terça-feira, 29 de dezembro de 2015


Em resposta ao apelo do Papa e, para que, vivendo este “Ano de Graça” – Ano Santo da Misericórdia – possamos ter um tempo especial de experiência do amor de Deus, que nos
deixa tranquilos, move os nossos corações e nos transforma, a Comunidade Emanuel organiza
um “Fórum da Misericórdia”.


Mais Informações através dehttp://comunidade-emanuel.pt/forum/ 

sábado, 26 de dezembro de 2015

Papa Francisco: "O amor de Deus cura o Coração"- Angelus Domini 2015.12.26


Na manhã deste sábado, e como havia informado o Vaticano, o Papa Francisco rezou, a partir da janela da residência apostólica, a oração mariana com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.

Na sua reflexão, antes da oração Mariana, o Papa lembrou a festa de Santo Estêvão, primeiro mártir da Igreja, que se festeja imediatamente depois da solenidade do Natal:
"Ontem, contemplámos o amor misericordioso de Deus, que se fez carne por nós; hoje, vemos a resposta coerente do discípulo de Jesus [santo Estêvão], que dá a vida. Ontem, nasceu o Salvador na terra; hoje, nasceu a sua testemunha fiel no céu. Ontem como hoje, aparecem as trevas pela rejeição à vida, mas brilha ainda mais forte a luz do amor, que vence o ódio e inaugura um mundo novo".
Francisco fez questão de recordar uma passagem narrada do Livro dos Atos dos Apóstolos, que aproxima Santo Estêvão de Jesus: o perdão que concedeu antes de morrer apedrejado. Ao morrer na cruz, Jesus disse: 'Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem'. De modo semelhante, Estêvão dobrou os joelhos e gritou em alta voz: 'Senhor, não lhes leveis em conta este pecado”.
Para o Papa "Estêvão é um mártir, que significa testemunha, porque fez como Jesus; com efeito, é uma verdadeira testemunha de Jesus quem se comporta como ele: quem reza, quem ama, quem doa, mas, sobretudo, quem perdoa; porque o perdão, como diz a própria palavra, é a expressão mais alta da doação".
"Mas, poderíamos  perguntar-nos - disse - Para que serve perdoar"? É somente uma boa ação ou produz resultados? A resposta pode ser encontrada precisamente no martírio de Estêvão. Entre aqueles, pelos quais ele implorou o perdão, encontrava-se um jovem chamado Saulo, que perseguia a Igreja e procurava destruí-la. Logo depois, Saulo se tornou Paulo, o grande santo, o Apóstolo dos Gentios. Paulo recebeu o perdão de Estêvão e, poderíamos dizer, que ele nasceu da graça de Deus e do perdão de Estêvão".
Para Francisco "nós também nascemos do perdão de Deus, não apenas mediante o Batismo, mas todas as vezes que somos perdoados o nosso coração renasce, é regenerado. Todo o passo que damos na vida de fé comporta o sinal da misericórdia divina. Podemos amar somente quando somos amados".
Antes, porém, "temos que receber o perdão de Deus para progredirmos na fé. Nunca devemos  cansar-nos de pedir o perdão de Deus Pai, que está sempre pronto a perdoar tudo. O seu perdão cura o coração e reaviva o amor. É perdoando que somos perdoados", afirmou o Papa.
Claro, disse o Pontífice, não é fácil perdoar. Seguindo o exemplo e a imitação de Jesus e de Estêvão podemos perdoar a partir da oração, começando do próprio coração, confiando quem nos ofendeu à misericórdia de Deus.
Desta maneira,  tornamo-nos misericordiosos, porque através do perdão vencemos o mal com o bem, transformamos o ódio em amor e, assim, purificamos o mundo. E o Santo Padre concluiu:
"Que a Virgem Maria, à qual confiamos aqueles – que são tantos – que, como Santo Estêvão, sofrem perseguições em nome da fé, possa orientar a nossa oração para receber e conceder o perdão".
Educris com Rádio Vaticano»
“Retirado da -newsletter  da EDUCRIS de 26-12-2015 -newsletter@educris.com "


«Eis-me aqui, venho para fazer a tua vontade»


"Ajoelhamo-nos mais uma vez diante do presépio. […] Pertinho do Salvador recém-nascido, vemos Santo Estêvão. O que foi que valeu este lugar de honra àquele que foi o primeiro a prestar ao Crucificado o testemunho do seu sangue? Ele cumpriu, no seu ardor juvenil, aquilo que o Senhor declarou ao entrar neste mundo: «Deste-Me um corpo. Eis-me aqui, venho para fazer a tua vontade» (Heb 10,5-7). Ele praticou a obediência perfeita que mergulha as suas raízes no amor e se exterioriza no amor. Ele caminhou sobre os passos do Senhor naquilo que, por natureza, é talvez o mais difícil para o coração humano, de tal maneira que parece mesmo impossível: tal como o próprio Salvador, cumpriu o mandamento do amor aos inimigos. O Menino no presépio, que veio para cumprir a vontade de seu Pai até à morte na cruz (Fil 2,8), vê em espírito diante de Si todos os que O seguirão nessa via. Ele ama este jovem, que há-de um dia colocar antes de todos junto do trono do Pai, com uma palma na mão. A sua mãozinha mostra-no-lo como modelo, como se dissesse: «Vede o ouro que espero de vós.» "

Meditação retirada Site "Evangelho Quotidiano" de 26-12-2015, dia de
Santo Estêvão, primeiro mártir - Festa - http://evangelhoquotidiano.org
 
 

sábado, 19 de dezembro de 2015

Seigneur mon secours (psaume 120)


MENSAGEM DE NATAL, DE D. MANUEL ROCHA FELÍCIO, BISPO DA GUARDA


« O Natal, festa da Misericórdia e da Família. Vamos viver este Natal de 2015 em tempo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia e também tendo na memória o recente Sínodo sobre a Família.

Sabemos que a Misericórdia é sempre a marca mais distintiva do Amor de Deus para com todos, homens e mulheres. Ora, a Misericórdia de Deus sem limites primeiro faz-se presente na vida de cada um de nós e depois impele-nos para sair ao encontro dos outros, a começar pelos que mais precisam, os que ocupam as chamadas periferias existenciais, usando as palavras do Papa Francisco.

