sexta-feira, 31 de dezembro de 2021
Wake up the world - (Rejoice Cover)
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
Santo Natal e Feliz Ano Novo 2022 !
"O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo.Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo.
Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o anjo
do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua
esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.
Ela dará à luz um Filho, e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados».
Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz:
«A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado Emanuel,
que quer dizer Deus connosco».
Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa."
Mt 1,1-18
Que Deus Menino, que se
fez tão próximo e que nos quer salvar, se encontre contigo hoje no teu
coração, e permaneça para sempre. Ámen.
São os votos do blog catequese missionária para este Natal e Novo Ano 2022 !
sábado, 27 de novembro de 2021
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
“Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!”
21 de novembro de 2021
“Levanta-te!
Eu te constituo testemunha do que viste!” (cf. At 26, 16)
Queridos jovens,
Gostaria de tomar-vos pela mão,
mais uma vez, para continuarmos juntos na peregrinação espiritual que nos
conduz rumo à Jornada Mundial da Juventude de Lisboa em 2023.
No ano passado, pouco antes de se
propagar a pandemia, assinava a mensagem cujo tema era «Jovem, Eu te
digo, levanta-te!» (cf. Lc 7, 14). Na sua providência, o
Senhor já queria preparar-nos para o desafio duríssimo que estávamos para
viver.
O mundo inteiro teve de
defrontar-se com o sofrimento causado pela perda de tantos entes queridos e
pelo isolamento social. A emergência sanitária impediu também a vós jovens –
por natureza projetados para o exterior – de sair para irdes à escola, à
universidade, ao trabalho, para vos encontrardes… Vistes-vos em situações
difíceis, que não estáveis acostumados a gerir. Aqueles que estavam menos
preparados e desprovidos de apoio sentiram-se desorientados. Em muitos casos, surgiram
problemas familiares, bem como desemprego, depressão, solidão e vícios; para
não falar do stresse acumulado, das tensões e explosões de raiva, do aumento da
violência.
Mas, graças a Deus, este não é o
único lado da moeda. Se a provação pôs a descoberto as nossas fragilidades, fez
emergir também as nossas virtudes, nomeadamente a predisposição à
solidariedade. Em toda a parte, vimos tantas pessoas, incluindo muitos jovens,
a lutar pela vida, semear esperança, defender a liberdade e a justiça, ser artífices
de paz e construtores de pontes.
Quando cai um jovem, de certo modo
cai a humanidade. Mas também é verdade que, quando um jovem se levanta, é como
se o mundo inteiro se levantasse. Queridos jovens, que grande potencialidade
tendes nas vossas mãos! Que força trazeis nos vossos corações!
Por isso, hoje, Deus diz a cada um
de vós mais uma vez: «Levanta-te!» Espero de todo o coração que esta mensagem
ajude a preparar-nos para tempos novos, para uma página nova na história da
humanidade. Mas não há possibilidades de recomeçar sem vós, queridos jovens.
Para levantar-se, o mundo precisa da vossa força, do vosso entusiasmo, da vossa
paixão. É neste sentido que gostaria de meditar, juntamente convosco, sobre o
trecho dos Atos dos Apóstolos onde Jesus diz a Paulo:
«Levanta-te! Constituo-te testemunha do que viste» (cf. At 26,
16).
Paulo, testemunha diante do rei
O versículo que serve de
inspiração ao tema do Dia Mundial da Juventude de 2021 encontra-se no
testemunho de Paulo diante do rei Agripa, no tempo em que estava detido na
prisão. Outrora inimigo e perseguidor dos cristãos, agora é julgado
precisamente pela sua fé em Cristo. À distância de vinte e cinco anos dos
factos, o Apóstolo conta a sua história e o episódio fundamental do seu
encontro com Cristo.
Paulo confessa que, no passado,
perseguira os cristãos, até que um dia, quando ia a Damasco para prender alguns
deles, uma luz «mais brilhante do que o Sol» o envolveu, a ele e aos seus
companheiros de viagem (cf. At 26, 13), mas só ele ouviu «uma
voz»: falou-lhe Jesus, chamando-o pelo nome.
«Saulo, Saulo!»
Aprofundemos, juntos, o
acontecimento. Ao chamá-lo pelo nome, o Senhor faz saber a Saulo que o conhece
pessoalmente. É como se lhe dissesse: «Sei quem és, sei o que estás a tramar,
mas, não obstante isso, é precisamente a ti que estou a falar». Pronuncia o seu
nome duas vezes, querendo significar uma vocação especial e muito importante,
como fizera com Moisés (cf. Ex 3, 4) e com Samuel (cf. 1
Sam 3, 10). Caindo por terra, Saulo reconhece que é testemunha duma
manifestação divina, duma revelação vigorosa, que o transtorna mas sem o
aniquilar; pelo contrário, interpela-o usando o nome.
Com efeito, só muda a vida um
encontro pessoal, não anónimo, com Cristo. Jesus mostra que conhece bem Saulo,
que «o conhece intimamente». Embora Saulo seja um perseguidor, embora haja ódio
no seu coração contra os cristãos, Jesus sabe que isso se fica a dever à
ignorância e quer manifestar nele a sua misericórdia. Será precisamente esta
graça, este amor imerecido e incondicional, a luz que transformará radicalmente
a vida de Saulo.
«Quem és tu, Senhor?»
Perante esta presença misteriosa
que o chama pelo nome, Saulo pergunta: «Quem és tu, Senhor?» (At 26,
15). Trata-se duma questão extremamente importante, e todos nós mais cedo ou
mais tarde na vida a devemos colocar. Não basta ter ouvido outros a falarem de
Cristo; é necessário falar com Ele pessoalmente. No fundo, rezar é isto. É
falar diretamente com Jesus, embora porventura tenhamos o coração ainda em
desordem, a cabeça cheia de dúvidas ou mesmo de desprezo por Cristo e pelos
cristãos. Faço votos de que cada jovem chegue, do fundo do coração, a fazer
esta pergunta: «Quem és tu, Senhor?».
Não podemos presumir que todos
conheçam Jesus, mesmo na era da internet. A pergunta que muitas pessoas dirigem
a Jesus e à Igreja é precisamente esta: «Quem és?». Em toda a narrativa da
vocação de São Paulo, esta é a única vez que ele fala. E, à sua pergunta, o
Senhor responde prontamente: «Eu sou Jesus a quem tu persegues» (26, 15).
«Eu sou Jesus a quem tu
persegues!»
Através desta resposta, o Senhor
Jesus revela um grande mistério a Saulo: que Ele Se identifica com a Igreja,
com os cristãos. Até então Saulo não vira nada de Cristo, senão os fiéis que
metera na prisão (cf. At 26, 10), dando o próprio assentimento
à sua condenação à morte (26, 10). E vira como os cristãos respondiam ao mal
com o bem, ao ódio com o amor, aceitando as injustiças, as violências, as
calúnias e as perseguições suportadas pelo nome de Cristo. Assim, bem vistas as
coisas, de algum modo Saulo – sem o saber – tinha encontrado Cristo:
encontrara-O nos cristãos.
