quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
Aujourd'hui le ciel s'est penché - Chant de Noël
Um Santo Natal e Feliz Ano Novo 2020!
Um Menino nos foi dado,
Ele quebra todas as cadeias!
Alegra-te e canta, porque Ele está em ti,
Por ti, e para ti também Ele nasceu!
Contempla-O,
Pequenino, pobre e humilde, O Verbo de Deus!
Comtempla-O no teu próximo,
Pois aí, também Ele quis nascer e permanecer!
Contempla-O, no Sacramento do Altar,
E assim, o teu agir se transformará!
BLOG CATEQUESE MISSIONÁRIA
É NATAL
De Jessé, raiz fecunda
Cumprindo-se a profecia,
Cheio de graça e perdão
Nasce Jesus de Maria.
Um Menino nos foi dado
E um Filho nos nasceu.
Glória a Deus e paz na terra
Cantam os Anjos no Céu.
A lua, o sol, as estrelas
E tudo quanto o Céu cobre
Cantem ao Rei do Universo
Que quis nascer como pobre.
É o Príncipe da paz,
Admirável Conselheiro.
Traz o império sobre os ombros,
Salvador do mundo inteiro.
Anjos no céu aparecem,
Cantando glória e louvor,
E os pastores reconhecem
O Cordeiro do Senhor.
Glória seja dada ao Pai
E ao Espírito também,
Glória seja dada ao Filho
Nos braços da Virgem Mãe.
Texto: Hino de Vesperas I, Tempo do Natal, retirado do livro da Liturgia das horas
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
CORAÇÃO ABERTO PARA ACREDITAR
Catequese do Papa Francisco sobre os Atos dos
Apóstolos
Bom dia, estimados irmãos e
irmãs!
Lendo os Atos dos Apóstolos vê-se
que o Espírito Santo é o protagonista da missão da Igreja: é Ele quem guia o
caminho dos evangelizadores, mostrando-lhes a vereda a seguir.
Vemos isto claramente no momento
em que o Apóstolo Paulo, ao chegar a Troade, tem uma visão. Um Macedônio
suplica-lhe: «Vem à Macedônia e ajuda-nos!» (At 16, 9). O povo da
Macedônia do Norte é orgulhoso disto, muito orgulhoso de ter chamado Paulo,
para que ele anunciasse Jesus Cristo. Lembro-me muito bem daquele bonito povo,
que me recebeu com tanto entusiasmo: oxalá conserve a fé que Paulo lhe
anunciou! O Apóstolo não hesita e parte para a Macedônia, certo de que é o
próprio Deus que o envia, e chega a Filipos, «colônia romana» (At 16,
12) na Via Egnácia, para pregar o Evangelho. Paulo passa ali vários dias. São
três os acontecimentos que caraterizam a sua permanência em Filipos, naqueles
três dias: três acontecimentos importantes. 1) A evangelização e o batismo de
Lídia e da sua família; 2) a prisão que sofreu, com Silas, depois de ter exorcizado
uma escrava explorada pelos seus senhores; 3) a conversão e o batismo do seu
carcereiro e da sua família. Vemos estes três episódios na vida de Paulo.
O poder do Evangelho visa
sobretudo as mulheres de Filipos, em particular Lídia, uma comerciante de
púrpura, na cidade de Tiatira, uma crente em Deus a quem o Senhor abre o
coração «para aderir às palavras de Paulo» (At 16, 14). Com efeito,
Lídia acolhe Cristo, recebe o Batismo com a sua família e hospeda aqueles
que pertencem a Cristo, acolhendo Paulo e Silas na sua casa. Aqui
temos o testemunho da chegada do cristianismo à Europa: o início de um processo
de inculturação que continua até hoje. Ele veio da Macedônia.
Depois do entusiasmo
experimentado na casa de Lídia, Paulo e Silas têm que enfrentar a dureza da
prisão: passam da consolação da conversão de Lídia e da sua família para a
desolação do cárcere, onde foram lançados por terem libertado, em nome de
Jesus, «uma serva que tinha um espírito de adivinhação» e que «dava muito lucro
aos seus senhores» com o trabalho de adivinha (At 16, 16). Os seus
senhores ganhavam muito dinheiro e aquela pobre escrava fazia o que os
adivinhos fazem: adivinhava o futuro, lia as mãos — como diz a canção, “prendi
questa mano, zingara” [“pega nesta mão, cigana”] — e as pessoas pagavam por
isto. Prezados irmãos e irmãs, ainda hoje há pessoas que pagam por isto.
Lembro-me que na minha diocese, num parque muito grande, havia mais de 60
mesinhas, diante das quais estavam sentados os adivinhos e as adivinhas, que
liam as mãos e as pessoas acreditavam nessas coisas! E pagavam. E isto
acontecia também na época de São Paulo. Por retaliação, os seus senhores
denunciam Paulo e conduzem os Apóstolos perante os magistrados com a acusação
de desordem pública.
Mas o que acontece? Paulo está na
prisão e, durante a sua detenção, verifica-se algo surpreendente. Está
desolado, mas em vez de se queixar, Paulo e Silas cantam louvores a Deus e este
louvor desencadeia um poder que os liberta: durante a oração, um tremor de terra
abala os fundamentos da prisão, as portas abrem-se e as correntes de todos caem
(cf. At 16, 25-26). Como a oração de Pentecostes, também a
prece recitada na prisão provoca efeitos prodigiosos.