A força da mensagem do Menino de Belém, com toda a simbologia da quadra natalícia, está, de facto, na Misericórdia de Deus. O nascimento de Jesus no Presépio de Belém é a expressão por excelência do Amor Misericórdia de Deus e convida-nos a ser “misericordiosos como o Pai”, lema deste ano jubilar. Em Seu Filho único Jesus Cristo, nascido de Maria e com a protecção paternal de S. José, Deus Pai diz ao mundo que estão para sempre desfeitas todas as barreiras supostamente interpostas entre Ele próprio como criador e os seres humanos suas criaturas. Mais ainda, diante do Presépio de Belém, nós contemplamos os abandonados e excluídos que continuam a povoar o nosso mundo e a nossa história, mesmo naquelas sociedades supostamente evoluídas e com capacidade material para acabarem com todas as formas de pobreza e marginalidade que, de facto, nelas continuam a existir.
O Natal convida-nos a vestir os sentimentos do Filho Único de Deus, feito Menino no presépio de Belém, para cultivarmos a proximidade e a solidariedade sobretudo com os excluídos, que não têm possibilidade ou não têm vontade de participar na vida da sociedade, ou porque lhes faltam os meios materiais e humanos indispensáveis ou porque ainda não lhes foi dada a oportunidade de colocarem a render as suas capacidades para construção do bem de todos. A tradição apresenta-nos o Natal como sendo a grande festa da Família e com justificadas razões.
Queremos, por isso, convidar todas as famílias, quando temos ainda na memória o Sínodo que lhes foi dedicado, para, neste Natal e durante todo o ano jubilar, fazerem memória das 14 obras de misericórdia e levarem-nas à prática, tanto as sete corporais como as sete espirituais. O Papa Francisco enumera-as, uma por uma, na bula com que convoca o Jubileu, propondo, assim, um verdadeiro programa para a vivência do ano da misericórdia e também deste Natal.
As obras de misericórdia corporais convidam-nos a dar de comer ou de beber a quem tem fome ou sede, mas também a visitar os doentes, a visitar os presos, a vestir os nus, a acolher os peregrinos ou mesmo a enterrar os mortos com dignidade. As espirituais põem diante de nós a obrigação de dar bom conselho aos que dele precisam, de ensinar os ignorantes ou consolar os aflitos, mas também de perdoar as ofensas, sofrer com paciência as fraquezas do próximo ou então ajudar o pecador a reconhecer o seu próprio pecado, ou rezar a Deus por vivos e defuntos. Temos aqui um vasto programa para levar à prática a mensagem do Natal, verdadeira e eloquente expressão do Amor-Misericórdia de Deus.
Convidamos todas as famílias a fazerem dele também o seu programa. E que o Menino de Belém seja o nosso conforto e a nossa companhia na celebração desta quadra festiva que comemora o seu nascimento.»
"Retirado do Site da Diocese da Guarda em 19-12-2015- http://www.diocesedaguarda.pt "

Maria, presença misericordiosa



 
«  “O pensamento volta-se agora para a Mãe de Misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus. Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne. A Mãe do Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor”. (Papa Francisco – Misericordiae Vultus)  Existe uma relação muito profunda entre Maria, Mãe de Jesus, o mistério da Misericórdia divina e a vivência da misericórdia. Desde sua concepção, Maria foi envolvida na infinita misericórdia de Deus Pai, pelo Filho e no Espírito Santo. Ela nos foi dada como Mãe, por seu filho Jesus, a própria misericórdia, e ela nos ama também de modo misericordioso, especialmente os pecadores e sofredores.
O Papa João Paulo II destacou na sua Encíclica “Dives in misericórdia” que Maria é a “pessoa que conhece mais a fundo o mistério da misericórdia divina” (n. 9).
Maria é a mãe que gerou a misericórdia divina na Encarnação, graça extraordinária que a coloca numa relação intima com Deus, o “Pai das misericórdias” (2Cor 1,3). Ao responder ao anjo “Eis-me aqui” e  “Faça-se”, a Misericórdia divina se “faz carne” e entra na nossa história
Em qual sentido podemos proclamar Maria como “Mãe de misericórdia”?
O título “Mãe de misericórdia” assim se justifica: Maria é a mulher que experimentou de modo único a Misericórdia de Deus, que a envolveu de modo particular desde a sua Imaculada Conceição, passando pela Anunciação, vivendo como fiel discípula e seguidora do seu Filho, até o grande momento da Sua Páscoa (paixão, morte, ressurreição, glorificação e Pentecostes). Ela é “kecharitoméne”, “cheia de graça”, ou seja, totalmente transformada pela benevolência divina (cf. Ef 1,6).
No seu cântico o “Magnificat”, por duas vezes Maria, a profetisa, exalta a misericórdia de Deus; movida pelo Espírito, ela louva o Pai misericordioso: “a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem”; “socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia”.
A misericórdia que Ela proclama no Magnificat foi vivida em todos os momentos de sua vida: desde o seu sim, até o momento em que acompanha os discípulos de seu Filho nos inícios da Igreja. E segue fazendo até o fim dos tempos.
Uma característica que particularmente toca o nosso interior, dada a nossa condição humana frágil e necessitada do auxílio de Deus, é a Misericórdia, que em Maria ecoa com muita intensidade, como a força de uma cascata, que penetra até os corações mais duros. Maria é, como rezamos, a Mãe de misericórdia. Mas para entendermos como toda a vida de Maria proclama a misericórdia, devemos primeiro penetrar no coração do Pai, rico em misericórdia, pois Maria é como a lua que reflete os raios do sol de justiça, que segundo a tradição da Sagrada Escritura é o próprio Deus.
Maria é a intercessora incansável do povo de Deus ; ela não deixa de apresentar as necessidades dos fiéis ao seu Filho. As “Bodas de Caná”, por exemplo, é uma concreta evidência de sua presença misericor-diosa. Ela se compadece da situação dos noivos e pede ao seu Filho realizar o primeiro “sinal”.
Em Caná, portanto, a novidade está numa nova forma de presença de Maria, que não se encontra interessada, em princípio, por fazer coisas, por resolver problemas, senão para traçar uma presença. Ela não está aí para “arrumar” as coisas, mas para escutar e compartilhar um momento festivo. Ela se encontra presente, num gesto de solidariedade que transcende e supera toda atividade.
Porque estava presente a Deus, Maria fez-se presente nos momentos decisivos de seu Filho, bem como fez-se presente na vida das pessoas. Uma presença que faz a diferença: presença solidária, marcada pela atenção, prontidão e sensibilidade, próprias de uma mãe.
Sua presença não era presença anônima, mas comprometida; presença expansiva que mobilizou os outros, assim como mobilizou seu Filho a antecipar sua “hora”.
Trata-se de uma presença que é “música calada” nos lugares cotidianos e escondidos, que sabe enternecer-se e escutar as inquietações que procedem desses lugares. Uma presença que descobre o próximo no próximo, que sabe resgatar a solidariedade na vida cotidiana. Uma presença que se manifesta na ausência de recompensa ou de interesse próprio.
Em definitiva, Maria descobre que é chamada a dar de graça o que de graça recebeu. Sabe entrar em sintonia com os sentimentos dos outros e construir vida festiva, e vida em abundância.
Sua presença misericordiosa revela um gesto profético de solidariedade e de anúncio: presença que aponta para uma  outra presença, a de seu Filho, a misericórdia visível. Sua presença dignifica e revela um novo sentido à presença de Jesus numa festa de Casamento.
A presença misericordiosa, silenciosa, original e mobilizadora de Maria desvela e ativa também em nós uma presença inspiradora, ou seja, descentrar-nos para estar sintonizados com a realidade e suas carências. Tal atitude misericordiosa nos mobiliza a encontrar outras vidas, outras histórias, outras situações; escutar relatos que trazem luz para nossa própria vida; ver a partir de um horizonte mais amplo, que ajuda a relativizar nossos problemas e a compreender um pouco mais o valor daquilo que acontece ao nosso redor; escutar de tal maneira que aquilo que ouvimos penetre na nossa própria vida; implicar-nos afetiva-mente, relacionar-nos com pessoas, não com etiquetas e títulos; acolher na própria vida outras vidas; histórias  que afetam nossas entranhas e permanecem na memória e no coração.
Evidentemente, nem toda presença é “saída de si”; uma pessoa pode passar pelos lugares sem que os lugares deixem pegadas; ela pode tocar a superfície das coisas e das vidas, mas esse contato deixa pouca memória e que logo desaparece. Com isso não há encontro nem aprendizagem.
Quando a pessoa se faz presença misericordiosa que desemboca no verdadeiro encontro, ela se expõe, se faz vulnerável, se deixa afetar... Mas essa é a oportunidade para transformar os olhares e os gestos de quem se atreve a sair dos horizontes estreitos e conhecidos.
São muitos os encontros que são fecundos para quem se faz presente e para quem acolhe esta presença. São muitas as pessoas cujas vidas ganham em seriedade, em profundidade, em compaixão e em alegria autêntica ao fazer esse caminho de saída de si.
São muitas as pessoas que, em contato com vidas e histórias diferentes e reais, compreendem melhor suas próprias vidas e sua responsabilidade.
Textos bíblicos:  Lc 1,46-55     Jo 2,1-12
Ó Maria, Mãe que experimentastes e gerastes a Misericórdia, Mãe que proclamais e exerceis a misericórdia, fazei de nós autênticos apóstolos deste mesmo mistério de amor em nossos tempos e em nossos ambientes. Amém.
Pe. Adroaldo Palaoro sj »
"Retirado do site -CATEQUESE Hoje-http://www.catequesehoje.org.br"- Um site com brasileiro com muita qualidade!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Imaculada Conceição: o bom começo