Quantas vezes ouvimos dizer:
«Jesus sim, a Igreja não», como se um pudesse ser alternativa à outra. Não se
pode conhecer Jesus, se não se conhece a Igreja. Só se pode conhecer Jesus por
meio dos irmãos e irmãs da sua comunidade. Ninguém pode dizer-se plenamente
cristão, se não viver a dimensão eclesial da fé.
«É duro para ti recalcitrar
contra o aguilhão»
Estas são as palavras que o Senhor
dirige a Saulo, depois que ele caiu por terra. Mas é como se, já desde algum
tempo, lhe estivesse a falar misteriosamente procurando atraí-lo para Si, e
Saulo resistisse. A mesma suave «repreensão», dirige-a Nosso Senhor a cada
jovem que se mantém afastado: «Até quando fugirás de Mim? Porque é que não
sentes que te estou a chamar? Estou à espera do teu regresso». À semelhança do
que sucedeu ao profeta Jeremias, às vezes dizemos: «Não pensarei mais n’Ele!?»
(Jr 20, 9). Mas, no coração de cada um, há como que um fogo
ardente: embora nos esforcemos por contê-lo, não conseguimos porque é mais
forte do que nós.
O Senhor escolhe alguém que até O
persegue, completamente hostil a Ele e aos seus. Mas, para Deus, não há pessoa
que seja irrecuperável. Através do encontro pessoal com Ele, é sempre possível
recomeçar. Nenhum jovem está fora do alcance da graça e da misericórdia de
Deus. De ninguém se pode dizer: Está demasiado longe... É demasiado tarde...
Quantos jovens sentem a paixão de se opor e ir contra corrente, mas trazem
escondida no coração a necessidade de se comprometer, de amar com todas as suas
forças, de se identificar com uma missão! No jovem Saulo, Jesus vê exatamente
isto.
Reconhecer a própria cegueira
Podemos imaginar que, antes do
encontro com Cristo, Saulo estivesse de certo modo «cheio de si»,
considerando-se «grande» pela sua integridade moral, o seu zelo, as suas
origens, a sua cultura. Seguramente estava convencido da justeza da sua
posição. Mas, quando o Senhor se lhe revela, é «lançado por terra» e fica cego.
De repente, descobre que não é capaz, física e espiritualmente, de ver. As suas
certezas vacilam. No íntimo, sente que aquilo que o animava com tanta paixão,
ou seja, o zelo de eliminar os cristãos, estava completamente errado. Dá-se
conta de não ser o detentor absoluto da verdade; antes pelo contrário, está bem
longe dela. E, juntamente com as suas certezas, cai também a sua «grandeza». De
repente, descobre-se perdido, frágil, «pequeno».
Esta humildade – consciência da
própria limitação – é fundamental. Quem pensa que sabe tudo sobre si mesmo, os
outros e até sobre as verdades religiosas, terá dificuldade em encontrar
Cristo. Tendo ficado cego, Saulo perdeu os seus pontos de referência. Ficando
sozinho na escuridão, para ele as únicas coisas claras são a luz que viu e a
voz que ouviu. Que paradoxo! Precisamente quando uma pessoa reconhece estar
cega, começa a ver…
Depois da fulguração na estrada de
Damasco, Saulo preferirá ser chamado Paulo, que significa «pequeno». Não se
trata dum pseudónimo nem dum «nome de arte» (tão usado hoje mesmo entre as
pessoas comuns): o encontro com Cristo fê-lo sentir-se verdadeiramente assim,
derrubando o muro que o impedia de se conhecer com toda a verdade. De si mesmo
afirma: «É que eu sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado
Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus» (1 Cor 15, 9).
Santa Teresa de Lisieux gostava de
repetir, como aliás outros santos, que a humildade é a verdade. Hoje em dia
muitas «histórias» condimentam os nossos dias, principalmente nas redes
sociais, muitas vezes criadas habilmente com muitas filmagens, telecâmaras,
variados cenários. Procuram-se cada vez mais as luzes da ribalta, sabiamente
orientadas, para poder mostrar aos «amigos» e seguidores uma imagem de si mesmo
que às vezes não reflete a própria verdade. Cristo, meridiana luz, vem
iluminar-nos devolvendo-nos a nossa autenticidade, libertando-nos de todas as
máscaras. Mostra-nos claramente o que somos, porque nos ama tal como somos.
Mudar de perspetiva
A conversão de Paulo não é um
voltar para trás, mas abrir-se para uma perspetiva totalmente nova. Com efeito,
ele continua o caminho para Damasco, mas já não é o mesmo de antes; é uma
pessoa diversa (cf. At 22, 10). É possível converter-se e
renovar-se na vida ordinária, realizando as coisas que costumamos fazer, mas
com o coração transformado e com motivações diferentes. Neste caso, Jesus pede
expressamente a Paulo que vá até Damasco, para onde se dirigia. Paulo obedece, mas
agora a finalidade e a perspetiva da sua viagem mudaram radicalmente. A partir
de agora, verá a realidade com olhos novos: antes, eram os olhos do perseguidor
justiceiro; a partir de agora, serão os do discípulo testemunha. Em Damasco,
Ananias batiza-o e introdu-lo na comunidade cristã. No silêncio e na oração,
Paulo aprofundará a sua experiência e a nova identidade que o Senhor Jesus lhe
deu.
Não dispersar a força e a paixão
dos jovens
A atitude de Paulo, antes do
encontro com Jesus ressuscitado, não nos é muito estranha. Quanta força e
paixão vivem também nos vossos corações, queridos jovens! Mas, se a escuridão
ao vosso redor e dentro de vós mesmos vos impedir de ver corretamente, correis
o risco de perder-vos em batalhas sem sentido, e até de vos tornardes
violentos. E, infelizmente, as primeiras vítimas sereis vós mesmos e aqueles
que estão mais próximo de vós. Há também o perigo de lutar por causas que,
originalmente, defendem valores justos, mas, levadas ao extremo, tornam-se
ideologias destrutivas. Quantos jovens hoje, talvez impelidos pelas suas
próprias convicções políticas ou religiosas, acabam por se tornar instrumentos
de violência e destruição na vida de muitos! Alguns, que já nasceram rodeados
dos meios digitais, encontram o novo campo de batalha no ambiente virtual e nas
redes sociais, recorrendo sem escrúpulos à arma de falsas notícias para
espalhar venenos e demolir os seus adversários.
Quando o Senhor irrompe na vida de
Paulo, não anula a sua personalidade, não cancela o seu zelo e paixão, mas usa
os seus dotes para fazer dele o grande evangelizador até aos confins da terra.
Apóstolo dos gentios
Em seguida, Paulo será conhecido
como «o apóstolo dos gentios»; ele, que fora um fariseu escrupulosamente
observante da Lei! Aqui está outro paradoxo: o Senhor deposita a sua confiança
precisamente naquele que O perseguia. À semelhança de Paulo, cada um de nós
pode ouvir no fundo do coração esta voz que lhe diz: «Confio em ti. Conheço a
tua história e tomo-a nas minhas mãos juntamente contigo. Apesar de muitas
vezes teres estado contra Mim, escolho-te e torno-te minha testemunha». A
lógica divina pode fazer do pior perseguidor uma grande testemunha.
