« Falai de Deus
com a clareza da verdade
e da certeza:
com um poder
de corpo e alma
que não possa ninguém, à passagem vossa, não O entender
Falai de Deus
brandamente,
que o mundo se
pôs dolente, tão sem leis
Falai de Deus
com doçura,
que é difícil
ser criatura: bem o sabeis.
Falai de Deus de
tal modo
que por Ele o
mundo todo tenha amor
à vida e à
morte, e, de vê-Lo,
O escolha como
modelo superior.
Com voz,
pensamentos e atos representai tão exatos os reinos seus
que todos vão
livremente para esse encontro excelente.
Falai de Deus.
Cecília Meireles
O processo catequético empreendido no Brasil e em todo
o continente latino americano desde o início do século passado, possui
características bastante peculiares no tocante à metodologia e caminhos
percorridos ao longo do processo.
A catequese é o lugar da experiência de fé e amor,
vividos por todos os envolvidos nessa “trama” de fios de seda, tão bem
desenhados e delicados, entrelaçados pela troca de desejos, conhecimentos,
histórias de vida, caminhos que conduzem ao amadurecimento e educação da fé. Fé
que é dom e adesão a Jesus Cristo!
Catequizar é justamente aprofundar essa adesão,
iluminando a pessoa de Jesus Cristo, seus gestos, suas palavras, seu modo como
acolhia as pessoas e como evangelizava seus discípulos. A pedagogia de Jesus é
a inspiração para o processo de educação da fé; e voltar o olhar para a
caminhada catequética do nosso continente é importante para se perceber os
desejos de retorno à fonte inspiradora- Cristo Jesus! Quantos desafios
enfrentados e também quantas oportunidades de novas escolhas que possibilitaram
a retomada do Método de Jesus.
O que muito nos impressiona em Jesus é sua fidelidade
à missão que recebera do Pai. Veio ao mundo para fazer a vontade do Pai e,
mesmo diante da crise de fé de alguns discípulos, mesmo vendo que muitos
deixavam de segui-lo, Jesus permanece firme e desafia seus Apóstolos: “vocês
também querem ir embora?” ( Jo 6, 67) Não se impressiona com a falta de fé, não
se impressiona com o escândalo que seu ensinamento promove no meio do grupo.
Nem mesmo suaviza seu ensinamento aos Apóstolos e aos discípulos que ficaram;
ao contrário, confirma que ele é o Pão vivo descido do céu e que sua carne e
seu sangue são realmente comida e bebida. Se isso escandalizava, dizia Jesus, o
que dizer do grande escândalo da Cruz, o caminho necessário para ele subir até
o Pai? (Jo 6, 62). Diferentemente de nós, que a todo o momento medimos nossas
audiências para avaliar se estamos ou não agradando, Jesus mede a presença dos
discípulos pela fidelidade ao que ensina. Aqueles que ficaram, muito
possivelmente, não entenderam muita coisa, mas creram e por isso continuaram
com Jesus.
Jesus é o paradigma de catequista que escolhe, chama,
seduz, caminha, ensina e envia à missão. O Mestre diferenciado que educa para
um novo modo de amar: “Não há maior amor que dar a vida pelo irmão”. É o
mestre que “aponta saída e cura as feridas”. Catequizar ao modo do Mestre Jesus
é despertar no catequizando o olhar para as pegadas de Deus nos fatos, na
Sagrada Escritura, na pessoa humana e na liberdade. Seguindo os passos d´Ele, o
catequista é aquele que ajuda seus catequizandos a lidar com as dificuldades da
vida, que caminha junto e faz junto com os seus interlocutores, numa sincera e
verdadeira troca de experiência.
O Evangelho de João conta-nos as características
próprias da vocação dos primeiros discípulos e como eles iniciam seu itinerário
de fé descobrindo o mistério de Jesus e gradualmente vão conhecendo e aderindo
a Ele. A iniciativa parte do mestre que interpela e chama a viver a fé: “Vinde
e Vede!”( Jo 1,39) Jesus deseja que o sigamos e que sejamos seus
discípulos.
Nesse sentido, o texto de João é modelo de como a vida
de Jesus marcou os primeiros discípulos e as comunidades formadas a partir
dessa experiência. A identidade dessas comunidades foi se firmando pelo desejo
de propagar a Mensagem de Jesus de Nazaré e pela educação da fé ensinada por
Ele.
A catequese tem essa tarefa: o agir e prática de
educar a fé e a Igreja zela com especial cuidado por ela. A Igreja orienta a
volta à fonte que é a Palavra de Deus em Jesus Cristo, à sensibilidade à
dimensão humana, à experiência pessoal, comunitária e existencial ao serviço,
com um novo jeito de ser Igreja: a catequese tem a missão de aprofundar a
vivência da comunidade, suscitando e educando discípulos missionários para o
seguimento autêntico de Jesus Cristo.
No contexto histórico que o ser humano vive, educa-se,
cria culturas e, expressa o amor a Deus na experiência da Mensagem de Jesus. A
V Conferência Episcopal Latino americana e caribenha de Aparecida refletiu-se
sobre o espírito renovador da Igreja e que ela encontra-se em momento de
recepção pelas Igrejas particulares. Seu “agir” depende da abertura à ação do
Espírito aos “novos sinais dos tempos”, e uma resposta corajosa e ativa à
tarefa de educação da fé.
Que todos nós catequistas percebamos que a catequese
deve unir serviço/ministério e prazer nas pegadas de Jesus de Nazaré. Assim,
alimentaremos sempre a mística de nossa vocação através da alegria dessa missão
e ser sinal visível da presença de Deus na vida da comunidade e para todas as
pessoas.
Rita de Cássia Rezende
Coordenadora da Comissão para Animação
Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Pouso Alegre-MG
Co-autora do Livro "O processo de formação da
identidade cristã" - Ed. Paulus»
"Retirado
do site -CATEQUESE Hoje-http://www.catequesehoje.org.br"- Um site com
brasileiro com muita qualidade!
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