terça-feira, 24 de dezembro de 2013

NATAL


  
<<No princípio era o Verbo
e o Verbo estava com Deus
e o Verbo era Deus.
No princípio, Ele estava com Deus.
Tudo se fez por meio d’Ele
e sem Ele nada foi feito.
N’Ele estava a vida
e a vida era a luz dos homens.
 
A luz brilha nas trevas
e as trevas não a receberam.
O Verbo era a luz verdadeira
que, vindo ao mundo,
ilumina todo o homem.
Estava no mundo
e o mundo, que foi feito por Ele, não o conheceu.
Veio para o que era seu
e os seus não O receberam.
Mas, àqueles que o receberam e acreditaram no seu nome,
Deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem,
mas de Deus.
 
E o Verbo fez-se carne
e habitou entre nós.
Nós vimos a sua glória,
glória que lhe vem do Pai,
como Filho Unigénito,
cheio de graça e de verdade.>>
(Jo1, 1-5.9-14)
 
 
<< No Natal festejamos um triplo nascimento. […] O primeiro e mais sublime nascimento é o do Filho único, gerado pelo Pai celeste na essência divina, na distinção de Pessoas. O segundo nascimento foi o que aconteceu de uma mãe que, na sua fecundidade, manteve a pureza absoluta da sua castidade virginal. O terceiro é aquele pelo qual, todos os dias e a toda a hora, Deus nasce em verdade, espiritualmente, pela graça do amor, numa alma boa. […]

Para este terceiro nascimento, não deve haver em nós senão uma procura simples e pura de Deus, sem mais nenhum desejo de ter como próprio seja o que for […], com a vontade única de Lhe pertencer, de Lhe dar lugar da forma mais elevada e mais íntima, para que Ele possa realizar a Sua obra e nascer em nós sem Lhe colocarmos qualquer obstáculo. […] É por isso que Santo Agostinho nos diz: «Esvazia-te para que possas ser preenchido; sai para que possas entrar» e ainda: «Alma nobre, nobre criatura, porque procuras fora de ti o que está em ti todo inteiro, da maneira mais verdadeira e mais manifesta? E, uma vez que és participante da natureza divina, que te importam as coisas criadas e que fazes tu com elas?» Se o homem preparasse assim um lugar dentro de si mesmo, Deus ver-Se-ia, sem qualquer dúvida, obrigado a preenchê-lo completamente; se não, o céu romper-se-ia se fosse preciso para preencher esse vazio. Deus não pode deixar as coisas vazias; seria contrário à Sua natureza, à Sua justiça.

É por isso que te deves calar; então o Verbo desse nascimento, a Palavra de Deus, poderá ser pronunciada em ti e tu poderás ouvi-la. Mas tens de compreender que, se tu queres falar, Ele tem de Se calar. A melhor maneira de servir o Verbo é calar e ouvir. Se, portanto, saíres completamente de ti mesmo, Deus entrará por inteiro em ti; na medida em que saíres, Ele entrará, nem mais nem menos.>>


“Do Evangelho Quotidiano de 19-12-2013-<<Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo Sermão para o Natal>>”

Um Santo Natal. Que o Menino Jesus nasça e permaneça nos nossos corações para O podermos apresentar aos outros com alegria e verdade!

São os votos  sinceros do Blog “Catequese Missionária”

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ternura de Santo António para com o Menino Jesus



" Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.... Pensa nuns olhos limpos, que vêem as coisas com o encantamento do Criador, e nas pessoas sem espírito de desejo ou posse. Pois bem, só quem for assim há-de ver a Deus! Mas não subas já para o Céu... Ver a Deus aqui na terra! Esse Deus que deixou na criação a marca da Sua beleza, da Sua harmonia, da Sua omnipotência na fragilidade, esse Deus que se fez Menino.
António, nos últimos dias da sua vida em Camposampiero, teve a visão do Menino Jesus. Depois de uma vida passada vendo Deus nos irmãos pobres e desprotegidos, teve o prémio de o ter nos braços. Neste sentido, António é um perfeito discípulo de S. Francisco, que amou fortemente a humanidade e fragilidade de Deus.
Existe em Camposampiero, situada dentro da igreja de S. João Baptista, pertencente aos Frades Menores Conventuais, uma cela, dita cela da visão, parte integrante do convento e agora meta de peregrinações. Foi ali que Santo António teve a visão do Menino Jesus. A fonte mais antiga que nos relata o milagre é o liber miraculorum.
O Santo está na cidade, para um período de pregação. Um devoto oferece hospitalidade. Provavelmente, para ir ao encontro do hóspede excepcional, o homem aproxima-se do quarto, onde dorme Santo António. E, quando olha através da janela, vê entre os braços de Santo António um menino de extraordinária beleza. Entre a criança e Santo António entrelaçam-se gestos comoventes de ternura. O benfeitor, quase como prémio da sua cortesia, alegra-se com a maravilhosa visão. Só depois da morte de Santo António o piedoso homem confessa este milagre (provavelmente trata-se do conde Tiso VI de Camposampiero). A pequena cela estava situado no pequeno ermo que o conde Tiso tinha oferecido aos frades. A mesma Assídua - a primeira biografia de Santo António - diz que, morrendo, Santo António exclamou: Vejo o meu Senhor.
O nosso Deus, que deixou no homem a imagem do Seu amor, da Sua inteligência e da Sua liberdade, da Sua gratuidade e comunhão, quis gratificar Santo António com a Sua presença, apresentando-se na fragilidade e simplicidade de uma criança, exactamente como António o tinha servido nos irmãos. Só aquele que se tornar criança terá a visão de Deus, face a face, sem espelhos e sem disfarces.
Neste lugar, os peregrinos portugueses, visivelmente comovidos, repensaram nos tempos da sua própria infância e da própria inocência. Nos ouvidos ecoavam as palavras do Santo: O Menino não conhece a malícia do mundo; não sabe pecar, não faz mal ao próximo; não mantém ira; a ninguém odeia; não admira a glória deste mundo; não faz escolha de pessoas.”
<<Frei João Sartori-Mensageiro de Santo António>>