O discípulo de Cristo é chamado a
ser «luz do mundo» (Mt 5, 14). Paulo tem de testemunhar o que viu,
mas agora está cego. Estamos de novo perante um paradoxo! Mas, precisamente
através desta sua experiência pessoal, Paulo poderá identificar-se com aqueles
a quem o Senhor o envia. Com efeito, é constituído testemunha «para lhes abrir
os olhos e fazê-los passar das trevas à luz» (At 26, 18).
«Levanta-te e testemunha!»
Ao abraçar a vida nova que nos é
dada no Batismo, recebemos também uma missão do Senhor: «Serás minha
testemunha». É uma missão que pede a nossa dedicação e faz mudar a vida.
Hoje, o convite de Cristo a Paulo
é dirigido a cada um e cada uma de vós, jovens: Levanta-te! Não podes ficar por
terra a «lamentar-te com pena de ti mesmo»; há uma missão que te espera! Também
tu podes ser testemunha das obras que Jesus começou a realizar em ti. Por isso,
em nome de Cristo, eu te digo:
– Levanta-te e testemunha a tua
experiência de cego que encontrou a luz, viu o bem e a beleza de Deus em si
mesmo, nos outros e na comunhão da Igreja que vence toda a solidão.
– Levanta-te e testemunha o amor e
o respeito que se podem estabelecer nas relações humanas, na vida familiar, no
diálogo entre pais e filhos, entre jovens e idosos.
– Levanta-te e defende a justiça
social, a verdade e a retidão, os direitos humanos, os perseguidos, os pobres e
vulneráveis, aqueles que não têm voz na sociedade, os imigrantes.
– Levanta-te e testemunha o novo
olhar que te faz ver a criação com olhos cheios de maravilha, te faz reconhecer
a Terra como a nossa casa comum e te dá a coragem de defender a ecologia
integral.
– Levanta-te e testemunha que as
existências fracassadas podem ser reconstruídas, as pessoas já mortas no
espírito podem ressuscitar, as pessoas escravizadas podem voltar a ser livres,
os corações oprimidos pela tristeza podem reencontrar a esperança.
– Levanta-te e testemunha com
alegria que Cristo vive! Espalha a sua mensagem de amor e salvação entre os
teus coetâneos, na escola, na universidade, no trabalho, no mundo digital, por
todo o lado.
O Senhor, a Igreja, o Papa confiam
em vós e constituem-vos testemunhas junto de muitos outros jovens que
encontrais pelos «caminhos de Damasco» do nosso tempo. Não vos esqueçais: «Se
uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa
de muito tempo de preparação para sair a anunciá-lo, não pode esperar que lhe deem
muitas lições ou longas instruções. Cada cristão é missionário na medida em que
se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 120).
Levantai-vos e celebrai a JMJ nas
Igrejas Particulares!
Renovo a todos vós, jovens do
mundo inteiro, o convite a tomar parte nesta peregrinação espiritual que nos
levará à celebração da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa no ano de 2023. O
próximo encontro, porém, é nas vossas Igrejas Particulares, nas várias dioceses
e eparquias da terra, onde, na Solenidade de Cristo Rei, será celebrado – a
nível local – o Dia Mundial da Juventude de 2021.
Espero que todos nós possamos
viver estas etapas como verdadeiros peregrinos e não como «turistas da fé»!
Abramo-nos às surpresas de Deus, que quer fazer resplandecer a sua luz sobre o
nosso caminho. Abramo-nos à escuta da sua voz, inclusive através dos nossos
irmãos e irmãs. Assim ajudar-nos-emos uns aos outros a levantar-nos juntos e,
neste difícil momento histórico, tornar-nos-emos profetas de tempos novos,
cheios de esperança! A Bem-Aventurada Virgem Maria interceda por nós.
Roma, São João de Latrão, na Festa da Exaltação da Santa Cruz, 14 de setembro de 2021.
Francisco
Texto: Retirado do Site do Vaticano em 19.11.2021- http://www.vatican.va/
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 19.11.2021
sábado, 6 de novembro de 2021
Jesus oferece-lhes a paz, depois o Espírito e, por fim, as chagas
SANTA MISSA DA DIVINA MISERICÓRDIA
HOMILIA DO PAPA
FRANCISCO
Igreja do Santo Espírito em Sassia
II Domingo de Páscoa, 11 de abril de 2021
Jesus ressuscitado aparece aos discípulos várias
vezes; com paciência, conforta os seus corações desanimados. E assim, depois da
sua ressurreição, realiza a «ressurreição dos discípulos»; e estes, solevados
por Jesus, mudam de vida. Antes, inúmeras palavras e tantos exemplos do Senhor
não conseguiram transformá-los; mas agora, na Páscoa, algo de novo se verifica;
e verifica-se sob o signo da misericórdia: Jesus levanta-os com a misericórdia.
Sim, levanta-os com a misericórdia e eles, obtendo misericórdia,
tornam-se misericordiosos. É muito difícil ser misericordioso, se
não nos damos conta de ter obtido misericórdia.
1. Antes de tudo, obtêm misericórdia mediante três dons: primeiro, Jesus
oferece-lhes a paz,
depois o Espírito e,
por fim, as chagas. Em
primeiro lugar, dá-lhes a paz. Os discípulos estavam
angustiados. Fecharam-se em casa assustados, com medo de ser presos e acabar
como o Mestre. Mas não estavam fechados só em casa; estavam fechados também nos
seus remorsos: tinham abandonado e renegado Jesus; sentiam-se uns incapazes,
inúteis, falhados. Chega Jesus e repete duas vezes: «A paz esteja convosco!»
Não traz uma paz que, de fora, elimina os problemas, mas uma paz que infunde
confiança dentro. Não uma paz exterior, mas a paz do coração. Diz: «A paz
esteja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós» (Jo 20,
21). É como se dissesse: «Envio-vos, porque acredito em vós». Aqueles
discípulos desanimados recuperam a paz consigo mesmos. A paz de Jesus fá-los
passar do remorso à missão. De facto, a paz de Jesus suscita a
missão. Não é tranquilidade, nem comodidade; é sair de si mesmo. A paz de Jesus
liberta dos fechamentos que paralisam, quebra as correntes que mantêm o coração
prisioneiro. E os discípulos sentem-se cumulados de misericórdia: sentem que
Deus não os condena, nem humilha, mas acredita neles. É verdade! Acredita em
nós mais do que nós acreditamos em nós mesmos. «Ama-nos mais do que nos amamos
a nós mesmos» (cf. São J. H. Newman, Meditações e Devoções, III,
12,2). Para Deus, ninguém é falhado, ninguém é inútil, ninguém é excluído. E
Jesus continua hoje a repetir: «A paz esteja contigo, que és precioso aos meus
olhos. A paz esteja contigo, que és importante para Mim. A paz esteja contigo,
que tens uma missão. Ninguém pode realizá-la em teu lugar. És insubstituível. E
Eu acredito em ti».
