADRE

Capela das Aparições do Santuário de Nossa Senhora de Fátima 
Sábado, 5 de agosto de 2023

(…) Rezámos o terço, uma oração muito bela e vital; vital, porque nos põe em contacto com a vida de Jesus e de Maria. E meditámos os mistérios da alegria, que nos lembram que a Igreja não pode ser senão a casa da alegria. A Capelinha onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja: acolhedora, sem portas. A Igreja não tem portas, para que todos possam entrar. E aqui podemos insistir também no facto que todos podem entrar, porque esta é a casa da Mãe, e uma mãe tem sempre o coração aberto para todos os seus filhos, todos, todos, todos, sem excluir nenhum.(…)

(…)Temos muitos títulos de Maria, mas, se pensarmos bem, há mais este que também poderíamos dizer: a Virgem «que sai correndo», sempre que há um problema; sempre que A invocamos, Ela não demora a vir; é solícita. Nossa Senhora solícita: gostais assim? Digamo-lo todos juntos: «Nossa Senhora solícita». Apressa-Se, para estar perto de nós, apressa-Se porque é Mãe. Em português, dizemos «apressada» – observa-me D. Ornelas. «Nossa Senhora apressada»! E é assim que acompanha a vida de Jesus; e não Se esconde depois da Ressurreição, acompanha os discípulos à espera do Espírito Santo; e acompanha a Igreja que começa a crescer depois do Pentecostes. Nossa Senhora que Se mostra solícita e Nossa Senhora que acompanha. Acompanha sempre. Nunca é protagonista. O gesto com que Maria Mãe acolhe é duplo: primeiro acolhe e depois aponta para Jesus. Maria, na sua vida, não faz senão indicar Jesus: «Fazei o que Ele vos disser». Segui Jesus.(…)”

Extratos de Texto e imagem: Retirado do Site do Vaticano - http://www.vatican.va/ em 20/08/2023; 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

crescer juntos...


SANTA MISSA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica São Pedro
Domingo, 23 de julho de 2023

[Multimídia]

Para nos falar do reino de Deus, Jesus usa parábolas. Conta histórias simples que atingem o coração de quem escuta; e esta linguagem, cheia de imagens, assemelha-se àquela que tantas vezes os avós utilizam com os netos, talvez sentando-os nos seus joelhos: assim lhes comunicam uma sabedoria importante para a vida. Pensando nos avós e nos idosos, raízes de que os mais jovens têm necessidade para se tornar adultos, quero reler as três narrações contidas no Evangelho de hoje a partir dum aspeto que têm em comum: crescer juntos.

Na primeira parábola, são o trigo e o joio que crescem juntos, no mesmo campo (cf. Mt 13, 24-30). Trata-se duma imagem que nos ajuda a fazer uma leitura realista: na história da humanidade, como na vida de cada pessoa, coexistem luzes e sombras, amor e egoísmo. Aliás, o bem e o mal encontram-se de tal modo entrelaçados que parecem inseparáveis. Esta abordagem realista ajuda-nos a olhar a história sem ideologias, nem otimismos estéreis ou pessimismos nocivos. Animado pela esperança de Deus, o cristão não é um pessimista, mas também não é um ingénuo que vive no mundo das fábulas, finge não ver o mal e diz que «tudo corre bem». Não, o cristão é realista: sabe que no mundo há trigo e joio e, ao olhar para dentro de si, reconhece que o mal não vem só «de fora», que não é sempre culpa dos outros, que não é preciso «inventar» inimigos a combater para evitar que se faça luz dentro de si mesmo. Dá-se conta de que o mal vem de dentro, na luta interior que todos travamos.

