quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
Aujourd'hui le ciel s'est penché - Chant de Noël
Um Santo Natal e Feliz Ano Novo 2020!
Um Menino nos foi dado,
Ele quebra todas as cadeias!
Alegra-te e canta, porque Ele está em ti,
Por ti, e para ti também Ele nasceu!
Contempla-O,
Pequenino, pobre e humilde, O Verbo de Deus!
Comtempla-O no teu próximo,
Pois aí, também Ele quis nascer e permanecer!
Contempla-O, no Sacramento do Altar,
E assim, o teu agir se transformará!
BLOG CATEQUESE MISSIONÁRIA
É NATAL
De Jessé, raiz fecunda
Cumprindo-se a profecia,
Cheio de graça e perdão
Nasce Jesus de Maria.
Um Menino nos foi dado
E um Filho nos nasceu.
Glória a Deus e paz na terra
Cantam os Anjos no Céu.
A lua, o sol, as estrelas
E tudo quanto o Céu cobre
Cantem ao Rei do Universo
Que quis nascer como pobre.
É o Príncipe da paz,
Admirável Conselheiro.
Traz o império sobre os ombros,
Salvador do mundo inteiro.
Anjos no céu aparecem,
Cantando glória e louvor,
E os pastores reconhecem
O Cordeiro do Senhor.
Glória seja dada ao Pai
E ao Espírito também,
Glória seja dada ao Filho
Nos braços da Virgem Mãe.
Texto: Hino de Vesperas I, Tempo do Natal, retirado do livro da Liturgia das horas
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
CORAÇÃO ABERTO PARA ACREDITAR
Catequese do Papa Francisco sobre os Atos dos
Apóstolos
Bom dia, estimados irmãos e
irmãs!
Lendo os Atos dos Apóstolos vê-se
que o Espírito Santo é o protagonista da missão da Igreja: é Ele quem guia o
caminho dos evangelizadores, mostrando-lhes a vereda a seguir.
Vemos isto claramente no momento
em que o Apóstolo Paulo, ao chegar a Troade, tem uma visão. Um Macedônio
suplica-lhe: «Vem à Macedônia e ajuda-nos!» (At 16, 9). O povo da
Macedônia do Norte é orgulhoso disto, muito orgulhoso de ter chamado Paulo,
para que ele anunciasse Jesus Cristo. Lembro-me muito bem daquele bonito povo,
que me recebeu com tanto entusiasmo: oxalá conserve a fé que Paulo lhe
anunciou! O Apóstolo não hesita e parte para a Macedônia, certo de que é o
próprio Deus que o envia, e chega a Filipos, «colônia romana» (At 16,
12) na Via Egnácia, para pregar o Evangelho. Paulo passa ali vários dias. São
três os acontecimentos que caraterizam a sua permanência em Filipos, naqueles
três dias: três acontecimentos importantes. 1) A evangelização e o batismo de
Lídia e da sua família; 2) a prisão que sofreu, com Silas, depois de ter exorcizado
uma escrava explorada pelos seus senhores; 3) a conversão e o batismo do seu
carcereiro e da sua família. Vemos estes três episódios na vida de Paulo.
O poder do Evangelho visa
sobretudo as mulheres de Filipos, em particular Lídia, uma comerciante de
púrpura, na cidade de Tiatira, uma crente em Deus a quem o Senhor abre o
coração «para aderir às palavras de Paulo» (At 16, 14). Com efeito,
Lídia acolhe Cristo, recebe o Batismo com a sua família e hospeda aqueles
que pertencem a Cristo, acolhendo Paulo e Silas na sua casa. Aqui
temos o testemunho da chegada do cristianismo à Europa: o início de um processo
de inculturação que continua até hoje. Ele veio da Macedônia.