«Quando eu era criança, cantava: “Ó Maria, concebida sem pecado original/ Quero amar-vos toda a vida, com ternura filial”. Mas eu não entendia bem o que era este tal pecado, que não me parecia nada original. Afinal, se Adão e Eva fizeram uma coisa errada no passado, o que temos a ver com isso? Depois compreendi que essa música fala de algo atual, que marca a humanidade. Cada um de nós, e toda a comunidade humana, experimentamos o mistério do mal. Quantas vezes a gente quer fazer o bem, ser inteiro nas decisões, perdoar, exercitar a generosidade, lutar para melhorar o mundo... Mas as nossas realizações ficam abaixo dos bons desejos. Vivemos uma divisão interior, uma fragilidade, uma tendência ao mais fácil e imediato.

O dogma da Imaculada afirma que Maria, sendo humana como nós, recebe de Deus uma graça especial, para ser forte diante das tentações do mal, assumir com inteireza suas decisões e ser proativa. E assim ela fez, como nos mostra o evangelho: ouviu a palavra, guardou no coração e frutificou. A graça de Deus, quando atua no ser humano, é sempre uma estrada de duas mãos. De um lado, o Senhor nos oferece sua presença irradiante, que purifica, perdoa, fascina, integra e convoca para a missão. De outro lado, a gente responde, ao viver na fé, na esperança e no amor solidário. Portanto, o dogma da Imaculada não fala somente de um privilégio de Maria, mas sim da vitória da graça de Deus nela. E isso tem enorme valor para toda a humanidade. Mostra que o mais original no ser humano não é o pecado, a mediocridade, as sombras, mas sim o dom de Deus, a criatividade, a luz. 
Desde o início Deus nos chama para a comunhão com ele. Assim já experimentaram os profetas: “Antes de saíres do ventre de tua mãe, eu te conhecia, e te consagrei (Jr 1,5)”; “O senhor me chamou desde o ventre materno (Is 49,1)”. Maria, mais do que ninguém, viveu esta inteireza da resposta a Deus: “Um coração que era sim para a vida/ Um coração que era sim para o irmão. Um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão!”.
Como é bom celebrar a festa da Imaculada no tempo do Advento. Assim, recordamos que Maria foi preparada por Deus para a missão de mãe, educadora e discípula de Jesus. E que ela também se preparou, cultivando o amor e interpretando os Sinais divinos na história do seu povo. Com José, viveu o tempo de espera da gravidez e a alegria do nascimento.
Que Maria imaculada nos prepare para o natal. Que a nossa casa e o nosso coração sejam como o presépio que acolhe o Deus-menino. Belém é aqui e agora. Junto com a multidão de homens e mulheres de toda a Terra nos alegramos porque o Senhor visitou definitivamente este mundo, com uma luz que não conhece o ocaso. Assumiu, com sua encarnação, a nossa bela e frágil história humana. Santificou todos os seres. Por isso, cantamos: “Glória a Deus nas alturas, e paz para a humanidade e cuidado com a Terra!” Amém!

Ir. Afonso Murad

Irmão Marista, teólogo, especialista em Mariologia
In: blog Maria: mãe nossa e companheira na fé - 7/12/2015»
"Retirado do site -CATEQUESE Hoje-http://www.catequesehoje.org.br"- Um site com brasileiro com muita qualidade!

domingo, 29 de novembro de 2015

A ovelha perdida 1/2

A ovelha perdida 2/2

Papa dá início ao Jubileu da Misericórdia em Bangui

 
«Na tarde de hoje, I Domingo do Advento, o Papa Francisco, em viagem Apostólica pela República Centro-Africana, inaugurou oficialmente o Ano Santo da Misericórdia ao abrir a Porta Santa na Catedral de Nossa Senhora da Conceição de Bangui.
Na cerimónia o Papa afirmou que "hoje, Bangui transforma-se na capital espiritual do mundo. O Ano Santo da Misericórdia chega antes a esta terra, uma terra que há muitos anos sofre com a guerra, o ódio, a incompreensão, a falta de paz", disse Francisco para reforçar que nesta abertura simbólica "estão todos os países que viveram a cruz da guerra. Bangui  transforma-se na capital espiritual da oração pela misericórdia do Pai. Todos pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana e por todos os países que sofrem com a guerra, pedimos a paz!".
No idioma local o Papa pediu aos milhares de fiéis que repetissem com ele uma oração:"Ndoye siriri, (Todos juntos pedimos) amor e paz!":
"com esta oração começamos o Ano Santo aqui, nesta capital espiritual do mundo hoje". No final deste pequeno ritual Francisco abriu a porta santa, em vidro  na Catedral de Nossa Senhora da Conceição de Bangui.
Na eucaristia que se seguiu, e durante a homilia, o Papa lembrou aos padres e agentes de pastoral locais que "os agentes de evangelização devem ser, antes de mais nada, artesãos do perdão, especialistas da reconciliação, peritos da misericórdia".
Para Francisco é importante que "mesmo quando se desencadeiam as forças do mal" os cristãos respondam "ao apelo, de cabeça erguida, prontos a resistir nesta batalha em que Deus terá a última palavra. E será uma palavra de amor".
Leia, na íntegra, a homilia do Papa a partir do texto disponibilizado pela Rádio Vaticana.


