Oração Inicial:
Ó glorioso Deus altíssimo,
ilumina as trevas do meu coração,
concede-me uma fé verdadeira,
uma esperança firme
e um amor perfeito.
Mostra-me, Senhor,
o reto sentido e conhecimento,
a fim de que possa cumprir
a tua santa e verdadeira vontade.
ilumina as trevas do meu coração,
concede-me uma fé verdadeira,
uma esperança firme
e um amor perfeito.
Mostra-me, Senhor,
o reto sentido e conhecimento,
a fim de que possa cumprir
a tua santa e verdadeira vontade.
O que é a Vocação?
O tema a aprofundar hoje será a Vocação de São
Francisco de Assis. No entanto, para compreendermos verdadeiramente como se foi
desenvolvendo a vocação na sua vida, é importante que nos questionemos primeiro
o que é a Vocação e a que tipo e vocação nos estamos a referir.
Muitas vezes já ouvimos dizer que o João tem vocação
para a música ou que a vocação da Maria é ser médica. Nestes dois casos estamos
a falar que determinada pessoa se sente inspirada a fazer algo, que tem jeito
para aquilo. Mas não é a esse tipo de vocação que nos referimos. A vocação a
que nos propomos tratar é muito mais ‘profunda’…
Vocação significa que existe alguém que chama e alguém
que responde a esse chamamento. Mais concretamente, Deus que prepara um projeto
e que chama determinada pessoa a acolher e levar por diante esse projeto, que
foi cuidadosamente preparado por Deus. É de salientar que Ele não obriga
ninguém a aceitar esse projeto, mas propõe, dá liberdade de escolha. Convida a
abandonar o caminho que a pessoa tinha planeado para abraçar o caminho que Deus
lhe propõe. E a pessoa tem a liberdade de dizer que sim, ou não…
E este chamamento não acontece apenas com alguns
eleitos, mas com todos nós. É verdade! Deus chama a todos, mas a vocações
diferentes. Isto porque, como nós não somos iguais, Deus cria um projeto
especial e único para cada um de nós. É como se o projeto estivesse
intrinsecamente unido ao nosso ADN. Assim sendo, o chamamento que faz ao
António será diferente daquele feito à Ana, ainda que por vezes possa ter
inúmeras semelhanças. Podem até ser chamados a caminhar juntos, a partilhar o
mesmo projeto, mas cada um com uma vocação única e peculiar.
A Vocação na Sagrada Escritura - A Vocação do Profeta
Jeremias
A palavra do SENHOR foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te haver
formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua
mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações.» E eu respondi: «Ah!
Senhor DEUS, eu não sei falar, pois ainda sou um jovem.» Mas o SENHOR
replicou-me: «Não digas: ‘Sou um jovem’. Pois irás aonde Eu te enviar e dirás
tudo o que Eu te mandar. Não terás medo diante deles, pois Eu estou contigo
para te livrar» – oráculo do SENHOR. (Jeremias 1,4-8)
Para Refletir: Deus chama
Jeremias a abraçar a vocação que Deus cuidadosamente preparou para ele.
Jeremias tem medo de não ser capaz de levar por diante tão grande projeto e por
isso vacila. Deus jamais pediria a Jeremias mais do que aquilo que ele seria
capaz de suportar, e por isso Deus dá-lhe confiança, garantindo-lhe a Sua
presença constante a seu lado para o fortalecer e proteger nas dificuldades que
irá encontrar ao longo do caminho. Seguir o caminho proposto por Deus não é
fácil, pois irão aparecer sempre inúmeros obstáculos… mas é certamente o
caminho que conduzirá à maior das alegrias e à verdadeira felicidade.
A Vocação de São Francisco de Assis
Também Francisco foi chamado por Deus a ser sinal e
instrumento da Paz e do Bem, da alegria e do amor de Deus. A forma como cresce
dentro dele esta vocação é bastante pertinente e digna de ser observada com
maior atenção…
(lê o texto individualmente e vai sublinhando o que te
chamar mais à atenção)
Francisco nasceu na cidade de Assis. Sua mãe dera-lhe
o nome de João; mas o pai, ausente quando ele nasceu, ao voltar da França,
deu-lhe o nome de Francisco. Quando chegou à juventude, dotado de espírito
vivo, exerceu o ofício de seu pai, o comércio, mas de modo muito diferente do
dele: era mais generoso e mais alegre, entregava-se aos divertimentos e ao
canto, e vagueava, dia e noite, pela cidade, com amigos da sua idade. Era tão
liberal nos gastos, que dissipava em festas e banquetes tudo o que tinha ou
ganhava. Seus pais repreendiam-no por esbanjar o dinheiro consigo e com os
outros. Quem o visse, julgá-lo-ia filho dum príncipe e não de comerciantes.