Depois do entusiasmo
experimentado na casa de Lídia, Paulo e Silas têm que enfrentar a dureza da
prisão: passam da consolação da conversão de Lídia e da sua família para a
desolação do cárcere, onde foram lançados por terem libertado, em nome de
Jesus, «uma serva que tinha um espírito de adivinhação» e que «dava muito lucro
aos seus senhores» com o trabalho de adivinha (At 16, 16). Os seus
senhores ganhavam muito dinheiro e aquela pobre escrava fazia o que os
adivinhos fazem: adivinhava o futuro, lia as mãos — como diz a canção, “prendi
questa mano, zingara” [“pega nesta mão, cigana”] — e as pessoas pagavam por
isto. Prezados irmãos e irmãs, ainda hoje há pessoas que pagam por isto.
Lembro-me que na minha diocese, num parque muito grande, havia mais de 60
mesinhas, diante das quais estavam sentados os adivinhos e as adivinhas, que
liam as mãos e as pessoas acreditavam nessas coisas! E pagavam. E isto
acontecia também na época de São Paulo. Por retaliação, os seus senhores
denunciam Paulo e conduzem os Apóstolos perante os magistrados com a acusação
de desordem pública.
Mas o que acontece? Paulo está na
prisão e, durante a sua detenção, verifica-se algo surpreendente. Está
desolado, mas em vez de se queixar, Paulo e Silas cantam louvores a Deus e este
louvor desencadeia um poder que os liberta: durante a oração, um tremor de terra
abala os fundamentos da prisão, as portas abrem-se e as correntes de todos caem
(cf. At 16, 25-26). Como a oração de Pentecostes, também a
prece recitada na prisão provoca efeitos prodigiosos.
Julgando que os prisioneiros
tinham escapado, o carcereiro estava prestes a suicidar-se, pois quando um
prisioneiro escapava, os carcereiros pagavam com a própria vida; mas Paulo
brada-lhe: «Estamos todos aqui!» (At 16, 27-28). Então, ele
pergunta: «Que devo fazer para ser salvo?» (v. 30). A resposta é: «Acredita no
Senhor Jesus, e assim tu e os teus sereis salvos» (v. 31). É neste ponto que se
verifica a mudança: no meio da noite, o carcereiro e a sua família ouvem a
palavra do Senhor, acolhem os Apóstolos, lavam as suas feridas — porque tinham
sido espancados — e, com a sua família, recebem o Batismo; então, ele
«entrega-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus» (v. 34),
prepara a mesa e convida Paulo e Silas a permanecer com eles: o momento da
consolação! No meio da noite deste carcereiro anônimo, a luz de Cristo brilha e
vence as trevas: as correntes do coração caem e, nele e na sua família,
floresce uma alegria nunca experimentada. É assim que o Espírito Santo cumpre a
missão: desde o início, do Pentecostes em diante, Ele é o protagonista da
missão. E leva-nos adiante; devemos ser fiéis à vocação que o Espírito nos
impele a abraçar. Para anunciar o Evangelho!
Peçamos também nós hoje ao
Espírito Santo um coração aberto, sensível a Deus e hospitaleiro para com os
nossos irmãos, como o de Lídia, e uma fé arrojada, como a de Paulo e de Silas,
e inclusive um coração aberto, como o do carcereiro que se deixa tocar pelo
Espírito Santo.
Papa Francisco
Catequese na audiência geral
30.10.2019
Texto: retirado do site
"Catequese do Brasil"-www.catequesedobrasil.org.br, em 20.12.2019;
Imagem: retirada da
"Google Imagens"/abraço do Ser-dia mundial das crianças, em 20.12.2019;
IGREJA DE PORTAS ABERTAS
Catequese do Papa Francisco sobre os Atos dos
Apóstolos
O livro dos Atos dos
Apóstolos diz-nos que São Paulo, depois daquele encontro
transformador com Jesus, é acolhido pela Igreja de Jerusalém, graças à mediação
de Barnabé, e começa anunciar Cristo. Mas, devido à hostilidade de alguns,
ele é forçado a mudar-se para Tarso, sua cidade natal, onde Barnabé se junta a
ele, na longa jornada da Palavra de Deus . Pode-se dizer
que o livro dos Atos dos Apóstolos, que estamos a comentar nesta catequese, é o
livro do longo caminho da Palavra de Deus: a Palavra de Deus deve ser anunciada,
e anunciada em todos os lugares. Esta jornada começa após uma forte
perseguição (cf. Hch 11,19); mas isso, em vez de ser uma
dificuldade para a evangelização, torna-se numa oportunidade de expandir o
campo onde semear a boa semente da Palavra. Os cristãos não têm
medo. Eles devem fugir, mas fogem com a Palavra, e espalham-na por toda
parte.
