terça-feira, 25 de outubro de 2016

O grão de mostarda

Evangelho segundo S. Lucas 13,18-21.
Naquele tempo, disse Jesus: «A que é semelhante o reino de Deus, a que hei de compará-lo?
É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta. Cresceu, tornou-se árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos seus ramos».
Jesus disse ainda: «A que hei de comparar o reino de Deus?
É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado».



(…) Comentário do dia: Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja, comentário sobre o Evangelho de Lucas VII, 176-180; SC 52


O grão de mostarda

Vejamos porque é o reino de Deus comparado a um grão de mostarda. Lembro-me doutra passagem que evoca o grão de mostarda, e onde ele é comparado com a fé; diz o Senhor: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: "Muda-te daqui para acolá", e ele há-de mudar-se» (Mt 17,19). [...] Se, portanto, o Reino dos Céus é como um grão de mostarda e a fé também é como um grão de mostarda, a fé é seguramente o Reino dos Céus e o Reino dos Céus é a fé. Ter fé é ter o Reino dos Céus. [...] Foi por isso que Pedro, que tinha fé, recebeu as chaves do Reino dos Céus: para poder abri-lo aos outros (Mt 16,19).

Apreciemos agora o alcance da comparação. Este grão é certamente uma coisa comum e simples; mas, se o trituramos, faz irradiar a sua força. Do mesmo modo, à primeira vista, a fé é simples; mas, tocada pela adversidade, faz irradiar a sua força. [...] Os nossos mártires Félix, Nabor e Victor eram grãos de mostarda: tinham o perfume da fé, mas eram ignorados. Chegada a perseguição, depuseram as armas, estenderam o pescoço e, abatidos pelo gládio, espalharam a beleza do seu martírio «até aos confins da terra» (Sl 18,5). [...]

Também o próprio Senhor é um grão de mostarda: até ter sofrido ataques, o povo não O conhecia; escolheu ser triturado [...]; escolheu ser esmagado, embora Pedro Lhe dissesse: «é a multidão que te aperta e empurra» (Lc 8,45); Ele escolheu ser semeado, como o grão «que um homem tomou e lançou na sua horta». Pois foi num jardim que Cristo foi preso e enterrado; Ele cresceu nesse jardim e foi lá que ressuscitou. [...] Portanto, vós também, semeai Cristo no vosso jardim. [...] Semeai o Senhor Jesus: Ele é grão quando é preso, árvore quando ressuscita, árvore que dá sombra ao mundo; Ele é grão quando é enterrado na terra, árvore quando Se eleva ao céu.



“Retirado  do site “Evangelho Quotidiano”  de 25-10-2016”

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Credo rap.


Papa apresenta 'bilhete de identidade' do cristão


«Na manhã desta quinta-feira o Papa Francisco apresentou três características irrenunciáveis que fazem parte do 'bilhete de identidade de cada cristão: "Bendito porque escolhido, porque perdoado e porque a caminho".

Na sua homilia Francisco afirmou que estes sinais de identificação do cristão que Deus escolheu "com a mesma ternura de uma mãe e de um pai" que "sonham a própria criança":
"Na oração da coleta pedimos ao Senhor que a sua graça «nos preceda e nos acompanhe», para que não nos cansemos de ir pelo caminho cristão». Portanto precisamos da graça para não nos cansarmos, porque nós, sozinhos, não o podemos fazer", sustentou.

Para o Papa esta verdade leva-nos a perceber qual é "este caminho, esta identidade cristã", afirmou citando o apóstolo Paulo na carta aos Efésios proclamada na liturgia de hoje: «Fomos abençoados. O cristão é um abençoado: abençoado pelo Pai, por Deus».
O apóstolo propõe três traços característicos desta bênção, apontou:

"O primeiro é: o cristão é uma pessoa escolhida; nós somos escolhidos; Deus escolheu-nos um por um, não como uma multidão oceânica, como uma massa de gente. Pelos contrário, Deus «deu-nos um nome, conhece-nos pelo nome um por um». Eis que cada um pode dizer: "Eu sou abençoado, porque sou conhecido pelo Pai, fui escolhido pelo Pai, fui esperado pelo Pai".