Neste I Domingo de Advento, tempo litúrgico da expectativa do Salvador e símbolo da esperança cristã, Deus guiou os meus passos até junto de vocês, nesta terra, enquanto a Igreja no mundo inteiro se prepara para inaugurar o Ano Jubilar da Misericórdia.
E sinto-me particularmente feliz pelo fato de a minha visita pastoral coincidir com a abertura em seu país deste Ano Jubilar. A partir desta Catedral, com o coração e o pensamento, quero alcançar afetuosamente todos os sacerdotes, os consagrados, os agentes pastorais deste país, que estão espiritualmente unidos conosco neste momento.
Em vocês, quero saudar todos os centro-africanos, os doentes, as pessoas idosas, os feridos pela vida. Talvez alguns deles estejam desesperados e já não tenham força sequer para reagir, esperando apenas uma esmola, a esmola do pão, a esmola da justiça, a esmola de um gesto de atenção e bondade.
Mas, como os apóstolos Pedro e João que subiam ao templo e não tinham ouro nem prata para dar ao paralítico indigente, venho oferecer-lhes a força e o poder de Deus que curam o homem, fazem-no levantar e tornam-no capaz de começar uma nova vida, «passando à outra margem» (cf. Lc 8, 22).
Jesus não nos envia sozinhos para a outra margem, mas convida-nos a fazer a travessia juntamente com Ele, respondendo cada qual a uma vocação específica. Devemos, pois, estar cientes de que esta passagem para a outra margem só se pode fazer com Ele, libertando-nos das concepções de família e de sangue que dividem, para construir uma Igreja-Família de Deus, aberta a todos, que cuida dos mais necessitados.
Proximidade
Isto pressupõe a proximidade aos nossos irmãos e irmãs, isto implica um espírito de comunhão. Não se trata primariamente de uma questão de recursos financeiros; realmente basta compartilhar a vida do Povo de Deus, dando a razão da esperança que está em nós (cf. 1 Ped 3, 15), sendo testemunhas da misericórdia infinita de Deus, que – como sublinha o Salmo Responsorial deste domingo - «é bom e (…) ensina o caminho aos pecadores» (Sal 25/24, 8). Jesus ensina-nos que o Pai celeste «faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus» (Mt 5, 45).
Depois de nós mesmos termos feito a experiência do perdão, devemos perdoar. Aqui está a nossa vocação fundamental: «Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» (Mt 5, 48). Uma das exigências essenciais desta vocação à perfeição é o amor aos inimigos, que protege contra a tentação da vingança e contra a espiral das retaliações sem fim. Jesus fez questão de insistir sobre este aspecto particular do testemunho cristão (cf. Mt 5, 46-47).
Consequentemente, os agentes de evangelização devem ser, antes de mais nada, artesãos do perdão, especialistas da reconciliação, peritos da misericórdia. É assim que podemos ajudar os nossos irmãos e irmãs a «passar à outra margem», revelando-lhes o segredo da nossa força, da nossa esperança, e da nossa alegria que têm a sua fonte em Deus, porque estão fundadas na certeza de que Ele está conosco no barco. Como fez com os Apóstolos na altura da multiplicação dos pães, é a nós que o Senhor confia os seus dons para irmos distribuí-los por todo o lado, proclamando a sua palavra que garante: «Eis que virão dias em que cumprirei a promessa favorável que fiz à casa de Israel e à casa de Judá» (Jr 33, 14).
Nos textos litúrgicos deste domingo, podemos descobrir algumas características desta salvação anunciada por Deus, que servem igualmente como pontos de referência para nos guiar na nossa missão. Antes de mais nada, a felicidade prometida por Deus é anunciada em termos de justiça. O Advento é o tempo para preparar os nossos corações a fim de acolher o Salvador, isto é, o único Justo e o único Juiz capaz de dar a cada um a sorte que merece. Aqui, como em outros lugares, muitos homens e mulheres têm sede de respeito, justiça, equidade, sem avistar no horizonte qualquer sinal positivo.
Vinda do Salvador
Para eles, o Salvador vem trazer o dom da sua justiça (cf. Jr 33, 15). Vem tornar fecundas as nossas histórias pessoais e coletivas, as nossas esperanças frustradas e os nossos votos estéreis. E manda-nos anunciar sobretudo àqueles que são oprimidos pelos poderosos deste mundo, bem como a quantos vivem vergados sob o peso dos seus pecados: «Judá será salvo e Jerusalém viverá em segurança. Este é o nome com o qual será chamada: “Senhor-nossa justiça”» (Jr 33, 16). Sim, Deus é Justiça! Por isso mesmo nós, cristãos, somos chamados a ser no mundo os artesãos duma paz fundada na justiça.
A salvação que esperamos de Deus, tem igualmente o sabor do amor. Na verdade, preparando-nos para o mistério do Natal, assumimos de novo o caminho do povo de Deus para acolher o Filho que nos veio revelar que Deus não é só Justiça mas é também e antes de tudo Amor (cf. 1 Jo 4, 8).
Em todos os lugares, mas sobretudo onde reinam a violência, o ódio, a injustiça e a perseguição, os cristãos são chamados a dar testemunho deste Deus que é Amor.
Reconhecimento humilde
Ao encorajar os sacerdotes, as pessoas consagradas e os leigos que, neste país, vivem por vezes até ao heroísmo as virtudes cristãs, reconheço que a distância, que nos separa do ideal tão exigente do testemunho cristão, às vezes é grande.
Por isso faço minhas, sob a forma de oração, estas palavras de São Paulo: «O Senhor vos faça crescer e superabundar de caridade uns para com os outros e para com todos» (1 Ts 3, 12). A este respeito, deve permanecer presente no nosso horizonte como um farol o testemunho dos pagãos sobre os cristãos da Igreja Primitiva: «Vede como se amam, amam-se verdadeiramente» (Tertuliano, Apologético, 39, 7).
Por fim, a salvação anunciada por Deus reveste o carácter de uma força invencível que triunfará sobre tudo. De fato, depois de ter anunciado aos seus discípulos os sinais tremendos que precederão a sua vinda, Jesus conclui: «Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça, porque a vossa redenção está próxima» (Lc 21, 28). E, se São Paulo fala de um amor «que cresce e superabunda», é porque o testemunho cristão deve refletir esta força irresistível de que se trata no Evangelho.
Assim, é também no meio de convulsões inauditas que Jesus quer mostrar o seu grande poder, a sua glória incomparável (cf. Lc 21, 27) e a força do amor que não recua diante de nada, nem diante dos céus transtornados, nem diante da terra em chamas, nem diante do mar revolto. Deus é mais forte que tudo. Esta convicção dá ao crente serenidade, coragem e a força de perseverar no bem frente às piores adversidades. Mesmo quando se desencadeiam as forças do mal, os cristãos devem responder ao apelo, de cabeça erguida, prontos a resistir nesta batalha em que Deus terá a última palavra. E será uma palavra de amor.
A todos aqueles que usam injustamente as armas deste mundo, lanço um apelo: deponde esses instrumentos de morte; armai-vos, antes, com a justiça, o amor e a misericórdia, autênticas garantias de paz. Discípulos de Cristo, sacerdotes, religiosos, religiosas ou leigos comprometidos neste país de nome tão sugestivo, situado no coração da África e que é chamado a descobrir o Senhor como verdadeiro Centro de tudo o que é bom, a vossa vocação é encarnar o coração de Deus no meio dos vossos concidadãos. Oxalá o Senhor nos torne a todos «firmes (...) e irrepreensíveis na santidade diante de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus com todos os seus santos» (1 Ts 3, 13). Assim seja!
Educris com Rádio Vaticana»
“Retirado da -newsletter  da EDUCRIS de 29-11-2015- newsletter@educris.com