Paulo e Barnabé chegaram pela
primeira vez a Antioquia da Síria, onde ficam um ano inteiro a ensinar e ajudar
a comunidade a criar raízes (cf. At 11,26). Eles
anunciaram à comunidade judaica. Antioquia torna-se assim o centro da
propulsão missionária, graças à pregação dos dois evangelistas - Paulo e
Barnabé - alcançam o coração dos crentes que aqui, em Antioquia, são chamados
pela primeira vez de "cristãos" (cf. . At 11, 26).
O livro de Atos revela a natureza
da Igreja, que não é uma fortaleza, mas espaço aberto, em expansão, capaz (cf. Is 54,2) de acolher a
todos. A Igreja está "de saída", ou não é uma igreja, ou está em
caminho, sempre expandindo seu espaço para que todos possam entrar, ou não é
igreja. «Uma igreja de portas abertas» (Exortação. Ap. Evangelii
Gaudium , 46), sempre com as portas abertas. Quando vejo uma
pequena igreja aqui, nesta cidade, ou quando a vejo em outra diocese de onde
vim, com as portas fechadas, acho que é um mau sinal. As igrejas devem ter
sempre suas portas abertas, porque são o símbolo do que é uma igreja: sempre
aberta. A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai. [...]
Dessa forma, se alguém quiser seguir um movimento do Espírito e vier procurar
Deus, não encontrará a frieza das portas fechadas »( ibid . ,
47).
Mas a essa novidade, a quem se
abre as portas? Aos pagãos , porque os apóstolos
pregavam aos judeus, mas também aos pagãos que batiam à porta; e essa
novidade de portas abertas aos pagãos desencadeia uma controvérsia muito
viva. Alguns judeus afirmam a necessidade de se tornarem judeus através da
circuncisão para salvar a si mesmos e depois receber o batismo. Eles
dizem: "Se você não se circuncidar de acordo com o mosaico personalizado,
não poderá se salvar" ( Atos 15,1), ou seja, você não
pode receber o batismo mais tarde. Primeiro o rito judaico e depois o
batismo: essa era a sua posição. E para resolver o problema, Paulo e
Barnabé consultam o conselho dos apóstolos e dos anciãos em Jerusalém, e o que
é considerado o primeiro conselho na história da Igreja, o conselho ou assembleia
de Jerusalém , a que Paulo se refere na Carta aos Gálatas (2,1-10).
Uma questão teológica, espiritual
e disciplinar muito delicada é abordada: isto é, a relação entre a fé
em Cristo e a observância da Lei de Moisés. No decurso da assembleia,
os discursos de Pedro e Tiago, "colunas" da Igreja Matriz, são
decisivos (cf. Atos 15.7-21; Gl 2.9). Eles
convidam a não impor a circuncisão aos pagãos, mas apenas a pedir que rejeitem
a idolatria e todas as suas expressões. Da discussão vem o caminho comum, e essa decisão,
ratificada com a chamada carta apostólica enviada a Antioquia.