Recorrendo à imagem de um "casal quando espera um bebé" e cujos pais se interrogam de várias formas sobre como será a criança, Francisco disse ousar "dizer que também nós, cada um de nós, foi sonhado pelo Pai como um pai e uma mãe sonham o filho que esperam". O Papa argentino disse que esta certeza "dá-te uma grande segurança. O pai quis-te, especificamente a ti, a cada um de nós" fazendo com que esta "consciência seja o fundamento, a base da nossa relação com Deus: nós falamos a um Pai que nos ama, que nos escolheu, que nos deu um nome".

Cristão: Sonhados, queridos e perdoados por Deus 
"O cristão foi escolhido, foi sonhado por Deus" e isso é a primeira característica da bênção de Deus sobre nós, sustentou.

Na carta aos Efésios, Paulo Escreve: «Deus concedeu-nos a sua gloriosa graça no Filho amado.

Nele temos, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, o perdão das culpas conforme a riqueza da sua graça». Um trecho que nos revela a segunda caraterística: «o cristão é uma pessoa “perdoada”». Com efeito, um homem ou uma mulher que não se sentem perdoados não são plenamente cristãos, assemelham-se «àquele homem que estava diante do altar e dizia “agradeço-te Senhor, porque não preciso de perdão, eu não cometo pecados como todos os outros!”». Mas «um só – recordou o Pontífice – não foi perdoado, porque era tanta a soberba que não deu lugar ao perdão: o diabo». Ao contrário, todos «fomos perdoados com o preço do sangue de Cristo».
É importante, sugeriu Francisco, fazer também um pouco de exercício de memória para recordar bem «o que me foi perdoado», tendo em conta «as coisas más que fiz, não as que fez o teu amigo, o teu vizinho, a tua vizinha: as tuas!». Tudo isso com a certeza de que o Senhor «perdoou estas coisas» que fizemos na vida. Eis, disse o Papa, «eu sou abençoado, sou cristão»: e «isto é, primeira caraterística, sou escolhido, sonhado por Deus, com um nome que Deus me deu, amado por Deus». E, «segunda caraterística», fui «perdoado por Deus».

Na carta aos Efésios, Paulo escreve: «O Pai fez-nos conhecer o mistério da sua bondade, segundo a benevolência que nele se propusera para o governo da plenitude dos tempos: reconduzir a Cristo, único chefe, todas as coisas». Por conseguinte, afirmou Francisco, «o cristão é um homem e uma mulher a caminho rumo à plenitude, rumo ao encontro com o Cristo que nos redimiu».

A ponto que «não se pode compreender um cristão parado». Com efeito, «o cristão deve ir sempre em frente, deve caminhar». De contrário «o cristão parado é aquele homem que tinha recebido o talento e devido ao medo da vida, ao medo de o perder, ao medo do dono, por medo ou comodidade, enterrou-o, e deixou-o ali, ficando tranquilo e levando a vida sem ir» em frente. Eis por que «o cristão é um homem a caminho, uma mulher a caminho, que faz sempre o bem, que procura fazer o bem, ir em frente».

Esta é «a identidade cristã: abençoados, porque escolhidos, porque perdoados e porque a caminho», concluiu o Pontífice, sublinhando que «é bom viver assim: não somos anónimos, não somos soberbos, a ponto de não precisar do perdão, não somos parados». O desejo do Papa é que «o Senhor nos conserve esta graça, que o Senhor nos acompanhe com esta graça da bênção que nos deu, ou seja, a bênção da nossa identidade».

Educris com L’Osservatore Romano»
Retirado do site da EDUCRIS em 13-10-2016 -  http://www.educris.com "