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A Oração levanta o Mundo



"Um sábio disse:

«Dai-me uma alavanca, um ponto de apoio, e levantarei o mundo». O que Arquimedes não pôde obter, porque o seu pedido não se dirigia a Deus, e por não ser feito senão sob o ponto de vista material, os Santos obtiveram-no em toda a plenitude: o Todo-poderoso deu-lhes, como ponto de apoio: Ele mesmo e Ele só; e como alavanca: a oração, que abrasa com fogo de amor. E foi assim que levantaram o mundo; é assim que os santos que ainda militam na terra o levantam, e que, até ao fim do mundo, os futuros santos o levantarão também.
(História de uma Alma, Ms C 36rº-vº)"
"Retirado do Site  http://www.carmelitas.pt , Santa Teresinha do Menino Jesus,  Site Oficial da visita das Relíquias da Santa Teresinha do Menino Jesus a Portugal"

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Litanie des Saints de la Communauté du Chemin Neuf


Santidade: um "caso de amor" com vida


«A Igreja Católica celebra, neste primeiro dia de novembro, a festa de “Todos os Santos e Santas”; esta é a festa de todos os(as) amigos(as) de Deus, mulheres e homens que nos precederam e que deixaram sua “marca” na vida de tantas pessoas, melhorando uma parte do mundo. Damos graças a eles e elas por terem sido portadores da vida de Deus: de sua herança herdamos, com sua voz cantamos, de sua presença inspiradora nos alimentamos, de sua vida recebemos Vida, com Aquele que é o Deus dos Vivos. 

Na celebração deste dia não temos de pensar somente nos “santos e santas” canonizados(as), nem naqueles que viveram virtudes heróicas, mas em todos os homens e mulheres que descobriram a marca do divino neles(as), e sentiram-se impulsionados a viver com intensa humanidade. Os(as) santos(as) foram e são humanos por excelência. E a plenitude do humano só se alcança no divino, que já está presente em todos nós. Não se trata de celebrar os méritos de pessoas extraordinárias, mas de reconhecer a presença de Deus, que é o único Santo, em cada um de nós. 

Nesse sentido, ao invés de dizer “todos os santos e santas”, estabelecendo uma diferença entre os seres humanos, podemos afirmar “Todos santos!”. Para Deus não há diferença alguma, porque na Sua Santidade Ele nos ama a todos igualmente. Assim, no chamado à santidade, aspiramos somente a ser cada dia mais humanos, ativando o amor que Deus derramou em nosso ser.

Na vida de um(a) santo(a), mais que contemplá-lo(a) na sua glória, é bom considerar sua caminhada para a santidade: é o Espírito do Senhor que o(a) conduz. 

Um(a) santo(a) é a “irrupção” original e única do Espírito de Deus. Uma maravilha sem comparação que invade a história e permite que seja dito o Indizível e experimentado o Transcendente. A presença de um(a) santo(a) ultrapassa nossa estatura. Algo  “maior” se levanta, seduzindo-nos, atraindo-nos e surpreendendo-nos. Uma referência se apresenta à consciência das pessoas e das comunidades. 

Os(as) santos(as) são personagens de limiar, de fronteira...; eles vislumbram o novo, a outra margem... são pessoas de atitude “excêntrica”: é sempre o Outro quem os conduz. O heroísmo deles é “deixar-se conduzir”, deixar que se manifeste a força divina ali onde é maior e mais evidente a fraqueza. 

“Sejam santos, porque eu sou SANTO” (Lev. 11,45) Esta é a vocação fundamental à qual somos todos chamados, enquanto seguidores de Jesus Cristo. Ser santo(a)  é ser dócil para “deixar-nos conduzir” pelos impulsos de Deus, por onde muitas vezes não sabemos e não entendemos. Seus caminhos não são os nossos caminhos. 

Este “deixar-se levar” pela mão providente de Deus é uma ousadia. Na vida espiritual a liberdade tem que ser ousada, mas a maior ousadia é “deixar-se levar”. 

Ser santo(a)  é “arriscar-se” em Deus. É privar-se das humanas certezas em nome da Sua Verdade. É excluir-se das seguranças e estabilidades do mundo. Por isso a santidade é surda aos critérios do mundo, ao cálculo utilitarista...; não sucumbe às idolatrias do progresso a qualquer custo, da eficiência, da produtividade... Ela navega no oceano da gratuidade, da compaixão, da solidariedade...O modo de proceder do(a) santo(a) no mundo é imagem fiel do modo de proceder do próprio Deus, que é princípio e garantia da Verdade, do Bem, da Justiça, da Misericórdia, da Compaixão... 

Ser santo(a)  é ter a audácia de reinventar o humano; é resgatar a paixão por um ideal irrecusável; paixão rebelde e inquieta diante dos fatos; paixão pela vitória da esperança; paixão pelo sonho de melhorar a si mesmo e o mundo; paixão pelo futuro; enfim, ser  santo(a) é ter capacidade ilimitada de paixão

O seguimento de Jesus pede uma nova forma de santidade: a santidade da vida comum, da resposta à Providência divina em meio às rotinas do tempo, uma caridade tecida nos pequenos gestos... Surge, então, a imagem de um(a) santo(a) que é filho(a) do momento e da situação presente, cujo agir se processa no mundo em que está encarnado. O santo é aquele que, na “loucura santa”, revela uma pulsão de vida para com o mundo; é um biófilo (amigo da vida); é um cooperador, agindo sob o primado da escuta da Palavra de Deus dita na e pela situação cotidiana. 

Não é o trivial ou o excepcional que distingue a santidade do ato: o que importa é sua sintonia à Vontade de Deus expressa na situação concreta. O importante é verificar qual é a intenção, qual é a motivação que está por detrás de cada ato, de cada atividade: para quê? para quem?... 

Deus colocou no coração de cada pessoa a busca da santidade. Uma busca que se experimenta como impulso vital, sopro do Espírito, aqui e agora, nas circunstâncias concretas da vida.

Nesse sentido, santos e santas são os portadores de vida, homens e mulheres que buscam viver intensamente; que acolhem a vida e a expandem, que bebem do prazer da vida e que ajudam os outros também a beberem, sabendo que a vida é dom, presente que compartilhamos, todos, no mundo. São pessoas em cujo entorno se desatam correntes de vida, esperança, alegria de viver, reconciliação e amor.

“Os(as) santos(as), como os poetas, vivem de encantamentos…” encantados com a vida, com a beleza, com a verdade...

Perguntaram a uma criança de 7 anos quem eram os santos. Ela deu uma resposta magistral: “Um santo é quem deixa passar a luz”. Sem dúvida, em sua imaginação estavam presentes os vitrais da Igreja onde sua mãe a levava. É evidente, os(as) santos (santas) deixam passar a luz de Deus para nós. Essa transparência é sua santidade. 