Em segundo lugar, Jesus
usa de misericórdia com os discípulos oferecendo-lhes o Espírito Santo. Dá-O para a remissão dos pecados
(cf. Jo 20, 22-23). Os discípulos eram culpados; fugiram,
abandonando o Mestre. E o pecado acabrunha, o mal tem o seu preço. Como diz o
Salmo 51 (cf. v. 5), temos sempre diante de nós o nosso pecado. Sozinhos, não
podemos cancelá-lo. Só Deus o elimina; só Ele, com a sua misericórdia, nos faz
sair das nossas misérias mais profundas. Como aqueles discípulos, precisamos de
nos deixar perdoar, precisamos de dizer do fundo do coração: «Perdão, Senhor».
Precisamos de abrir o coração, para nos deixarmos perdoar. O perdão no Espírito
Santo é o dom pascal para ressuscitar interiormente. Peçamos a graça de o
acolher, de abraçar o Sacramento do perdão; e de compreender que,
no centro da Confissão, não estamos nós com os nossos pecados, mas Deus com a
sua misericórdia. Não nos confessamos para nos deprimir, mas para fazer-nos
levantar. Todos precisamos imenso disso. Precisamos disso como precisam os
pequeninos, sempre que caem, de ser levantados pelo pai. Também nós caímos com
frequência; e a mão do Pai está pronta a pôr-nos de pé e fazer-nos caminhar.
Esta mão segura e fiável é a Confissão. É o Sacramento que nos levanta, não nos
deixando caídos a chorar sobre as lajes duras das nossas quedas. É o Sacramento
da ressurreição, é pura misericórdia. E quem recebe as Confissões deve
fazer sentir a doçura da misericórdia. Tal é o caminho a seguir por aqueles que
ouvem as pessoas de Confissão: fazer-lhes sentir a doçura da misericórdia de
Jesus, que perdoa tudo. Deus perdoa tudo.
Depois da paz que reabilita e do perdão que levanta, eis o terceiro dom com que Jesus usa de
misericórdia com os discípulos: apresenta-lhes as chagas. Por
aquelas chagas, fomos curados (cf. 1 Ped 2, 24; Is 53,
5). Mas, como pode uma ferida curar-nos? Com a misericórdia. Naquelas chagas,
como Tomé, tocamos com a mão a verdade de Deus que nos ama profundamente, fez
suas as nossas feridas, carregou no seu corpo as nossas fragilidades. As chagas
são canais abertos entre Ele e nós, que derramam misericórdia sobre as nossas
misérias. As chagas são os caminhos que Deus nos patenteou para entrarmos na
sua ternura e tocar com a mão quem é Ele. E deixamos de duvidar da sua
misericórdia. Adorando, beijando as suas chagas, descobrimos que cada uma das
nossas fraquezas é acolhida na sua ternura. Isto acontece em cada Missa,
onde Jesus nos oferece o seu Corpo chagado e ressuscitado: tocamo-Lo e Ele toca
as nossas vidas. E faz descer a nós o Céu. As suas chagas luminosas rasgam a
escuridão que nós trazemos dentro. E nós, como Tomé, encontramos Deus,
descobrimo-Lo íntimo e próximo, e, comovidos, dizemos-Lhe: «Meu Senhor e meu
Deus!» (Jo 20, 28). E tudo nasce daqui, da graça de obter
misericórdia. Daqui começa o caminho cristão. Se, pelo contrário, nos apoiamos
nas nossas capacidades, na eficiência das nossas estruturas e dos nossos
projetos, não iremos longe. Só se acolhermos o amor de Deus é que poderemos dar
algo de novo ao mundo.
2. Assim fizeram os discípulos: tendo obtido
misericórdia, tornaram-se misericordiosos. Vemo-lo na primeira
leitura. Os Atos dos Apóstolos contam que «ninguém chamava seu ao que lhe
pertencia, mas entre eles tudo era comum» (4, 32). Não é comunismo, mas
cristianismo no seu estado puro. E o facto é ainda mais surpreendente, se
pensarmos que aqueles mesmos discípulos, pouco tempo antes, litigavam entre si
sobre prémios e honras, sobre qual deles era o maior (cf. Mc 10,
37; Lc 22, 24). Agora partilham tudo, têm «um só coração e uma
só alma» (At 4, 32). Como conseguiram mudar assim? Viram no outro a
mesma misericórdia que transformou a sua vida. Descobriram que tinham em comum
a missão, que tinham em comum o perdão e o Corpo de Jesus: a partilha dos bens
terrenos aparecia-lhes como uma consequência natural. Depois o texto diz que,
«entre eles, não havia ninguém necessitado» (4, 34). Os seus medos
dissolveram-se ao tocar as chagas do Senhor, agora não têm medo de curar as
chagas dos necessitados, porque ali veem Jesus, porque está Jesus ali, nas
chagas dos necessitados.
Irmã, irmão, queres uma prova de que Deus tocou a tua
vida? Verifica se te debruças sobre as chagas dos outros. Hoje é o dia de nos
perguntarmos: «Eu, que tantas vezes recebi a paz de Deus, que tantas vezes
recebi o seu perdão e a sua misericórdia, sou misericordioso com os outros? Eu,
que tantas vezes me alimentei do Corpo de Jesus, faço alguma coisa para matar a
fome a quem é pobre?» Não nos deixemos cair na indiferença. Não vivamos uma
fé a meias, que recebe mas não dá, que acolhe o dom mas não se faz dom.
Obtivemos misericórdia, tornemo-nos misericordiosos. Com efeito, se o amor
acaba em nós mesmos, a fé evapora-se num intimismo estéril; sem os outros,
torna-se desencarnada; sem as obras de misericórdia, morre (cf. Tg 2,
17). Irmãos, irmãs, deixemo-nos ressuscitar pela paz, o perdão e as chagas de
Jesus misericordioso. E peçamos a graça de nos tornar testemunhas de
misericórdia. Só assim será viva a fé; e a vida será unificada. Só assim
anunciaremos o Evangelho de Deus, que é Evangelho de misericórdia.
Texto: Retirado do Site do Vaticano em 06.11.2021- http://www.vatican.va/
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 06.11.2021
sexta-feira, 8 de outubro de 2021
Um olhar carregado de amor ou Amor no olhar
sábado, 2 de outubro de 2021
sábado, 25 de setembro de 2021
Jesus não dispensa a tua presença...
«Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: "Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar". E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: "Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo". Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: "Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres"» (Mt 26, 36-39).
Texto: Retirado
do Site do Vaticano em 25.09.2021- http://www.vatican.va/
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 25.09.2021-“Recriação da Paixão de Cristo em Vilar Maior”
Pastores na Europa: refletir, reconstruir, ver…
CONCELEBRAÇÃO
EUCARÍSTICA
COM OS
PARTICIPANTES NA ASSEMBLEIA PLENÁRIA DO CONSELHO
DAS
CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS DA EUROPA
(C.C.E.E.)
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de São Pedro
Quinta-feira, 23 de setembro de 2021
Temos três verbos que, hoje, nos oferece a Palavra de Deus e que
nos interpelam como cristãos e pastores na Europa: refletir, reconstruir, ver.