Mas, como eram ricos e o amavam ternamente, iam suportando tudo, não o querendo
desgostar por tais fantasias. Ele, sempre mais pródigo, também não tinha
moderação na maneira de vestir: mandava fazer roupas mais ricas que as que
convinham à sua condição social.
Certa noite, durante o sono, apareceu-lhe um homem;
chamando-o pelo seu nome, conduziu-o a um palácio, grande e encantador, cheio
de armas de guerra; havia, suspensos das paredes, escudos refulgentes e todos
os outros objetos próprios do equipamento militar. Cheio de alegria,
interrogava-se com espanto o que significaria aquilo. Depois perguntou: «A quem
pertencem estas armas que brilham com tanto esplendor, e este palácio tão
encantador?» Ouviu esta resposta: «Todas estas armas, com o palácio, são para
ti e para os teus cavaleiros».
De manhã, levantou-se radiante. Interpretando as
coisas ao jeito do mundo, pois não tinha ainda saboreado o espírito de Deus,
acreditou que o sonho lhe pressagiava honras principescas. Julgando, portanto,
esta visão como o anúncio de grande fortuna, decidiu partir imediatamente para
a Apúlia, para ser armado cavaleiro. Mostrava uma alegria tão grande para além
do habitual, que muitos ficavam surpreendidos e perguntavam-lhe donde lhe vinha
tamanha alegria. «Sei – respondeu – que me tornarei um grande príncipe».
Um dia, quando dormitava, ouviu uma voz a
perguntar-lhe onde queria ir. Revelou com prazer toda a sua ambição. Então a
voz acrescentou: «Quem te pode dar mais, o senhor ou o servo?» Respondeu: «O
Senhor». A voz replicou: «Ora bem; porque deixas o Senhor pelo servo, o
príncipe pelo vassalo?» Então Francisco perguntou: «Que quereis que eu faça,
Senhor?» «Volta para a tua terra – disse a voz – e lá saberás o que deves
fazer, porque a visão que sonhaste, deves interpretá- la de modo completamente
diferente». Acordado, começou a refletir longamente sobre esta nova visão.
Enquanto que a primeira, por assim dizer, o pusera fora de si de alegria, pois
satisfazia os seus desejos de prosperidade temporal, esta recolheu-o todo para
dentro de si. Maravilhado, procurava- lhe o sentido e meditava-a com tanta
atenção, que não conseguiu conciliar o sono no resto da noite. De manhã, tomou
o caminho de Assis, apressado, feliz e alegre em extremo. Esperou com confiança
que Deus, depois de o honrar com esta visão, lhe desse a conhecer a sua vontade
e o aconselhasse para a sua salvação. O seu coração mudara. Renunciou a ir à
Apúlia. Não desejava mais que conformar-se com a vontade divina.
Um dia, em que ele orava ao Senhor com todo o fervor,
falou-lhe uma voz: «Francisco, tudo o que tu amaste e desejaste possuir segundo
a carne, tens agora que o detestar e desprezar, se queres conhecer a minha
vontade. Quando o alcançares, o que outrora te parecia encantador e delicioso,
ser-te-á insuportável e amargo; e no que antes te causava horror, colherás
extrema doçura e suavidade ilimitada».
Confortado por estas palavras e pela graça de Deus,
Francisco passeava um dia a cavalo, não longe de Assis, quando se encontrou com
um leproso. Ordinariamente a vista da lepra causava-lhe calafrios. Nesta
ocasião ele fez violência a si mesmo: desceu do cavalo, ofereceu uma esmola ao
leproso e beijou-o; naquele momento reconheceu a verdade da promessa divina: o
que outrora lhe era amargo, ou seja, a vista e o contacto dos leprosos,
converteu-se em doçura. De facto, a vista dos leprosos era-lhe antes tão
irritante, que não só não os queria ver como não consentia em se aproximar do
lugar em que habitavam. E se alguma vez sucedia passar perto dos seus casebres
ou vê-los, desviava sempre a vista e chegava mesmo a tapar o nariz. Mas a graça
de Deus tornou-o familiar e amigo dos leprosos, a ponto de ficar de bom gosto
em sua companhia e de os servir com humildade.
Algum tempo depois, ao passar perto da igreja de São
Damião, uma voz interior impeliu-o a entrar e orar. Tendo entrado, começou a
rezar com fervor diante da imagem de Cristo Crucificado, a qual lhe falou com
doçura e benevolência: «Francisco, não vês que a minha casa cai em ruínas? Vai
e repara-ma». A tremer e cheio de assombro, respondeu: «Vou fazê-lo
prontamente, Senhor». Compreendeu tratar-se da igreja de São Damião, com muitos
sinais de velhice, que faziam prever ruína próxima. As palavras divinas
encheram-no de alegria e a sua alma iluminou-se de viva luz.