Os(as) santos(as) são pessoas humanas que nos mostram o que se pode atingir quando nos abrimos à luz de Deus, à maravilhosa “influência divina”, à potencialidade de seu Reino. 

Santidade é dizer sim à vida. Experimentamos isso quando nos submergimos na vida, quando crescemos nela, buscando, saboreando até o final o que ela nos oferece em cada circunstância. Nunca alheios à vida, nada desprezando, nada lamentando. Esta concepção da Santidade desvela um modo de viver que nos converte em irmãos(ãs) das pessoas, da Criação e filhos(as) de Deus. 

A santidade não é um programa. É uma experiência de vida, um modo de estar no mundo a partir da confiança numa promessa. Enraizado na fé-confiança na pessoa e promessa de Jesus, o chamado à santidade propõe um estilo próprio de vida aberta e expansiva: uma maneira alegre, pacífica, compassiva, responsável e generosa de se fazer presente neste mundo onde são centrais o cuidado de todo o vivente e o trabalho em favor da justiça. 

Convida-nos a transformar o que, com frequência, é terra hostil ou deserto inóspito em um mundo mais humano e em um lar habitável. 

Texto bíblico:   Mt 5,1-11  

Na oração: As bem-aventuranças não são leis para simplesmente evitar o mal, mas o potencial divino que, criativamente, estende a todos os lugares a Bondade e a Beleza. Expressam de modo conciso e explícito o coração mesmo de Jesus e seu desejo ardente de contagiar a todos os que se encontravam com Ele. 

Nas Bem-aventuranças Jesus proclama que o verdadeiro segredo para uma humanidade totalmente recriada é a força do amor e da misericórdia, cimentadas no comum denominador da humildade. Aqueles(as) que percorrem o caminho de sua vida guiados pelo espírito das bem-aventuranças são os(as) santos(as).

- Como ser presença visível das Bem-aventuranças no seu cotidiano? 

Pe. Adroaldo Palaoro sj
Diretor do Centro de Espiritualidade Inaciana – CEI»

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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

MENSAGEM PAPA FRANCISCO - DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2015


«Queridos irmãos e irmãs,

Neste ano de 2015, o Dia Mundial das Missões tem como pano de fundo o Ano da Vida Consagrada, que serve de estímulo para a sua oração e reflexão. Na verdade, entre a vida consagrada e a missão subsiste uma forte ligação, porque, se todo o baptizado é chamado a dar testemunho do Senhor Jesus, anunciando a fé que recebeu em dom, isto vale de modo particular para a pessoa consagrada. O seguimento de Jesus, que motivou a aparição da vida consagrada na Igreja, é reposta à chamada para se tomar a cruz e segui-Lo, imitar a sua dedicação ao Pai e os seus gestos de serviço e amor, perder a vida a fim de a reencontrar. E, dado que toda a vida de Cristo tem carácter missionário, os homens e mulheres que O seguem mais de perto assumem plenamente este mesmo carácter.

A dimensão missionária, que pertence à própria natureza da Igreja, é intrínseca também a cada forma de vida consagrada, e não pode ser transcurada sem deixar um vazio que desfigura o carisma. A missão não é proselitismo, nem mera estratégia; a missão faz parte da «gramática» da fé, é algo de imprescindível para quem se coloca à escuta da voz do Espírito, que sussurra «vem» e «vai». Quem segue Cristo não pode deixar de tornar-se missionário, e sabe que Jesus «caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 266).

A missão é uma paixão por Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, uma paixão pelas pessoas. Quando nos detemos em oração diante de Jesus crucificado, reconhecemos a grandeza do seu amor, que nos dignifica e sustenta e, simultaneamente, apercebemo-nos de que aquele amor, saído do seu coração trespassado, estende-se a todo o povo de Deus e à humanidade inteira; e, precisamente deste modo, sentimos também que Ele quer servir-Se de nós para chegar cada vez mais perto do seu povo amado (cf. Ibid., 268) e de todos aqueles que O procuram de coração sincero. Na ordem de Jesus – «Ide» –, estão contidos os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja. Nesta, todos são chamados a anunciar o Evangelho pelo testemunho da vida; e, de forma especial aos consagrados, é pedido para ouvirem a voz do Espírito que os chama a partir para as grandes periferias da missão, entre os povos onde ainda não chegou o Evangelho.

O cinquentenário do Decreto conciliar Ad gentes convida-nos a reler e meditar este documento que suscitou um forte impulso missionário nos Institutos de Vida Consagrada. Nas comunidades contemplativas, recobrou luz e eloquência a figura de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, como inspiradora da íntima ligação que há entre a vida contemplativa e a missão. Para muitas congregações religiosas de vida activa, a ânsia missionária surgida do Concilio Vaticano II concretizou-se numa extraordinária abertura à missão ad gentes, muitas vezes acompanhada pelo acolhimento de irmãos e irmãs provenientes das terras e culturas encontradas na evangelização, de modo que hoje pode-se falar de uma generalizada interculturalidade na vida consagrada. Por isso mesmo, é urgente repropor o ideal da missão com o seu centro em Jesus Cristo e a sua exigência na doação total de si mesmo ao anúncio do Evangelho. Nisto não se pode transigir: quem acolhe, pela graça de Deus, a missão, é chamado a viver de missão. Para tais pessoas, o anúncio de Cristo, nas múltiplas periferias do mundo, torna-se o modo de viver o seguimento d’Ele e a recompensa de tantas canseiras e privações. Qualquer tendência a desviar desta vocação, mesmo se corroborada por nobres motivações relacionadas com tantas necessidades pastorais, eclesiais e humanitárias, não está de acordo com a chamada pessoal do Senhor ao serviço do Evangelho. Nos Institutos Missionários, os formadores são chamados tanto a apontar, clara e honestamente, esta perspectiva de vida e acção, como a discernir com autoridade autênticas vocações missionárias.

Dirijo-me sobretudo aos jovens, que ainda são capazes de testemunhos corajosos e de empreendimentos generosos e às vezes contracorrente: não deixeis que vos roubem o sonho duma verdadeira missão, dum seguimento de Jesus que implique o dom total de si mesmo. No segredo da vossa consciência, interrogai-vos sobre a razão pela qual escolhestes a vida religiosa missionária e calculai a disponibilidade que tendes para a aceitar por aquilo que é: um dom de amor ao serviço do anúncio do Evangelho, nunca vos esquecendo de que o anúncio do Evangelho, antes de ser uma necessidade para quantos que não o conhecem, é uma carência para quem ama o Mestre.

Hoje, a missão enfrenta o desafio de respeitar a necessidade que todos os povos têm de recomeçar das próprias raízes e salvaguardar os valores das respectivas culturas. Trata-se de conhecer e respeitar outras tradições e sistemas filosóficos e reconhecer a cada povo e cultura o direito de fazer-se ajudar pela própria tradição na compreensão do mistério de Deus e no acolhimento do Evangelho de Jesus, que é luz para as culturas e força transformadora das mesmas.