Refletir é
a primeira coisa que o Senhor convida a fazer por meio do profeta Ageu:
«Refleti, no vosso coração, sobre o caminho que tomastes». Di-lo duas vezes ao
povo (Ag 1, 5.7). E sobre que aspetos do seu caminho devia refletir
o povo de Deus? Ouçamos o que diz o Senhor: «É então tempo para vós habitardes
em casas confortáveis, enquanto esta casa está em ruínas?» (1, 4). Regressado
do exílio, o povo preocupara-se por arranjar as suas casas; agora contenta-se
com viver cómodo e tranquilo em casa, enquanto o templo de Deus está em ruínas
e ninguém o reconstrói. Este convite a refletir interpela-nos: de facto, também
hoje na Europa nós, cristãos, somos tentados a acomodar-nos nas nossas
estruturas, nas nossas casas e nas nossas igrejas, nas nossas seguranças
proporcionadas pelas tradições, na satisfação por um certo consenso, enquanto
em redor os templos se esvaziam e Jesus fica cada vez mais esquecido.
Reflitamos! Quantas pessoas deixaram de ter fome e sede de Deus!
Não porque sejam más, mas porque falta quem lhes abra o apetite da fé e
reacenda a sede que há no coração do homem: aquela «concriada e já perpétua
sede» de que fala Dante (Paraíso, II, 19) e que a ditadura do consumismo
– ditadura leve, mas sufocante – tenta extinguir. Muitos são levados a sentir
apenas necessidades materiais, não a falta de Deus. E com certeza
preocupamo-nos com isso, mas verdadeiramente quanto nos importamos? É fácil
julgar quem não crê, é cómodo elencar os motivos da secularização, do
relativismo e de tantos outros ismos, mas no fundo é estéril. A
Palavra de Deus leva-nos a refletir sobre nós mesmos: sentimos amizade e
compaixão por quem não teve a alegria de encontrar Jesus ou a perdeu? Estamos
tranquilos porque no fundo não nos falta nada para viver, ou inquietos ao ver
tantos irmãos e irmãs longe da alegria de Jesus?
E o Senhor, por meio do profeta Ageu, pede ao povo para refletir
sobre outra coisa. Diz assim: «Comestes mas não vos saciastes; bebestes, mas
não apagastes a vossa sede; vestistes-vos, mas não vos aquecestes» (1, 6).
Enfim, o povo tinha tudo o que queria, e não era feliz. Que lhe faltava? No-lo
sugere Jesus com palavras que parecem recalcar as de Ageu: «Tive fome e não me
destes de comer, tive sede e não me destes de beber, (…) estava nu e não me
vestistes» (Mt 25, 42-43). A falta de caridade causa infelicidade,
porque só o amor sacia o coração. Só o amor sacia o coração. Fechados no
interesse pelas próprias coisas, os habitantes de Jerusalém perderam o
sabor da gratuidade. Também este pode ser o nosso problema: concentrar-se
sobre as várias posições da Igreja, os debates, as agendas e estratégias, e
perder de vista o verdadeiro programa que é o do Evangelho: o zelo da caridade,
o ardor da gratuidade. O caminho de saída dos problemas e fechamentos é
sempre o do dom gratuito; não há outro. Reflitamos nisto.
E depois de ter refletido, temos o segundo passo: reconstruir. «Reedificai a
[minha] casa»: pede Deus através do profeta (Ag 1, 8). E o povo
reconstrói o templo. Cessa de contentar-se com um presente tranquilo, e
trabalha para o futuro. E como havia gente que era contrária, diz-nos o Livro
das Crónicas que trabalhavam com uma mão nas pedras, para construir, e a outra
na espada, para defender este processo de reconstrução. Não foi fácil
reconstruir o templo. Disto precisa a construção da casa comum europeia: deixar
as conveniências do imediato para voltar à visão clarividente dos pais
fundadores, uma visão – atrever-me-ia a dizer – profética
e de conjunto, porque não procuravam os consensos do momento, mas sonhavam
o futuro de todos. Assim foram construídas as paredes da casa europeia e só as,
é verdade sim se poderão robustecer. O mesmo vale também para a Igreja, casa de
Deus. Para torná-la bela e acolhedora, é necessário olhar juntos para o futuro,
não restaurar o passado. Infelizmente está na moda aquele “restauracionismo” do
passado que nos mata, que nos mata a todos. Sem dúvida, devemos partir dos
alicerces, das raízes – isto sim, é verdade –, porque dali se reconstrói: a
partir da tradição viva da Igreja, que nos alicerça sobre o essencial, ou seja,
o anúncio feliz, a proximidade e o testemunho.
Daqui se reconstrói: a partir dos alicerces da Igreja dos primórdios e de
sempre, da adoração de Deus e do amor ao próximo, não a partir dos próprios
gostos de cada um, nem dos pactos e negociações que se possam fazer agora –
digamos – para defender a Igreja e defender a cristandade.
Amados Irmãos, quero agradecer-vos por este trabalho não fácil de
reconstrução, que realizais com a graça de Deus. Obrigado por estes primeiros
50 anos ao serviço da Igreja e da Europa. Encorajemo-nos, sem nunca ceder ao
desânimo e à resignação: somos chamados pelo Senhor a uma obra esplêndida, a
trabalhar para que a sua casa seja cada vez mais acolhedora, para que cada um
possa entrar e viver nela, para que a Igreja tenha as portas abertas a todos e
ninguém se sinta tentado a concentrar-se apenas em olhar e trocar as
fechaduras. As pequenas coisas que nos deliciam… E somos tentados. Mas não! A
mudança tem de vir doutra parte, vem das raízes. A reconstrução vem doutra
parte.
O povo de Israel reconstruiu o templo com as suas próprias mãos.
Os grandes reconstrutores da fé do continente fizeram o mesmo – pensemos nos
Padroeiros. Puseram em jogo a sua pequenez, confiando em Deus. Penso nos
Santos, como Martinho, Francisco, Domingos, Pio que hoje comemoramos; penso nos
Patronos como Bento, Cirilo e Metódio, Brígida, Catarina de Sena, Teresa
Benedita da Cruz. Começaram por si mesmos, por mudar a própria vida, acolhendo
a graça de Deus. Não se preocuparam com os tempos sombrios, as adversidades e
qualquer divisão, que sempre existiu. Não perderam tempo a criticar e
culpabilizar. Viveram o Evangelho, sem se importar com a relevância e a
política. Assim, com a força suave do amor de Deus, encarnaram o seu estilo de
proximidade, de compaixão e de ternura – o estilo de Deus: proximidade,
compaixão e ternura – e construíram mosteiros, bonificaram terras, deram alma a
pessoas e países: nenhum programa “social” (entre aspas), só o Evangelho. E com
o Evangelho progrediram.
