Não compreendo
cristianismo sem Maria. Por mais que se negue seu protagonismo na vida
missionária da Igreja, esta não existiria sem seu sim, sua disponibilidade
serviçal ao projeto de Deus em sua vida. Foi Maria o embrião de uma proposta de
amor de Deus às suas criaturas. Sem ela, a história cristã não aconteceria.
Portanto, fica claro a qualquer cristão mais consciente o valor de Maria na
vida da Igreja; esta que se deixou usar por Deus para que Jesus se inserisse em
nossa caminhada.
Cristão que
nega essa maternidade ou menospreza sua importância, nega também seu Filho.
Não há como separar a figura da mãe do encanto e beleza de sua criança.
Em tudo se assemelham. Até na missão que Deus lhes reservou. Tal mãe, tal
filho.
Assim refletir
é resgatar os passos e atitudes de uma mulher determinada a cumprir sua missão
em todos os detalhes. Não foi ela a primeira alma viva a acolher em si própria
a vontade de Deus em sua plenitude? “Faça-se em mim segundo a sua vontade”? Não
foi ela a primeira missionária a anunciar pessoalmente à família de João
Batista, o precursor, que o Reino de Deus estava próximo, ganhava forma em seu
ventre? “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre!”,
exclamou-lhe Isabel ao vê-la portadora da mais bela gravidez do gênero humano.
Não foi ela a paciente zeladora e primeira grande admiradora de seu menino
preocupado em ensinar naquele templo, entre os doutores? “Não sabeis que devo
preocupar-me com as coisas do meu Pai”? Não foi ela a primeira intercessora do
grande milagre de um novo tempo (o vinho novo das bodas), cuja realização só se
deu graças à sua intervenção? “Façam tudo o que ele vos disser…” Não foi ela a
mulher paciente que o ouvia à distância, dando espaço às multidões que o
cercavam e renunciando sempre aos direitos que a própria maternidade lhe
concedia? “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a
põem em prática”. Como deve ter lhe sido doloroso ouvir essas palavras!
Ser mãe é renunciar. É criar para o mundo, mesmo à distância. É olhar ao longe
um rebento que cresce, que verga, que adquire forças e um dia parte, sem olhar
para trás. Mas ao Filho sempre resta a certeza de que aquele colo que o
embalou, aqueles seios que o amamentaram, aquele sorriso que aliviava suas
dores, aquele olhar reluzente de esperança e de ânimos, não lhe faltariam
nunca. A mãe, de uma forma ou de outra, tinha endereço fixo em seu coração e
velaria por ele em qualquer circunstância, em qualquer necessidade. O seu Filho
já não mais lhe pertencia. Mas as multidões lhe davam graças: “Feliz o ventre
que te carregou, e os seios que te amamentaram”. Ou seja: obrigado mãe pelo
presente que nos destes!
A obra
missionária da Igreja nasceu do sim de Maria. Por isso é ela a estrela da
evangelização, a primeira grande missionária da fé nascida de seu ventre, a mãe
de Deus e da Igreja… Sem ela não teríamos a Redenção. Tanto que o próprio
Redentor nos presenteou com sua maternidade, confiando-a a proteção do
discípulo que mais amava: “Mulher, eis aí o seu filho”. Depois disse ao bom
discípulo, aquele que nos representou aos pés da cruz: “Eis aí a sua
mãe”. Esse é o detalhe que nos falta na prática da devoção mariana. Não
questão de desvio de foco da obra redentora – como nos acusam alguns – mas
preservação, proteção, acolhimento e gratidão a tudo e por tudo que Maria nos
proporcionou e continua a nos proporcionar com sua presença e bênçãos
maternais. Foi após a consumação de tudo, da maior dádiva de amor que Deus nos
fez, foi nesta hora insana, porém magnânima que “o discípulo a recebeu em sua
casa”. A missão de Maria continua em nosso meio, nossa casa comum.Colunista : Wagner Pedro Menezes
Retirado do Site "Catequese CATÓLICA", http://catequesecatolica.com.br , em 17.02.2019.
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