A assembleia de Jerusalém lança
luz significativa sobre como lidar com as diferenças e buscar a "verdade
na caridade" ( Ef 4:15). Lembra-nos que o método
eclesial de resolução de conflitos se baseia no diálogo, constituído pela
escuta atenta e paciente e pelo discernimento feito à luz do Espírito. De
fato, é o Espírito que ajuda a superar os fechamentos e tensões, age nos
corações para que alcancem a verdade e a bondade, a unidade. Este texto
ajuda-nos a entender a sinodalidade. É interessante que, enquanto escrevem
a Carta: os apóstolos começam dizendo: «O Espírito Santo e pensamos o
que ... É típico da sinodalidade, da presença do Espírito Santo, caso
contrário, não é sinodalidade, é parlamentar, parlamento, outra coisa.
Papa Francisco
Catequese na audiência geral
23.10.2019
(texto traduzido do espanhol no
site do Vaticano)
Texto e imagem : retirados do site "Catequese do
Brasil"-www.catequesedobrasil.org.br,
em 20.12.2019 (texto, com algumas pequenas adaptações para o Português de Portugal)
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Em Maria descobrimos que todos somos imaculados
“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1,28)
Celebramos
neste domingo (8/12) a festa de Maria Imaculada. O dogma da Imaculada Conceição
foi proclamado pelo Papa Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, no dia 08 de
dezembro de 1854. Nele se afirma que Maria, à diferença dos demais seres
humanos, não se viu alcançada pelo “pecado original”, sendo “imaculada” (“sem
mancha”) desde o momento de sua concepção.
Mas,
falar de Maria como Imaculada tem um sentido muito mais profundo que a
afirmação dogmática de “ser preservada da mancha original”. Falar da Imaculada
é tomar consciência de que, em um ser humano (Maria), descobrimos algo, no mais
profundo de seu ser, que foi sempre limpo, puro, sem mancha alguma, imaculado.
O verdadeiramente importante é que, se esse núcleo imaculado está presente em
um ser humano (Maria), então podemos ter a garantia de que está presente em
todos os seres humanos.
O
próprio S. Paulo afirma que “em Cristo Jesus, Deus nos elegeu, antes da criação
do mundo, para sermos santos e imaculados, diante dele, no amor”. (Ef 1,4).
Essa eleição é para todos, sem exceção. Não é uma possibilidade, mas a
realidade que nos faz ser. Descobri-la e vivê-la, sim, depende de nós.
Essa
dimensão de nosso ser que nada nem ninguém pode manchar, é nosso autêntico ser.
É o tesouro escondido, a pérola preciosa.
Ao
longo dos séculos, temos colocado sobre a figura de Maria uma infinidade de
adornos que levaremos muito tempo para tirar e voltar à sua simplicidade e
pureza originais. Maria não necessita adornos. A festa de Maria Imaculada nos
revela a presença do divino nela e em nós. Nela descobrimos as maravilhas de
Deus. O núcleo íntimo de Maria é imaculado, incontaminado, porque é o que há de
Deus nela. Maria é grande porque descobriu e viveu o divino que fez nela sua
morada. Não são os mantos luxuosos e os adornos colocados sobre ela, através
dos séculos, que a faz grande, mas o fato de ter descoberto seu ser fundado em
Deus e ter expandido sua feminilidade a partir desta realidade.
O
que devemos admirar em Maria é o fato de ter vivido essa realidade e ter deixado
transparecer o divino através de todos os poros de seu ser humano. Ela deixa
passar a luz que há em seu interior, sem diminui-la nem filtrá-la. Quando se
diz que Maria é Imaculada, quer-se dizer que é no silêncio do corpo, no
silêncio do coração, do silêncio do Espírito que o Verbo pode ser gerado.
Como
foi possível que Maria alcançasse essa plenitude? Aqui está o verdadeiro
sentido do dogma da Imaculada. Ela foi o que foi porque descobriu e viveu essa
realidade de Deus nela. Tudo o que tem de exemplaridade para nós devemos a ela,
não porque Deus lhe tenha cumulado de privilégios. Ela é referência inspiradora
para todos nós porque podemos seguir sua trajetória e podemos descobrir e viver
o que ela descobriu e viveu. Se continuamos considerando Maria como uma
privilegiada, continuaremos pensando que ela foi o que foi graças a algo que
nós não temos; portanto, toda tentativa de imitá-la seria em vão.