Reedificai a minha casa. O verbo está conjugado no
plural. Toda a reconstrução se realiza em conjunto, sob o signo da unidade, ou
seja, com os outros. Pode haver diferentes visões, mas deve-se sempre guardar a
unidade. Porque, se guardarmos a graça do todo, o Senhor edifica mesmo lá onde
nós não conseguimos. A graça do conjunto. Esta é a nossa chamada: ser Igreja,
formar um só Corpo entre nós. É a nossa vocação, como Pastores: reunir o
rebanho, não o dispersar nem mesmo preservar em belos recintos fechados. Isto é
matá-lo. Reconstruir significa fazer-se artesãos de comunhão, tecedores de
unidade a todos os níveis: não por estratégia, mas pelo Evangelho.
Se edificarmos desta forma, daremos aos nossos irmãos e irmãs a
chance de ver: é o
terceiro verbo. Aparece na conclusão do Evangelho de hoje, onde se diz que
Herodes procurava «ver Jesus» (cf. Lc 9, 9). Hoje, como então,
fala-se muito de Jesus. Então dizia-se que «João ressuscitara dos mortos, (...)
Elias aparecera, (...) um dos profetas antigos ressuscitara» (Lc 9,
7-8). Todos eles mostravam apreço por Jesus, mas não compreendiam a sua
novidade e encerravam-No em esquemas já vistos: João, Elias, os profetas...
Jesus, porém, não pode ser classificado nos esquemas do «ouvi dizer» ou do «já
visto?… Jesus sempre é novidade, sempre. O encontro com Jesus gera em ti
maravilha, e se, no encontro com Jesus, não sentes esta maravilha, não
encontraste Jesus
Muitos na Europa pensam que a fé seja algo já visto, que pertence
ao passado. Porquê? Porque não viram Jesus em ação nas suas vidas. E muitas
vezes não O viram, porque nós não O mostramos suficientemente com as nossas
vidas. Pois Deus vê-Se nos rostos e nos gestos de homens e mulheres
transformados pela sua presença. E se os cristãos, em vez de irradiarem a
alegria contagiante do Evangelho, repropuseram esquemas religiosos gastos,
intelectualistas e moralistas, as pessoas não veem o Bom Pastor. Não reconhecem
Aquele que, apaixonado por cada uma das suas ovelhas, a chama pelo nome,
procura-a e trá-la de volta colocando-a aos ombros. Não veem Aquele de Quem
pregamos a incrível Paixão, precisamente porque Ele tem uma única paixão: o
homem. Este amor divino, misericordioso e impressionante é a novidade perene do
Evangelho. E pede-nos a nós, amados Irmãos, opções sábias e ousadas, feitas em
nome daquela ternura louca com que Cristo nos salvou. Não nos pede para
demonstrar, pede-nos para mostrar Deus, como fizeram os Santos: não por
palavras, mas com a vida. Pede oração e pobreza, pede criatividade e
gratuidade. Ajudemos a Europa de hoje, doente de cansaço (esta
é a doença da Europa atual) a reencontrar o rosto sempre jovem de Jesus e da
sua esposa. Não podemos fazer outra coisa senão dar-nos completamente a nós
mesmos para que se veja esta beleza sem ocaso.
Texto: Retirado
do Site do Vaticano em 25.09.2021- http://www.vatican.va/
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 25.09.2021
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
Se vos deixardes guiar pelo Espírito, já não estais sob a lei
Catequese [do Papa Francisco] sobre a Carta aos Gálatas
4. A lei de Moisés
"Irmãos e irmãs, bom dia!
«O que é a lei?» (Gl 3, 19). Esta é a questão que,
seguindo São Paulo, desejamos aprofundar hoje, a fim de reconhecer a novidade
da vida cristã animada pelo Espírito Santo. Mas se há o Espírito Santo, se há
Jesus que nos redimiu, o que é a Lei? Sobre isto vamos refletir hoje. O
Apóstolo escreve: «Se vos deixardes guiar pelo Espírito, já não estais sob a
lei» (Gl 5, 18). Ao contrário, os detratores de Paulo afirmaram que
os Gálatas deviam seguir a Lei para ser salvos. Voltavam atrás. Eram
nostálgicos de outros tempos, dos tempos antes de Jesus Cristo. O Apóstolo não
está minimamente de acordo. Não foi nestes termos que ele tinha concordado com
os outros Apóstolos em Jerusalém. Ele lembra-se bem das palavras de Pedro
quando disse: «Por que tentais a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem
os nossos pais nem nós pudemos suportar?» (At 15, 10). As
disposições que emergiram daquele “primeiro concílio” - o primeiro concílio
ecuménico foi o de Jerusalém e as disposições que surgiram daquele concílio
eram muito claras, e diziam: «Pareceu-nos bem, ao Espírito Santo e a nós, não
vos impor outro peso além do seguinte, indispensável: que vos abstenhais das
carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, de animais sufocados, e da impureza»
(At 15, 28-29). Algumas coisas que diziam respeito ao culto a Deus,
à idolatria, referiam-se também à forma de compreender a vida daquela época.
Quando Paulo fala da Lei, refere-se normalmente à Lei mosaica, a
Lei de Moisés, os Dez Mandamentos. Estava relacionado com a Aliança que Deus
tinha estabelecido com o seu povo, um caminho para preparar aquela Aliança.
Segundo vários textos do Antigo Testamento, a Torá - que é o
termo hebraico com que se indica a Lei - é a coletânea de todas as prescrições
e regras que os israelitas devem observar, em virtude da Aliança com Deus. Uma
síntese eficaz do que é a Torá pode ser encontrada neste texto
do Deuteronómio, que diz: «O Senhor alegrar-se-á de novo em tornar-te
feliz, como se comprazia no tempo dos teus pais, contanto que obedeças à voz do
Senhor, teu Deus, observando os seus mandamentos e os seus preceitos escritos
neste livro da lei, e que voltes para o Senhor, teu Deus, com todo o teu
coração e toda a tua alma» (30, 9-10). A observância da Lei garantiu ao povo os
benefícios da Aliança e assegurou a sua ligação especial com Deus. Este povo,
esta gente, estas pessoas, estão ligados a Deus e mostram esta união com Deus
no cumprimento, na observância da Lei. Estabelecendo a Aliança com Israel, Deus
ofereceu-lhe a Torá, a Lei, para que pudesse compreender a Sua
vontade e viver em justiça. Pensamos que nessa altura havia necessidade de tal
Lei, foi um grande dom que Deus ofereceu ao seu povo, porquê? Porque nessa
altura havia paganismo em toda a parte, idolatria em toda a parte e o
comportamento humano que deriva da idolatria, e por esta razão o grande dom de
Deus ao seu povo é a Lei para ir em frente. Várias vezes, especialmente nos
livros dos profetas, constata-se que a não observância dos preceitos da Lei
constituía uma verdadeira traição da Aliança, provocando a reação da ira de
Deus. A ligação entre Aliança e Lei era tão estreita que as duas realidades
eram inseparáveis. A Lei é a expressão de que uma pessoa, um povo, está em aliança
com Deus.
À luz de tudo isto, é fácil compreender como os missionários que
se tinham infiltrado entre os Gálatas tiveram uma boa oportunidade ao afirmar
que a adesão à Aliança também implicava a observância da Lei mosaica, como era
na altura. No entanto, é precisamente sobre este ponto que podemos descobrir a
inteligência espiritual de São Paulo e as grandes intuições que ele expressou,
sustentado pela graça que recebeu para a sua missão evangelizadora.