Dentro desta dinâmica complexa, ponhamo-nos a questão: «Quem são os destinatários privilegiados do anúncio evangélico?» A resposta é clara; encontramo-la no próprio Evangelho: os pobres, os humildes e os doentes, aqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles que não te podem retribuir (cf. Lc 14, 13-14). Uma evangelização dirigida preferencialmente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer: «existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos!» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 48). Isto deve ser claro especialmente para as pessoas que abraçam a vida consagrada missionária: com o voto de pobreza, escolhem seguir Cristo nesta sua preferência, não ideologicamente, mas identificando-se como Ele com os pobres, vivendo como eles na precariedade da vida diária e na renúncia ao exercício de qualquer poder para se tornar irmãos e irmãs dos últimos, levando-lhes o testemunho da alegria do Evangelho e a expressão da caridade de Deus.

Para viver o testemunho cristão e os sinais do amor do Pai entre os humildes e os pobres, os consagrados são chamados a promover, no serviço da missão, a presença dos fiéis leigos. Como já afirmava o Concílio Ecuménico Vaticano II, «os leigos colaboram na obra de evangelização da Igreja e participam da sua missão salvífica, ao mesmo tempo como testemunhas e como instrumentos vivos» (Ad gentes, 41). É necessário que os consagrados missionários se abram, cada vez mais corajosamente, àqueles que estão dispostos a cooperar com eles, mesmo durante um tempo limitado numa experiência ao vivo. São irmãos e irmãs que desejam partilhar a vocação missionária inscrita no Baptismo. As casas e as estruturas das missões são lugares naturais para o seu acolhimento e apoio humano, espiritual e apostólico.

As Instituições e as Obras Missionárias da Igreja estão postas totalmente ao serviço daqueles que não conhecem o Evangelho de Jesus. Para realizar eficazmente este objectivo, aquelas precisam dos carismas e do compromisso missionário dos consagrados, mas também os consagrados precisam duma estrutura de serviço, expressão da solicitude do Bispo de Roma para garantir de tal modo a koinonia que a colaboração e a sinergia façam parte integrante do testemunho missionário. Jesus colocou a unidade dos discípulos como condição para que o mundo creia (cf. Jo 17, 21). A referida convergência não equivale a uma submissão jurídico-organizativa a organismos institucionais, nem a uma mortificação da fantasia do Espírito que suscita a diversidade, mas significa conferir maior eficácia à mensagem evangélica e promover aquela unidade de intentos que é fruto também do Espírito.

A Obra Missionária do Sucessor de Pedro tem um horizonte apostólico universal. Por isso, tem necessidade também dos inúmeros carismas da vida consagrada, para dirigir-se ao vasto horizonte da evangelização e ser capaz de assegurar uma presença adequada nas fronteiras e nos territórios alcançados.

Queridos irmãos e irmãs, a paixão do missionário é o Evangelho. São Paulo podia afirmar: «Ai de mim, se eu não evangelizar!» (1 Cor 9, 16). O Evangelho é fonte de alegria, liberdade e salvação para cada homem. Ciente deste dom, a Igreja não se cansa de anunciar, incessantemente, a todos «O que existia desde o princípio, O que ouvimos, O que vimos com os nossos olhos» (1 Jo 1, 1). A missão dos servidores da Palavra – bispos, sacerdotes, religiosos e leigos – é colocar a todos, sem excluir ninguém, em relação pessoal com Cristo. No campo imenso da actividade missionária da Igreja, cada baptizado é chamado a viver o melhor possível o seu compromisso, segundo a sua situação pessoal. Uma resposta generosa a esta vocação universal pode ser oferecida pelos consagrados e consagradas através duma vida intensa de oração e união com o Senhor e com o seu sacrifício redentor.

Ao mesmo tempo que confio a Maria, Mãe da Igreja e modelo de missionariedade, todos aqueles que, ad gentes ou no próprio território, em todos os estados de vida, cooperam no anúncio do Evangelho, de coração concedo a cada um a Bênção Apostólica.

Vaticano, 24 de Maio – Solenidade de Pentecostes – de 2015.

FRANCISCO»

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Dia Mundial das Missões: 18 de Outubro de 2015



 
ORAÇÃO MISSIONÁRIA

 ESPÍRITO SANTO
que desceste sobre os apóstolos
e os fizeste anunciadores do Evangelho
derrama os teus dons sobre cada um de nós
e torna-nos sensíveis aos apelos
e às necessidades dos nossos irmãos;
desperta nos corações
das famílias, das crianças, dos jovens e adultos
o ideal missionário;
dá força e coragem a todos quantos
se entregam totalmente
ao serviço da MISSÃO.
Ámen.
 

LEVAR AMOR E ESPERANÇA AO MUNDO DA PROSTITUIÇÃO


Amizade. Carinho. Amor. Esperança. Estas são algumas palavras-chave associadas ao projeto Villa Teresita, que surgiu em Espanha há mais de 70 anos, para fazer sorrir de novo mulheres ligadas à prostituição e ao tráfico de pessoas. Em conversa com Conchi Jimenez, responsável da comunidade de Valência, o Mensageiro foi conhecer este projeto  e  o que leva alguém a dedicar a sua vida àqueles que estão no último degrau da sociedade.

   O PROJETO VILLA TERESITA NASCEU EM 1942, NA SEQUÊNCIA DO CONTATO DE ISABEL GARBAYO COM MULHRES PROSTITUTAS, DOENTES, ISOLADAS NUMA ALA DE UM HOSPITAL. FOI FÁCIL AVANÇAR COM UM PROJECTO DESTES?
   Na verdade, não foi fácil, não tanto por causa das mulheres, com quem a aproximação e o estabelecimento de relações de amizade foi simples, mas sobretudo pela discriminação social e pela incompreensão de muitos crentes.
   Isabel Garbayo era a filha mais nova de uma família instalada em Pamplona (Navarra), uma cidade pequena, em que todos se conheciam e não percebiam porque é que ela se «misturava» com aquelas mulheres tão mal vistas e socialmente discriminadas. Foi um escândalo para muitos.

   Mas Isabel Garbayo, sem se preocupar com tais opiniões, deixou-se tocar pela dureza de vida das mulheres prostitutas. Estavam isoladas e eram discriminadas, como os leprosos na época de Jesus, e ela foi capaz de ver para lá das aparências, foi capaz de escutar  «os gritos» dos seus corações e não conseguiu ficar indiferente.

  Deus chamava-a a fazer algo para ajudar aquelas mulheres e, embora isso lhe provocasse sofrimento, não podia deixar de o fazer. Devia seguir aquela intuição que o Senhor lhe apresentava, definindo como lema : « não posso morrer sem fazer algo por essas pobres mulheres». Essa inquietude levou-a a desenvolver o projeto  Villa Teresita.