Mas a parábola põe-nos uma pergunta: Quando virmos o trigo e o joio conviverem no mundo, que devemos fazer? Como devemos comportar-nos? Na narração, os servos queriam arrancar o joio imediatamente (cf. 13, 28). É uma atitude bem-intencionada, mas impulsiva, até mesmo agressiva. Iludimo-nos de poder arrancar o mal com as nossas próprias forças, para repor a pureza. Uma tentação que nos assalta muitas vezes: uma «sociedade pura», uma «Igreja pura». Mas, para alcançar esta pureza, corre-se o risco de ser impacientes, intransigentes e até violentos com quem caiu no erro. E deste modo, junto com o joio, arranca-se também o bom grão e impede-se as pessoas de fazer um caminho, crescer, mudar. Em vez disso ouçamos o que Jesus diz: «Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa» (cf. Mt 13, 30). Como é belo este olhar de Deus, esta sua pedagogia misericordiosa, que nos convida a ter paciência com os outros, a acolher – em família, na Igreja e na sociedade – fragilidades, atrasos e limites: não para nos habituarmos resignadamente a eles, nem para os justificar, mas para aprendermos a intervir com respeito, continuando a cuidar do bom grão com mansidão e paciência. E nunca esqueçamos que a purificação do coração e a vitória definitiva sobre o mal são, essencialmente, obra de Deus. E nós, vencendo a tentação de separar o trigo do joio, somos chamados a compreender quais possam ser os melhores modos e momentos para agir.

Penso nos idosos e nos avós, que já fizeram uma longa porção de estrada na vida e, quando olham para trás, veem tantas coisas bonitas que conseguiram realizar, mas também derrotas, erros e coisas que – como se costuma dizer – «se pudessem voltar atrás, não as fariam». Hoje, porém, o Senhor vem ter connosco com uma palavra benigna, que convida a acolher o mistério da vida com serenidade e paciência, deixando a Ele o juízo e não vivendo de lamúrias e remorsos. Como se quisesse dizer-nos: «Olhai para o bom grão que brotou no caminho da vossa vida, fazei-o crescer mais, confiando tudo a Mim, que perdoo sempre: no fim, o bem será mais forte que o mal». Também para isto é um tempo abençoado a velhice: é a estação para reconciliar-se, para olhar com ternura a luz que supera as sombras, esperando com confiança que o bom grão semeado por Deus há de prevalecer sobre o joio, com o qual o demónio quis contaminar o nosso coração.

Vejamos agora a segunda parábola. O reino dos céus, diz Jesus, é a obra de Deus, que age silenciosamente nas tramas da história, parecendo uma ação pequena e invisível como um minúsculo grão de mostarda. Mas, quando este grão cresce, «torna-se a maior planta do horto e transforma-se numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos» (Mt 13, 32). A nossa vida, irmãos e irmãs, também é assim: vimos ao mundo pequeninos, tornamo-nos adultos, depois idosos; no início somos uma pequena semente, depois alimentamo-nos de esperanças, realizamos projetos e sonhos, o mais belo dos quais é tornar-nos como aquela árvore, que não vive para si mesma, mas para dar sombra a quem a deseja e oferecer espaço a quem quer construir o ninho. Assim a crescer juntos, nesta parábola, são, no final de contas, a velha árvore e os pássaros.

Penso nos avós: como são belas estas árvores frondosas, sob as quais os filhos e os netos constroem os seus «ninhos», aprendem o clima de casa e experimentam a ternura dum abraço. Trata-se de crescer juntos: a árvore verdejante e os pequeninos que precisam do ninho, os avós com os filhos e os netos, os idosos com os mais jovens. Irmãos e irmãs, precisamos duma nova aliança entre jovens e idosos, para que a seiva de quem tem uma longa experiência de vida humedeça os rebentos de esperança de quem está a crescer. Neste fecundo intercâmbio, aprendemos a beleza da vida, construímos uma sociedade fraterna e, na Igreja, permitimos o encontro e o diálogo entre a tradição e as novidades do Espírito.