O Apóstolo explica aos Gálatas que, na realidade, a Aliança com
Deus e a Lei mosaica não estão indissoluvelmente ligadas. O primeiro elemento
em que se baseia é que a Aliança estabelecida por Deus com Abraão se fundava na
fé no cumprimento da promessa e não na observância da Lei, que ainda não
existia. Abraão começou a caminhar muitos séculos antes da Lei. O Apóstolo
escreve: «Afirmo, pois: a Lei, que chegou quatrocentos e trinta anos mais tarde
[com Moisés], não pode anular o testamento feito por Deus [com Abraão], em boa
e devida forma, e não pode anular a promessa. Pois, se a herança se obtivesse
pela Lei, já não proviria da promessa. Ora, foi pela promessa que Deus concedeu
a sua graça a Abraão» (Gl 3, 17-18). A promessa existia antes
da Lei e a promessa a Abraão, a Lei, chegou 430 anos mais tarde. A palavra
“promessa” é muito importante: o povo de Deus, nós cristãos, caminhamos pela
vida olhando para uma promessa; a promessa é precisamente o que nos atrai,
atrai-nos para o encontro com o Senhor.
Com este raciocínio, Paulo alcançou um primeiro objetivo: a Lei
não é a base da Aliança porque veio mais tarde, foi necessária e justa, mas
primeiro houve a promessa, a Aliança.
Um argumento como este desarma aqueles que afirmam que a Lei
mosaica é uma parte constitutiva da Aliança. Não, a Aliança vem antes, é a
chamada a Abraão. Com efeito, a Torá, a Lei, não
está incluída na promessa feita a Abraão. Dito isto, não se deve pensar que São
Paulo era contrário à Lei mosaica. Não, ele observava-a. Várias vezes nas suas
Cartas, defende a sua origem divina e afirma que desempenha um papel muito
específico na história da salvação. No entanto, a Lei não dá vida, não oferece
o cumprimento da promessa, porque não está em condições de a poder cumprir. A
Lei é um caminho que te leva a avançar para o encontro. Paulo usa uma palavra
muito importante, a Lei é o “pedagogo” em relação a Cristo, o pedagogo em
relação à fé em Cristo, ou seja, o mestre que te leva pela mão ao encontro.
Aqueles que procuram a vida precisam de olhar para a promessa e para o seu
cumprimento em Cristo.
Caríssimos, esta primeira exposição do Apóstolo aos Gálatas
apresenta a novidade radical da vida cristã: todos aqueles que têm fé em Jesus
Cristo são chamados a viver no Espírito Santo, que liberta da Lei, levando-a ao
mesmo tempo a cumprimento segundo o mandamento do amor. Isto é muito
importante, a Lei leva-nos a Jesus. Mas alguns de vós podem dizer-me: “Mas
padre, uma coisa: quer dizer que se eu recitar o Credo não devo cumprir os
Mandamentos?”. Não, os Mandamentos são atuais no sentido de que são “pedagogos”,
que te conduzem ao encontro com Jesus. Mas se puseres de lado o encontro com
Jesus e quiseres voltar a dar mais importância aos Mandamentos, isto não é bom.
E foi precisamente este o problema daqueles missionários fundamentalistas, que
se introduziam entre os Gálatas para os desorientar. Que o Senhor nos ajude a
seguir pelo caminho dos Mandamentos, mas olhando para o amor a Cristo rumo ao
encontro com Cristo, conscientes de que o encontro com Jesus é mais importante
do que todos os Mandamentos.
______________________________
Resumo da catequese do Santo Padre:
«Porquê a Lei?» Eis a pergunta que, seguindo o que o Apóstolo
ensina aos Gálatas, queremos aprofundar hoje, a fim de reconhecer a novidade da
vida cristã animada pelo Espírito Santo. Quando fala da Lei, São Paulo se
refere à Lei Mosaica, relacionada com a aliança de Deus com o povo de Israel.
Mas o Apóstolo explica que Aliança e Lei não estão ligadas de modo
indissolúvel, pois a aliança estabelecida por Deus com Abraão estava
fundamentada sobre a fé no cumprimento da promessa e não sobre a observância da
Lei. A Lei, mesmo tendo um papel importante na história da salvação, não dá a
vida, não oferece o cumprimento da promessa. Quem busca a verdadeira vida
necessita dirigir o seu olhar para a promessa feita por Deus a Abraão e para a
sua plena realização em Cristo. Assim se apresenta a radical novidade da vida
cristã: todos aqueles que crêem em Jesus Cristo são chamados a viver no
Espírito Santo.
__________________________________
Saudações:
Saúdo os fiéis de língua portuguesa – vejo que estão presentes alguns brasileiros, os saúdo, muito bem! Queridos irmãos e irmãs de língua portuguesa: crer em Jesus Cristo, vivendo no Espírito Santo nos conduz à verdadeira vida. Peçamos ao Senhor que aumente nossa fé para que possamos participar da herança prometida. Que Deus vos abençoe!
Papa Francisco"
[Catequese na audiência geral de 11.08.2021]
Texto: Retirado do Site do Vaticano em 19.08.2021- http://www.vatican.va/
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 19.08.2021.
sexta-feira, 30 de julho de 2021
sábado, 10 de julho de 2021
Seguir Jesus é ter entranhas peregrinas
“Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado” (Mc 6,8)
O Evangelho
deste domingo marca o começo de uma nova etapa na vida e missão de Jesus. Os
discípulos vão estar incorporados à missão que, até agora, era realizada só
pelo Mestre.
Depois da
experiência de fracasso na sinagoga de seu povo, Jesus não só intensifica o
anúncio da “boa notícia” do Reino, mas compromete os seus discípulos nesse
ministério. A rejeição dos dirigentes e dos seus conterrâneos o obrigam a
buscar outros interlocutores que não estavam “viciados” pelo ensinamento
oficial.
Jesus, na Galileia,
encontrou os seus caminhos: junto ao mar, nas estradas poeirentas, nas
margens... Ele se fez “estrada” para encontrar aqueles que não tinham “lugar”,
os deslocados, os socialmente rejeitados e que eram a razão de seu amor e do
seu cuidado; fez-se solidário com aqueles que estavam à beira dos caminhos e os
convidou a caminhar para um novo lugar. Na Galileia, Jesus teve suas
preferências e escolheu o caminho da exclusão e da dor. Por isso, ao enviar
seus seguidores, lançou-os na “estrada da vida”, para serem presenças de vida
onde a vida era violentada: curar, expulsar demónios...
Para Ele, o
caminho é o lugar do novo, das surpresas, dos encontros...
Inúmeros
cristãos entendem sua fé só como uma “obrigação”. Há um conjunto de crenças que
devem ser “aceites”, embora muitos não conheçam o seu conteúdo nem saibam o
impacto que podem ter em suas vidas; há também um código de leis que “deve” ser
observado, embora muitos não entendam bem tanta exigência atribuída a Deus;
existem práticas religiosas que “devem” ser cumpridas, mesmo que seja de
maneira mecânica. Esta maneira de compreender e viver a fé gera um tipo de
cristão medíocre, sem desejo de Deus e sem criatividade nem paixão alguma por
contagiar sua fé. Contenta-se com “cumprir”. Esta religião não tem atrativo
algum; converte-se em um peso difícil de suportar e provoca alergia em muitos.