Um dia ouviu, durante a celebração da missa, o que
Cristo recomendou aos seus discípulos quando os enviou a pregar: não levar para
a viagem nem ouro, nem prata, nem bolsa, nem pão, nem bastão; não usar calçado,
não possuir duas túnicas. Compreendeu mais claramente estas palavras, quando em
seguida pediu ao padre que lhas explicasse. Então, cheio de indizível alegria,
exclamou: «Eis o que quero realizar, com todas as minhas forças». Confiando à
memória todos os conselhos ouvidos, alegremente se esforçou por pô-los em
prática. Sem hesitar, desembaraçou-se da túnica dupla; e, a partir deste
momento, não mais usou o bastão, nem calçado, nem saco, nem bolsa. Manda fazer
uma túnica muito pobre e grosseira; deita fora a correia e, para cinto, toma
uma corda. Põe toda a solicitude do seu coração em escutar as inspirações desta
nova graça e pergunta- se como poderá transpô-las para a sua vida. Levado por
impulso divino, fez-se o arauto da perfeição evangélica e começou a pregar a
penitência ao povo em linguagem familiar.
Pouco a pouco o bem-aventurado Francisco dava-se a
conhecer, na verdade e simplicidade da sua doutrina e da sua vida, de modo que,
dois anos após a sua conversão, alguns homens, empolgados pelo seu exemplo,
decidiram fazer penitência e, renunciando a todas as coisas do mundo, quiseram
juntar-se a ele pelo hábito e pela vida (Cf. Legenda dos Três Companheiros).
Para refletir: Francisco de
Assis, tal como tantos jovens do seu tempo desejava ser cavaleiro, ambicionava
ser alguém importante, de grande reconhecimento diante dos outros. Deus
inicialmente pareceu confirmar os seus planos, mostrando-lhe que tinha grandes
projetos para Francisco. No entanto, o caminho apresentado por Deus para
alcançar tal meta era bem diferente daquele idealizado por Francisco. Aqui
surge o mérito de Francisco: ser capaz não apenas de escutar, mas
principalmente de acolher a voz que fala ao seu coração, de estar disponível
para ouvir e predispor-se a percorrer novos caminhos.
O grande e ambicioso projeto é de Deus. Projeto esse
que, sabemos nós hoje, levará Francisco a fazer grandes coisas.… mas para isso
Francisco deveria renunciar aos seus projetos pessoais, deveria deixar-se
conduzir por caminhos que até então lhe davam a maior repulsa. Francisco queria
subir, mas Deus diz-lhe que tem que descer. Francisco queria ser o maior, Deus
diz-lhe que deverá ser o último. E, pouco a pouco, Francisco compreenderá que
aquilo que inicialmente lhe parecia amargo se converterá em doçura de alma e de
corpo.
Podemos então dizer que o grande mérito de Francisco
está simplesmente no dizer SIM… e não foi coisa pouca. Francisco teve a coragem
de dar o seu Sim, de acolher a vocação que Deus tinha preparado para ele, mas
acima de tudo, de permanecer fiel a esse Sim, a essa vocação, até ao fim…
(Após a leitura e breve reflexão individual deverão
juntar-se em pequenos grupos, onde cada um possa partilhar as suas
impressões. Após a discussão nos grupos, reúnem-se todos e partilham de
modo resumido os pontos essenciais falados).
Breve introdução à realidade atual
Após a partilha, poderão colocar-se algumas questões
para discussão… como por exemplo…
a) Como pode Francisco de Assis ser inspiração para
nós hoje?
b) Sinto que também eu estou a abraçar a Vocação à
qual Deus me chama?
c). Como posso viver a minha vocação no grupo de
jovens, na Igreja e no mundo?
Oração final:
Deus Pai de Misericórdia, nós te pedimos que continues
a tocar os corações de todos os Teus filhos e a chamar ‘trabalhadores para a
Tua vinha’, como fizeste com São Francisco de Assis e tantos outros. Tu que
conheces o mais íntimo na nossa alma, converte-nos também a nós ao Teu amor, e
ajuda-nos a dizermos o nosso SIM à Tua vontade. E, seguindo os Teus caminhos,
nos tornemos verdadeiros sinais e instrumentos do Teu amor. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Ámen.
Texto e imagem retirado do site dos Franciscanos Capuchinhos, https://capuchinhos.org, em 06.07.2019.
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