Clara McBrin, minha
amiga de há anos, nos tempos de Londres. Lá nos conhecemos e descobrimos que
somos do mesmo concelho do Sabugal. Clara é nome português. McBrin é o nome de
família, do marido irlandês que morreu ainda jovem com doença terminal..
Clara foi sempre uma mulher ativa na comunidade portuguesa
em Londres e bem integrada na sociedade britânica. Dedicou-se ao seu trabalho
no Serviço Nacional de Saúde e exerceu a
sua profissão como instrumentista, nos hospitais de Guy´s e no Cromwell, em
Londres. Em 2003, teve um acidente de trabalho que a obrigou a reformar-se.
Em 2000, tinha sido convencida a entrar na conferência de S.
Vicente de Paulo, na paróquia de S. Joseph, em Leyton. Foi ali que ela começou
a dar conta de um desejo que lhe estava no coração há muitos anos: de se por à
escuta dos que mais sofrem e particularmente os sem-abrigo. Clara sempre
partilhou um forte espírito missionário que diz estar na origem da vontade de
se dedicar aos mais pobres. Esteve em contacto com missionários e missionárias
combonianos que lhe falavam de África. E pertenceu ao movimento Verbum Dei, que
a animou no caminho da Fé.
Clara está determinada a organizar um Projecto em favor dos
emigrantes, dos marginalizados e dos sem-abrigo em Londres: “comunidade dos
sem-abrigo”.
Projecto: Comunidade
sem-abrigo
Projecto de capacitação das pessoas, para que assumam a sua
dignidade e possam ajudar outros em situação semelhante. Está a tentar. Já teve
êxitos. Também já teve a tentação de esquecer a ideia e pensar mais nela. Mas
não. Quer levar a bom termo a missão.
Em contacto com a Conferência S. Vicente de Paulo, em
comunhão com várias Igrejas, ela deitou mão à obra. Pediu ajudas, procurou
formas institucionais para que os direitos destas pessoas sejam respeitados. Disponibilizou
a casa para acolher um sem-abrigo-James, da Roménia-, que se tornou um caminho
para cativar e ajudar outros “escavos como ele”, sem papéis, sem trabalho, sem
abrigo, todos abandonados à sua sorte.
Clara espera que o Projecto ganhe pernas para andar. Já
conseguiu ajuda para muitos indivíduos, católicos, muçulmanos ou sem religião.
Agora, com o projecto já apoiado por várias instituições e personalidades, quer
que seja reconhecido oficialmente.
Oração e acção
O projecto é baseado na dinâmica na acção que tem como força
dinâmica a oração. «Sem oração, nada se consegue», diz Clara. Formou um grupo
de oração de apoio ao projecto. Eles rezam antes de agir. Peço sempre a Deus
que me mostre a sua vontade, o que quer que eu faça, como posso ajudar aqueles
que precisam», testemunha ela.
«Quando rezo, choro pelos pobres», foi a sua frase que me
tocou o coração. Temos de cuidar destes “ escravos da Europa de hoje”, como os
chama Clara. É parte da missão de todos!
Por Pe. Carlos Nunes, mccj
(Artigo retirado da
revista “ Família Comboniana de Jan-Fev
14)
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