Na vivência
cristã, muitos passam do seguimento do “Homem das estradas poeirentas” ao mero
cumprimento de normas, ritos, doutrinas…
No entanto,
o caminho de Jesus não vai pelo terreno pantanoso do legalismo e do moralismo,
mas pelo terreno firme da misericórdia, do cuidado, do compromisso com a
vida...
Jesus tinha
alergia a lugares fechados, mofados...; ele preferia transitar pelos lugares
abertos, arejados, porque se deixava conduzir pelo Espírito.
Já nas
primeiras comunidades cristãs o seguimento de Jesus era vivido de outra
maneira. A fé cristã não era entendida como um “sistema religioso”; a vivência
do seguimento de Jesus era conhecida como “caminho”, que era a
maneira mais acertada para viver com sentido e esperança. Dizia-se que o
seguimento era um “caminho novo e vivo” e que
foi “inaugurado por Jesus para nós”; um caminho que deve ser
percorrido “com os olhos fixos n’Ele” (Heb 10,20;
12,2). Os cristãos eram conhecidos como os “adeptos do caminho”.
Por
isso, seguir Jesus Cristo era aderir a Ele incondicionalmente,
era “entrar” no seu caminho, recriá-lo a cada momento e
percorrê-lo até o fim. Seguir era deixar-se “configurar”,
isto é, movimento pelo qual a pessoa ia sendo modelada à imagem de
Jesus Cristo.
A nossa vida
é um êxodo, um sair constante do modo fechado de viver para
entrar em uma outra realidade nova. O peregrinar é o
elemento determinante e com maior valor simbólico para toda a vida. Existem
ainda céus por explorar, aventuras por empreender, pensamentos
por experimentar e experiências por aceitar; falta-nos ainda muito
por saber, por ver, por sentir, por desfrutar...
Precisamos
ser discípulos(as) da escola da vida.
É de suma
importância tomar consciência que a fé é um “percurso” e
não um sistema religioso. E no percurso há de tudo: caminhada prazerosa e
momentos de busca, desafio que é preciso superar, retrocessos, decisões,
dúvidas e interrogações... Tudo faz parte do caminho, também as dúvidas que
podem ser mais estimulantes que as poucas certezas e seguranças vividas de
forma rotineira e simplista.
O caminho é
coletivo, mas está feito de identidades particulares, onde cada um é
responsável e cuidador de seu próprio processo itinerante. Cada pessoa é, onde
habita, um fio tecedor de relações e interconexões, uma presença que ajuda a
construir uma cultura de diálogo acolhedor, em permanente abertura ao encontro.
Esta é a sabedoria divina que se expressa e se faz próxima em todos os detalhes
da vida.
Cada um(a) é
chamado(a) a fazer seu próprio percurso; cada um(a) é responsável da “aventura”
de sua vida; cada um(a) tem seu próprio ritmo. Não é preciso forçar nada. No
caminho cristão há etapas: as pessoas podem viver momentos e situações
diferentes. O importante é “caminhar”, não se deter, escutar o chamado que a todos
nos faz viver de maneira mais digna e ditosa.
“Fazer
estada com Jesus” pede
de todos nós uma atitude de abertura e de deslocamento frente ao outro, o que
implica colocar-nos em seu lugar, deixar-nos questionar e desinstalar por
ele... Importa, pois, redescobrir com urgência o encontro como
valor ético e como hábito permanente de vida.
Precisamos
nos levantar quotidianamente de nossos ambientes atrofiados, arejar nossa vida,
criar vínculos com aqueles que estão à margem; há sempre uma “estrada ferida”
que nos espera.
Faz parte do
processo de amadurecimento espiritual, abandonar as poeiras que,
desnecessariamente, carregamos. Não se trata de esquecer o passado ou de
ignorá-lo, abandonando nossa história. Mas há coisas e situações que carregamos
que nos fazem ficar presos, impossibilitados de alcançar novos rumos, novas
realizações. É preciso sacudir a poeira dos pés, em sinal de verdadeiro
desapego. Desapegar-nos de coisas e situações é um processo importante no
desenvolvimento de uma espiritualidade que nos faça crescer humanamente.
A orientação
de Jesus nos faz recordar a impactante frase -conselho de Frida Kahlo: “Onde
não puderes amar, não te demores”. Não há motivo razoável para
que permaneçamos onde o amor não pode acontecer e se realizar. Ajuda-nos, ainda,
a sabedoria poética de Mário Quintana, de que “amar é mudar a alma de casa”. O amor é
sempre saída de nós mesmos. Mas há portas fechadas. Nesse caso, não é
espiritualmente saudável permanecer com a poeira nos pés. É preciso sacudi-la,
e seguir viagem.
A paixão pelo Reino nos
mobiliza a levar adiante a missão, a ir aos lugares do mundo onde
há mais necessidade e ali realizar obras duradouras de maior proveito e fruto.
Para realizar esta nobre missão, não podemos permanecer sentados. Seguir Jesus
exige de nós uma dinâmica contínua, um colocar-nos a caminho em direção às margens.
Não podemos viver o chamamento do “Rei Eterno” a partir de uma cómoda
instalação pessoal. A disponibilidade, o despojamento e a mobilidade são
exigências básicas.
Corremos o
risco de viver em mundos-bolha; podemos construir nossa vida encapsulada em
espaços feitos de hábito e segurança, convivendo com pessoas semelhantes a nós
e dentro de situações estáveis. É difícil romper e sair do terreno conhecido,
deixar o convencional. Tudo parece conspirar para que nos mantenhamos dentro dos
limites politicamente correto. Todos podemos terminar estabelecendo fronteiras
vitais e sociais impermeáveis ao diferente. Se isso acontece, acabamos tendo
perspectivas pequenas, visões atrofiadas e horizontes limitados, ignorando um
mundo amplo, complexo e cheio de surpresas.
Deixar a
vida estreita para entrar no vasto horizonte de vida proposto por Jesus: eis o
desafio!
Texto
bíblico: Mc
6,7-13
Na
oração: Deus nos
chama a cada dia para o desconhecido, para o novo; Deus nos
tira de casa, nos faz sair do que é nosso, da segurança, da comodidade... e nos
faz entrar numa “terra nova”...
- No “mapa espiritual” de
seu interior (sentimentos, desejos, sonhos...) ainda existe uma “terra
desconhecida”, que proporciona interesse à vida, suscita curiosidade,
lhe impulsiona a caminhar?...
Ou está tudo
amarrado, formatado, atrofiado..., esvaziando seu espírito de busca?
Pe. Adroaldo
Palaoro sj
07.07.2021
Texto - Retirado do site - "CATEQUESEHoje - www.catequesehoje.org.br ", em 07.07.2021 - Um site de Catequese do Brasil, com muita qualidade!
Imagem: retirada da "Google Imagens em em 07.07.2021.