   Este projeto nasce, assim, como uma casa de família para as mulheres provenientes do mundo da prostituição, que pretendiam refazer e normalizar a sua vida. Nela, as «chicas» (como Isabel carinhosamente lhes chamava) e a comunidade partilhavam a vida. Como em todas as famílias, pomos à sua disposição todos os recursos possíveis, tendo em vista o crescimento humano, profissional e espiritual. Filhas de um mesmo Pai, irmãs de caminho, vivemos como tal, percorrendo juntas o caminho da vida. Cada mulher que chega à casa é um «tesouro» que Deus nos confia, para fazer «brilhar» em toda a sua plenitude. Para muitas  das mulheres que chegam à nossa casa, esta é a oportunidade, que nunca tiveram, de se sentirem amadas, de verem que alguém espera delas algo de bom e confia nas suas capacidades, tantas vezes asfixiadas pelas situações vividas. Villa Teresita é, ao mesmo tempo, uma casa aberta para todas aquelas mulheres que continuam a viver situações de exclusão e prostituição e com as quais, embora não convivendo, partilhamos o caminho. Desde o inicio, ir onde as mulheres estão - ruas, bares, prisões, hospitais - é o nosso modo de nos tornarmos próximas, como o bom samaritano, para assim, vendo as suas feridas, cuidar delas e procurar meios para que se possam pôr novamente de pé.
   HOJE SÃO UM GRUPO DE MULHERES CONSAGRADAS A DEUS E AOS MAIS POBRES. O QUE MOVE  ALGUÉM  A QUERER TRABALHAR NESTE PROJETO?
   Podíamos reformular a pergunta, referindo que não é algo, mas Alguém, que nos move. Deus continua a chamar, Deus continua a mover corações, para que não abandonem as suas filhas. As que vivemos consagradas a esta missão, fazemo-lo seduzidas por Jesus e pelo Evangelho. Experimentámos o seu Amor e este leva-nos a entregá-lo, a dar de graça o que de graça recebemos.
   EM QUE MEDIDA A ESPIRITUALIDADE DE SANTA TERESA DE LISIEUX, CUJO NOME “ADOTARAM”, INSPIRA A VOSSA AÇÃO?
   Santa Teresa é, juntamente com São José, padroeira da nossa instituição. Na celebração da sua festa, no primeiro aniversário da nossa fundadora, Isabel Garbayo escreveu no seu diário: «Foi ela que orientou a minha vida espiritual pelo caminho do amor, do abandono, da confiança; ao viver a vida de Nazaré fazendo aquilo que é normal e transformando-o em extraordinário (…) e nomeada nossa padroeira, peço-lhe que derrame uma chuva de graças para todas as mulheres que vivem na nossa casa e para as que ainda continuam nessa vida».

   Creio que estas poucas palavras reflectem muito bem a influência de Santa Teresa de Lisieux. Em primeiro lugar, o amor; a nossa vida há de ser reflexo do amor misericordioso que o Senhor nos tem. Transmitir às mulheres com as quais compartilhamos a vida e trabalhamos, que são profundamente amadas por Deus, que Ele as olha e cuida delas com amor, sem as julgar, que quer para elas, como para todos,  uma vida ditosa e feliz. Em segundo lugar, o abandono, o viver abandonadas no amor de Deus, sabendo que Ele as ama mais do que nós  e que tornará possível o que a nós muitas vezes nos parece impossível.

   E é mesmo assim. Quantas vezes vivemos situações difíceis com as mulheres, para as quais humanamente não encontramos saída, e o Senhor, a seu modo, abre-nos caminhos novos, que não esperávamos, e que nos permitem seguir em frente. Isto leva-nos inevitavelmente a confiar na providência, a sentirmo-nos nas  suas  mãos e a experimentar que, certamente, a partir do Amor, nada é normal, mas extraordinário, porque é Deus quem acompanha o nosso caminhar, a nossa vida diária, e isso é algo muito grande.

   Experimentar que a nossa vida está impregnada do amor de Deus, servir, sabendo-nos instrumentos nas suas mãos, rezar com confiança de que , feito o que podíamos fazer, tudo o resto depende d´Ele, é viver a partir do extraordinário!
   JÁ TRABALHARAM COM MULHERES QUE EMIGRAVAM DO CAMPO PARA A CIDADE, MÃES SOLTEIRAS, TOXICODEPENDENTES, VÍTIMAS DE SIDA E, DESDE FINAIS DA DÉCADA DE 90 DO SÉCULO XX, COM VÍTIMAS DE TRÁFICO DE SERES HUMANOS. PORQUÊ A PREOCUPAÇÃO ESPECÍFICA COM ESTE GRUPO POPULACIONAL?
   Embora a nossa vida e o nosso trabalho estejam ao serviço dos mais pobres da sociedade, o acento pomo-lo sem dúvida nas mulheres e especialmente naquelas oriundas do mundo da prostituição. Podíamos dizer que as mulheres que trabalham na prostituição são pobres entre os pobres, porque não só vivem situações de grande precariedade económica, como também são vítimas de violências e isolamento e carregam o estigma social e o peso moral que a prostituição implica.

   Esta diversidade de população está relacionada com o tentar ir dando resposta à realidade e esta vai mudando. O perfil das mulheres que trabalham na prostituição tem mudado e temos tentado adaptar-nos a ele. Estar continuamente na rua, abertas às necessidades das pessoas, a isso nos obriga.
   É FÁCIL SER SINAL DE AMOR E ESPERANÇA PARA ESSAS PESSOAS?
   Creio que sim. Alguém dizia que a dor maior dos pobres é que ninguém necessita da sua amizade. Nós tentamos estabelecer vínculos de carinho e amizade com as pessoas, transmitir o amor que cada dia recebemos de Deus. A partir daí, da fé que vivemos e compartilhamos, a esperança se torna possível.

   A vida partilhada com os mais pobres é sempre uma dinâmica pascal, de morte e ressurreição. Nós somos testemunhas de como, no meio de situações de sofrimento e «morte», o Senhor continua a abrir-nos à Vida.
   O QUE É MAIS GRATIFICANTE NO VOSSO TRABALHO DE INTERVENÇÃO SOCIAL? E O MAIS DESMOTIVADOR?
   Sem  dúvida, o mais gratificante é o encontro, o carinho e a relação com as pessoas e ver que isso é transformador, não só para os outros, mas também para nós mesmas. A relação com os pobres remete-nos sempre para o Evangelho e isso é um grande presente. Por isso é difícil saber o que menos nos motiva, porque o fazer caminho com os outros tem as suas luzes e sombras; e isso não produz desmotivação, mas é caminho de vida e amor.
   O TRÁFICO DE PESSOAS É, SEGUNDO O PAPA FRANCISCO, A FORMA MODERNA DE ESCRAVIDÃO. É POSÍVEL ACABAR COM ESTE FLAGELO, QUE VITIMA TANTAS PESSOAS? OU ISSO É UMA UTOPIA?
   Ao longo da história da humanidade foi havendo diferentes formas de escravidão, contra as quais sempre houve homens e mulheres que lutaram e conseguiram a sua abolição. Então, porque não acreditar que se pode acabar com o tráfico de pessoas? É sinal de esperança que em todo o mundo se ergam vozes contra esta praga e que, pouco a pouco, se vá sensibilizando a sociedade. Assim, creio que se pode acabar com ele, embora seja um longo processo.»
«Entrevista retirada da  revista “Mensageiro do Coração de Jesus” – Secretariado Nacional do Apostolado da Oração- de Outubro de 2015, pags.4,5 e 6.»