Finalmente a terceira parábola, na qual crescem juntos o fermento e a farinha (cf. Mt 13, 33). Esta mistura faz crescer toda a massa. Jesus usa precisamente o verbo «misturar», que sugere aquela arte que é a «mística de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço» e «sair de si mesmo para se unir aos outros» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 87). Isto vence os individualismos e os egoísmos e ajuda-nos a gerar um mundo mais humano e mais fraterno. Assim hoje a Palavra de Deus é um apelo a vigiar para que, nas nossas vidas e famílias, não marginalizemos os mais velhos. Estejamos atentos para que as nossas cidades superlotadas não se tornem «concentrados de solidão»; não aconteça que a política, chamada a atender às necessidades dos mais frágeis, se esqueça precisamente dos idosos, deixando que o mercado os relegue como «resíduos não rentáveis». Não suceda que, à força de correr a toda a velocidade atrás dos mitos da eficiência e da produção, nos tornemos incapazes de abrandar para acompanhar quem sente dificuldade em aguentar o passo. Por favor, misturemo-nos, cresçamos juntos.

Irmãos, irmãs, a Palavra de Deus convida-nos a não separar, a não nos fecharmos, a não pensarmos que se consegue fazer a vida sozinhos: ela convida a crescer juntos. Ouçamo-nos, conversemos, apoiemo-nos mutuamente. Não esqueçamos os avós e os idosos: graças às suas carícias, muitas vezes voltamos a levantar-nos, retomamos o caminho, sentimo-nos amados, fomos curados interiormente. Sacrificaram-se por nós e nós não podemos apagá-los da agenda das nossas prioridades. Irmãos e irmãs, cresçamos juntos, avancemos juntos. O Senhor abençoe o nosso caminho.

Texto: Retirado do Site do Vaticano - http://www.vatican.va/ em 26/07/2023; 

Imagem: Retirada da "Google imagens" em 26/07/2023;

Um pequeno grão de areia...


Catequeses. A paixão pela evangelização -Testemunhas: Santa Teresa do Menino Jesus, Padroeira das Missões

Estão aqui diante de nós as relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira universal das missões. É bom que isto aconteça no momento em que estamos a refletir sobre a paixão pela evangelização, sobre o zelo apostólico. Portanto, hoje deixemo-nos ajudar pelo testemunho de Santa Teresa. Ela nasceu há 150 anos e, por ocasião deste aniversário, tenciono dedicar-lhe uma Carta Apostólica.

É a padroeira das missões, mas nunca esteve em missão: como se explica isto? Era uma monja carmelita e a sua vida foi marcada pela pequenez e pela fragilidade: ela definia-se “um pequeno grão de areia”. De saúde frágil, morreu com apenas 24 anos. Mas se o seu corpo estava doente, o seu coração era vibrante, era missionário. No seu “diário” conta que ser missionária era o seu desejo e que queria sê-lo não apenas durante alguns anos, mas por toda a vida, aliás até ao fim do mundo. Teresa foi “irmã espiritual” de vários missionários: do mosteiro acompanhava-os com as suas cartas, as suas orações e oferecendo sacrifícios contínuos por eles. Sem aparecer, intercedia pelas missões, como um motor que, escondido, dá a um veículo a força para ir em frente. No entanto, muitas vezes era incompreendida pelas suas irmãs monjas: teve delas “mais espinhos do que rosas”, mas aceitava tudo com amor, com paciência, oferecendo, juntamente com a sua doença, também os julgamentos e as incompreensões. E fê-lo com alegria, fê-lo pelas necessidades da Igreja, para que, como dizia, se espalhassem “rosas sobre todos”, especialmente sobre os mais afastados.