Dentro
de cada um de nós, constituindo o núcleo de nosso ser, existe uma realidade
transcendente, que não pode ser contaminada. O divino que há em nós,
permanecerá sempre puro e limpo. Maria ativou esta dimensão de seu ser até
empapar tudo o que ela era, “alma e corpo”. O que celebramos é sua plenitude de
vida, aberta e expansiva, e não um privilégio que a livrou de uma
“mancha”.
Podemos
dizer que Maria é imaculada, porque viveu essa realidade de Deus nela. Ela é
Imaculada para todos, por todos e em todos; em outras palavras, em Maria somos
todos imaculados(as); somos imacula-dos(as) em nosso verdadeiro ser. O dogma da
Imaculada Conceição fala de todos nós: isso é o que realmente somos. Em nossa
verdadeira identidade, somos imaculados, limpos, inocentes…
Falamos
demais sobre o “pecado original” e muito pouco sobre a “beatitude original”.
Existe em nós uma realidade mais profunda que a nossa resistência, um sim mais
profundo que todos os nossos “nãos”, uma inocência original que todos os nossos
medos e feridas... É preciso encontrar a confiança original. Maria
é o estado de confiança original. Assim, os Antigos Padres da Igreja viam nela
o modelo da beatitude original, a mulher da pura confiança, do sim original
Àquele que É. Maria é a nossa verdadeira natureza, é a nossa verdadeira
inocência original, aberta à presença do divino.
A
partir desta perspectiva, Maria nos está recordando que, graças a pessoas
parecidas com ela, ou seja, pessoas que se esvaziaram de seu próprio “ego”, é
que foram capazes de entrar em sintonia com a Vontade de Deus; é ali, somente
ali, no espaço interior, livre de todo resquício de auto-centramento, que Deus
pode entrar, continua e continuará entrando em nosso mundo, para trazer sua Boa
Nova, traduzida em tantas e tantas realidades concretas.
A
afirmação de que ela tenha sido “concebida sem pecado original” corre o risco
de situá-la muito distante de nós. Pelo contrário, se a veneramos e nela nos
inspiramos para viver o seguimento do seu Filho Jesus é porque a encontramos
muito próxima de nossa vida. A vida que temos vivido até agora e a que
continuamos vivendo: cheia de luzes e sombras, de esperanças e de desencantos.
Maria
é grande por sua simplicidade, porque aceita ser serva, em sintonia com Deus.
Maria não é uma extra-terrestre, mas uma pessoa humana exatamente igual a cada
um de nós. O extra-ordinário nela foi sua fidelidade e disponibilidade, sua
capacidade de entrega. Toda a grandeza de Maria está contida em uma só palavra:
“fiat”. Maria não pôs nenhum obstáculo para que o divino que havia nela se
expandisse totalmente; por isso, chegou à plenitude do humano. Devemos nos alegrar
que um ser humano possa nos ensinar o caminho da plenitude, do divino.
Nesse
sentido, Maria é a referência para todos nós porque a vemos como a pessoa que
foi crescendo dia-a-dia, sempre aberta ao projeto de Deus. Esvaziando-se de si
mesma, renunciando à sua vontade, para que Deus, o Todo-poderoso, como ela
mesma cantará no Magnificat, entrasse em nossa história, encarnado na pessoa de
Jesus. Um Deus “todo-Poderoso” que não usou seu poder para atuar de maneira
impositiva, mas, em Maria “realizou maravilhas” para que, através dela, seu
amor e sua misericórdia se fizessem visíveis a toda a humanidade. “Seu amor se
estende de geração em geração...”, proclamará também no Magnificat.
