«O Papa acentuou este sábado, em Filadélfia, a necessidade de os leigos e, em particular, as mulheres, serem encorajados a uma participação mais ativa da Igreja, tendo citado a pergunta que o Papa Leão XIII dirigiu a Santa Catarina Drexel: «E tu, que farás?».
«Sabemos que o futuro da Igreja, numa sociedade
em rápida mudança, exigirá – e já agora o exige – um compromisso cada vez mais
ativo por parte dos leigos», afirmou Francisco na missa, a que presidiu, com o
clero, religiosos e religiosas do estado norte-americano da Pensilvânia.
As palavras endereçadas a Santa Catarina Drexel
(1858-1955, canonizada em 2000 por S. João Paulo II), oriunda de Filadélfia,
recordaram-lhe que «cada cristão recebeu, em virtude do Batismo, uma missão»,
sublinhou o Papa.
«"E tu, que farás?" É significativo
que estas palavras do Papa já idoso tivessem sido dirigidas a uma mulher
leiga», apontou Francisco, acrescentando que «um dos grandes desafios que a
Igreja tem pela frente» é «promover, em todos os fiéis, o sentido de responsabilidade
pessoal pela missão».
Esta tarefa «exige criatividade para se adaptar
às situações em mudança, para levar avante a herança do passado, não
primariamente mantendo estruturas e as instituições que também são úteis, mas
acima de tudo estando disponíveis para as possibilidades que o Espírito
abre».
O propósito de integrar mais os leigos na missão
da Igreja não significa, segundo o Papa, que o clero venha a «transcurar a
autoridade espiritual» que lhe foi confiada, «mas discernir e usar sabiamente
os múltiplos dons que o Espírito concede à Igreja».
«De forma particular, significa valorizar a
contribuição imensa que as mulheres, leigas e consagradas, deram e continuam a
oferecer na vida das nossas comunidades», apontou Francisco.
O questionamento que Leão XIII lançou a Santa
Catarina Drexel impeliu-a «a pensar no trabalho imenso que havia para realizar
e a dar-se conta de que também ela era chamada a fazer a sua parte».
«Quantos jovens, nas nossas paróquias e escolas,
têm os mesmos ideais elevados, generosidade de espírito e amor a Cristo e à
Igreja! Perguntemo-nos: somos nós capazes de os pôr à prova? Somos capazes de
os guiar e ajudar a fazer a sua parte?», perguntou o Papa ao clero e
religiosos.
Um dos muitos campos de ação da Igreja em que a
contribuição de voluntários leigos é imprescindível consiste no apoio a pessoas
detidas; Francisco, que como arcebispo de Buenos Aires era visitante frequente
de prisões, encontrou-se este domingo, em Filadélfia, com reclusos do Instituto
Correcional de Curran-Fromhold.
«[Cristo] vem ao nosso encontro para nos calçar
de novo com a dignidade dos filhos de Deus. Quer ajudar-nos a recompor o nosso
andar, retomar o nosso caminho, recuperar a nossa esperança, restituir-nos a fé
e a confiança. Quer que regressemos às estradas da vida, sentindo que temos uma
missão; que este tempo de reclusão nunca foi sinônimo de expulsão»,
declarou.
Depois de afirmar que é «penoso» constatar como
por vezes «se geram sistemas prisionais que não procuram curar as chagas, curar
as feridas, criar novas oportunidades», o Papa acentuou que o período na prisão
«só pode ter um objetivo: estender a mão para retomar o caminho, estender a mão
para que ajude à reintegração social».
«Todos temos alguma coisa de que ser limpos,
purificados. Que a consciência disto nos desperte para a solidariedade, para
nos apoiarmos e procurarmos o melhor para os outros», assinalou
Francisco.
Também neste domingo, último dia da visita aos
EUA, o Papa reuniu-se, à margem do programa da visita previamente divulgado,
com três mulheres e dois homens que foram abusados sexualmente quando eram
crianças.
«As palavras não podem exprimir cabalmente o meu
lamento pelo abuso que sofrestes. Vós sois filhos preciosos de Deus que
deveriam sempre esperar a nossa proteção, o nosso cuidado e o nosso amor.
Lamento profundamente que a vossa inocência tenha sido violada por aqueles em
quem confiastes. Em alguns casos a confiança foi traída por membros da vossa
própria família, noutros casos por padres que tinham a responsabilidade sagrada
pelo cuidado da alma. Em todas as circunstâncias, a traição foi uma terrível
violação da dignidade humana», disse Francisco às vítimas, em declaração
divulgada pela Rádio Vaticano.
«Para aqueles que foram abusados por um membro
do clero, lamento profundamente as vezes que vós ou a vossa família falou do
caso para reportar o abuso, mas não vos ouviram ou acreditaram. Por favor,
saibam que o Santo Padre ouve-vos e acredita em vós. Lamento profundamente que
alguns bispos tenham falhado na sua responsabilidade de proteger as crianças. É
muito perturbador saber que, em alguns casos, houve bispos que foram mesmo
abusadores. Peço-vos que sigam o caminho da verdade até onde ele conduzir»,
afirmou.
«Peço-vos humildemente, e a todos os
sobreviventes dos abusos, que fiquem connosco, que fiquem com a Igreja, e que
juntos, como peregrinos no percurso da fé, possamos encontrar o nosso caminho
para o Pai», concluiu Francisco [tradução SNPC].»
No encontro que teve, a seguir, com prelados,
Francisco prometeu que «todos os responsáveis pelos abusos sexuais a menores
serão punidos», e declarou que sentia «vergonha» que esses crimes.
Missa do Papa com clero, religiosos e religiosas
- Filadélfia, 26.9.2015 (publicado no SNPC 27.09.2015»
"Retirado do site -CATEQUESE Hoje-http://www.catequesehoje.org.br"- Um site com brasileiro com muita qualidade!
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