Mas agora, questiono-me, podemos perguntar-nos de onde vem todo este zelo, esta força missionária e esta alegria de interceder? Dois episódios que aconteceram antes da entrada de Teresa no mosteiro ajudam-nos a compreender melhor. O primeiro diz respeito ao dia que mudou a sua vida, o Natal de 1886, quando Deus fez um milagre no seu coração. Teresa teria completado 14 anos. Sendo a filha mais nova, em casa era mimada por todos, mas não “mal crescida”. Quando regressa da missa da meia-noite, o pai, muito cansado, não tinha vontade de assistir à abertura das prendas da filha e disse: «Ainda bem que é o último ano!» pois com 15 anos já não se fazia mais. Teresa, de natureza muito sensível e de lágrimas fáceis, fica magoada, vai para o seu quarto e chora. Mas rapidamente reprime as lágrimas, desce e, cheia de alegria, anima o pai. O que aconteceu? Que naquela noite, em que Jesus se tinha feito débil por amor, ela se tinha tornado forte de espírito – um verdadeiro milagre: em poucos instantes, tinha saído da prisão do seu egoísmo e da sua autocomiseração; começou a sentir que “a caridade lhe entrava no coração, com a necessidade de se esquecer de si mesma” (cf. Manuscrito A, 133-134). A partir de então, dirigiu o seu zelo para os outros, para que encontrassem Deus, e em vez de procurar consolar-se a si mesma, pôs-se a «consolar Jesus, [para] torná-lo amado pelas almas», porque - anotou Teresa, «Jesus está doente de amor e [...] a doença do amor não pode ser curada senão pelo amor» (Carta a Marie Guérin, julho de 1890). Eis então o objetivo do seu dia a dia: «fazer amar Jesus» (Carta a Céline, 15 de outubro de 1889), interceder a fim de que outros o amassem. Escreveu: «Gostaria de salvar almas e de me esquecer de mim mesma por elas: gostaria de as salvar inclusive depois da minha morte» (Carta ao Padre Roullan, 19 de março de 1897). Várias vezes disse: «Passarei o meu céu a fazer o bem na terra». Este é o primeiro episódio que lhe mudou a vida aos 14 anos.

E este seu zelo era dirigido sobretudo aos pecadores, aos “distantes”. O segundo episódio revela isto. Teresa toma conhecimento de um criminoso condenado à morte por delitos horríveis, chamava-se Enrico Pranzini – ela escreveu o nome: considerado culpado do assassínio brutal de três pessoas, está destinado à guilhotina, mas não quer receber os confortos da fé. Teresa leva-o a peito e faz tudo o que pode: reza de todas as maneiras pela sua conversão, para que ele, a quem com compaixão fraterna chama «o pobre diabo do Pranzini», possa ter um pequeno sinal de arrependimento e dar lugar à misericórdia de Deus, em quem Teresa confia cegamente. A execução tem lugar. No dia seguinte, Teresa lê no jornal que Pranzini, pouco antes de apoiar a cabeça no cadafalso, «de repente, tomado por uma súbita inspiração, volta-se, pega no Crucifixo que o sacerdote lhe apresentava e beija três vezes as sagradas chagas» de Jesus. A santa comenta: «Então a sua alma foi receber a sentença misericordiosa d’Aquele que declarou que no Céu haverá mais alegria por um só pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não têm necessidade de penitência!» (Manuscrito A, 135).

Irmãos e irmãs, eis o poder de intercessão movido pela caridade, eis o motor da missão. Com efeito os missionários, dos quais Teresa é padroeira, não são apenas aqueles que vão longe, aprendem novas línguas, fazem boas obras e são bons anunciadores; não, missionário é também todo aquele que vive, onde está, como instrumento do amor de Deus; que faz tudo para que, através do seu testemunho, da sua oração, da sua intercessão, Jesus passe. Este é o zelo apostólico que, recordemos sempre, nunca se realiza por proselitismo – nunca! – ou por constrição – nunca –  mas por atração: a fé nasce por atração,  não nos tornamos  cristãos por sermos forçados por alguém, não, mas por sermos tocados pelo amor. A Igreja, perante tantos meios, métodos e estruturas, que por vezes desviam do essencial, precisa de corações como o de Teresa, corações que atraem pelo amor e nos aproximam de Deus. E peçamos à santa – temos as relíquias aqui – peçamos à santa a graça de vencer o nosso egoísmo e peçamos a paixão de interceder a fim de que esta atração seja maior nas pessoas e para que Jesus seja conhecido e amado.

Papa Francisco

Audiência Geral  2023.07.06

Texto: Retirado do Site do Vaticano - http://www.vatican.va/ em 26/07/2023; 

Imagem: Retirada da "Google imagens" em 26/07/2023;