Inspirados
em Maria, é preciso encontrar, em nós mesmos, este lugar por onde entra a vida,
este lugar por onde entra o divino, este lugar por onde entra o amor. É uma
experiência de silêncio, uma experiência de vazio, alguma coisa de mais
profundo do que aquilo que se chama o “pecado original”.
É
assim que se fala de Imaculada conceição. O Verbo é concebido no que há de mais
imaculado em nós, no que há de mais completamente silencioso. Isto supõe que
haja no corpo humano um lugar onde não existe memória doentia nem a presença do
“ego cheio de si”, mas do eu esvaziado, de onde nasce a vida.
É
preciso entrar num estado de silêncio, de vazio de si mesmo, de total
receptividade, para que o Verbo possa ser gerado em nós. “Assim novamente
encarnado”, nos diz S. Inácio de Loyola.
Texto bíblico: Lc 1,26-38
Na oração: No relato da Anunciação, descreve-se um itinerário de
iniciação espiritual. É preciso, antes de mais nada, entrar neste estado de
escuta, neste estado de confiança, neste sim, pacificar nossas memórias e,
então, não ter medo da visita do anjo e da alegria que ele pode trazer.
Mas
também não ter medo da perturbação que pode surgir. Tal perturbação é que nos
faz descer ao chão de nossa vida, vai nos conduzir até a sombra, até o mais
profundo de nosso eu interior, até a profundeza da nossa humanidade. E é ali
que que vai brotar o nosso “sim” original; é ali que vai nascer o divino que
nos conduzirá à plenitude de vida.
-
Fazer memória das experiências de “anunciação” em sua vida: o que mudou? quê
movimentos vitais surgiram?
Pe. Adroaldo Palaoro sj
06.12.2019
Parte
escrita - Retirada do site - "CATEQUESEHoje - www.catequesehoje.org.br ", em
13.12.2019 - Um site com brasileiro com muita qualidade!
Imagem-
Paravra de Deus para mim e para ti, que recebi num "café ", algures no Santuário
de Paray-le-Monial (Agosto 2019) !
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
UM CORAÇÃO NOVO
Bom dia, queridos irmãos e irmãs!
Na catequese de hoje, que conclui o percurso sobre os Dez
Mandamentos, podemos utilizar como tema-chave o dos desejos, que nos permite
percorrer de novo o caminho trilhado e resumir as etapas alcançadas, lendo o
texto do Decálogo, sempre à luz da plena revelação em Cristo.
Começamos pela gratidão, como base da relação de confiança e
de obediência: como vimos, Deus, nada pede antes de ter dado muito mais. Ele
convida-nos à obediência para nos resgatar do engano das idolatrias que têm um
grande poder sobre nós. Com efeito, procurar a própria realização nos ídolos
deste mundo esvazia-nos e escraviza-nos, enquanto o que confere estatura e
consistência é a relação com Aquele que, em Cristo, nos torna filhos a partir
da sua paternidade (cf. Ef 3, 14-16).
Isto implica um processo de bênção e de libertação, as quais
são o descanso verdadeiro, autêntico. Como reza o Salmo: «Só em Deus repousa a
minha alma, só dele me vem a salvação» (Sl 62 [61], 2).
Esta vida livre torna-se aceitação da nossa história pessoal
e reconcilia-nos com aquilo que vivemos desde a infância até ao presente,
tornando-nos adultos e capazes de atribuir a devida importância às realidades e
às pessoas da nossa vida. Por este caminho entramos em relação com o próximo
que, a partir do amor que Deus mostra em Jesus Cristo, é uma chamada à beleza
da fidelidade, da generosidade e da autenticidade.
Mas para viver assim — ou seja, na beleza da fidelidade, da
generosidade e da autenticidade — precisamos de um coração novo, habitado pelo
Espírito Santo (cf. Ez 11, 19; 36, 26). Pergunto-me: como acontece este
“transplante” de coração, do coração velho para o coração novo? Através da
dádiva de desejos novos (cf. Rm 8, 6), que são semeados em nós pela graça de
Deus, de maneira especial mediante os Dez Mandamentos, levados a cumprimento
por Jesus, como Ele ensina no “sermão da montanha” (cf. Mt 5, 17-48). Com
efeito, na contemplação da vida descrita pelo Decálogo, isto é, uma existência
grata, livre, autêntica, abençoada, adulta, protetora e amante da vida, fiel,
generosa e sincera, nós, quase sem nos darmos conta, voltamos a encontrar-nos
diante de Cristo. O Decálogo é a sua “radiografia”, descreve-o como um negativo
fotográfico que deixa transparecer a sua face, como no santo Sudário. E assim o
Espírito Santo fecunda o nosso coração, inserindo nele os desejos que são seu
dom, os desejos do Espírito. Desejar segundo o Espírito, desejar ao ritmo do
Espírito, desejar com a música do Espírito.
Olhando para Cristo, vemos a beleza, o bem e a verdade. E o
Espírito gera uma vida que, atendendo a estes seus desejos, desencadeia em nós
a esperança, a fé e o amor.
Deste modo descobrimos melhor o que significa que o Senhor
Jesus não veio para abolir a lei, mas para lhe dar cumprimento, para a fazer
crescer, e enquanto a lei segundo a carne era uma série de prescrições e
proibições, segundo o Espírito esta mesma lei torna-se vida (cf. Jo 6, 63; Ef
2, 15), porque já não é uma norma, mas a carne do próprio Cristo, que nos ama,
procura, perdoa, consola e, no seu Corpo, volta a compor a comunhão com o Pai,
perdida por causa da desobediência do pecado. E assim a negatividade literária,
a negatividade na expressão dos mandamentos — “não roubarás”, “não insultarás”,
“não matarás” — aquele “não” transforma-se numa atitude positiva: amar, abrir
espaço para os outros no meu coração, todos desejos que semeiam positividade. E
esta é a plenitude da lei que Jesus veio trazer-nos.
Em Cristo, e unicamente n’Ele, o Decálogo deixa de ser
condenação (cf. Rm 8, 1), tornando-se a verdade autêntica da vida humana, ou
seja, desejo de amor — aqui nasce um desejo de bem, de praticar o bem — desejo
de alegria, desejo de paz, de magnanimidade, de benevolência, de bondade, de
fidelidade, de mansidão e de temperança. Daqueles “nãos” passa-se para este
“sim”: a atitude positiva de um coração que se abre com a força do Espírito
Santo.
Eis para que serve procurar Cristo no Decálogo: para fecundar
o nosso coração, a fim de que esteja repleto de amor e se abra à ação de Deus.
Quando o homem atende ao desejo de viver segundo Cristo, então abre a porta à
salvação, a qual não pode deixar de vir, porque Deus Pai é generoso e, como
afirma o Catecismo, «tem sede de que nós tenhamos sede d’Ele» (n. 2560).
Se são os maus desejos que arruínam o homem (cf. Mt 15,
18-20), o Espírito insere no nosso coração os seus santos desejos, que
constituem o germe da vida nova (cf. 1 Jo 3, 9). Efetivamente, a vida nova não
é um esforço titânico para ser coerente com uma norma, mas a vida nova é o
Espírito do próprio Deus, que começa a orientar-nos para os seus frutos, numa
feliz sinergia entre a nossa alegria de sermos amados e a sua alegria de nos
amar. Encontram-se as duas alegrias: a alegria de Deus de nos amar e a nossa
alegria de sermos amados.
Eis no que consiste o Decálogo para nós, cristãos: contemplar
Cristo a fim de nos abrirmos para receber o seu coração, para receber os seus
desejos, para receber o seu Espírito Santo.
Papa Francisco
Catequese na Audiência Geral 28.12.2018
Texto: retirado do site "Catequese do Brasil"-www.catequesedobrasil.org.br, em 12.12.2019;
Imagem: retirada da "Google Imagens" em 12.12.2019;
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