Julgando que os prisioneiros
tinham escapado, o carcereiro estava prestes a suicidar-se, pois quando um
prisioneiro escapava, os carcereiros pagavam com a própria vida; mas Paulo
brada-lhe: «Estamos todos aqui!» (At 16, 27-28). Então, ele
pergunta: «Que devo fazer para ser salvo?» (v. 30). A resposta é: «Acredita no
Senhor Jesus, e assim tu e os teus sereis salvos» (v. 31). É neste ponto que se
verifica a mudança: no meio da noite, o carcereiro e a sua família ouvem a
palavra do Senhor, acolhem os Apóstolos, lavam as suas feridas — porque tinham
sido espancados — e, com a sua família, recebem o Batismo; então, ele
«entrega-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus» (v. 34),
prepara a mesa e convida Paulo e Silas a permanecer com eles: o momento da
consolação! No meio da noite deste carcereiro anônimo, a luz de Cristo brilha e
vence as trevas: as correntes do coração caem e, nele e na sua família,
floresce uma alegria nunca experimentada. É assim que o Espírito Santo cumpre a
missão: desde o início, do Pentecostes em diante, Ele é o protagonista da
missão. E leva-nos adiante; devemos ser fiéis à vocação que o Espírito nos
impele a abraçar. Para anunciar o Evangelho!
Peçamos também nós hoje ao
Espírito Santo um coração aberto, sensível a Deus e hospitaleiro para com os
nossos irmãos, como o de Lídia, e uma fé arrojada, como a de Paulo e de Silas,
e inclusive um coração aberto, como o do carcereiro que se deixa tocar pelo
Espírito Santo.
Papa Francisco
Catequese na audiência geral
30.10.2019
Texto: retirado do site
"Catequese do Brasil"-www.catequesedobrasil.org.br, em 20.12.2019;
Imagem: retirada da
"Google Imagens"/abraço do Ser-dia mundial das crianças, em 20.12.2019;
IGREJA DE PORTAS ABERTAS
Catequese do Papa Francisco sobre os Atos dos
Apóstolos
O livro dos Atos dos
Apóstolos diz-nos que São Paulo, depois daquele encontro
transformador com Jesus, é acolhido pela Igreja de Jerusalém, graças à mediação
de Barnabé, e começa anunciar Cristo. Mas, devido à hostilidade de alguns,
ele é forçado a mudar-se para Tarso, sua cidade natal, onde Barnabé se junta a
ele, na longa jornada da Palavra de Deus . Pode-se dizer
que o livro dos Atos dos Apóstolos, que estamos a comentar nesta catequese, é o
livro do longo caminho da Palavra de Deus: a Palavra de Deus deve ser anunciada,
e anunciada em todos os lugares. Esta jornada começa após uma forte
perseguição (cf. Hch 11,19); mas isso, em vez de ser uma
dificuldade para a evangelização, torna-se numa oportunidade de expandir o
campo onde semear a boa semente da Palavra. Os cristãos não têm
medo. Eles devem fugir, mas fogem com a Palavra, e espalham-na por toda
parte.
Paulo e Barnabé chegaram pela
primeira vez a Antioquia da Síria, onde ficam um ano inteiro a ensinar e ajudar
a comunidade a criar raízes (cf. At 11,26). Eles
anunciaram à comunidade judaica. Antioquia torna-se assim o centro da
propulsão missionária, graças à pregação dos dois evangelistas - Paulo e
Barnabé - alcançam o coração dos crentes que aqui, em Antioquia, são chamados
pela primeira vez de "cristãos" (cf. . At 11, 26).
O livro de Atos revela a natureza
da Igreja, que não é uma fortaleza, mas espaço aberto, em expansão, capaz (cf. Is 54,2) de acolher a
todos. A Igreja está "de saída", ou não é uma igreja, ou está em
caminho, sempre expandindo seu espaço para que todos possam entrar, ou não é
igreja. «Uma igreja de portas abertas» (Exortação. Ap. Evangelii
Gaudium , 46), sempre com as portas abertas. Quando vejo uma
pequena igreja aqui, nesta cidade, ou quando a vejo em outra diocese de onde
vim, com as portas fechadas, acho que é um mau sinal. As igrejas devem ter
sempre suas portas abertas, porque são o símbolo do que é uma igreja: sempre
aberta. A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai. [...]
Dessa forma, se alguém quiser seguir um movimento do Espírito e vier procurar
Deus, não encontrará a frieza das portas fechadas »( ibid . ,
47).
Mas a essa novidade, a quem se
abre as portas? Aos pagãos , porque os apóstolos
pregavam aos judeus, mas também aos pagãos que batiam à porta; e essa
novidade de portas abertas aos pagãos desencadeia uma controvérsia muito
viva. Alguns judeus afirmam a necessidade de se tornarem judeus através da
circuncisão para salvar a si mesmos e depois receber o batismo. Eles
dizem: "Se você não se circuncidar de acordo com o mosaico personalizado,
não poderá se salvar" ( Atos 15,1), ou seja, você não
pode receber o batismo mais tarde. Primeiro o rito judaico e depois o
batismo: essa era a sua posição. E para resolver o problema, Paulo e
Barnabé consultam o conselho dos apóstolos e dos anciãos em Jerusalém, e o que
é considerado o primeiro conselho na história da Igreja, o conselho ou assembleia
de Jerusalém , a que Paulo se refere na Carta aos Gálatas (2,1-10).
Uma questão teológica, espiritual
e disciplinar muito delicada é abordada: isto é, a relação entre a fé
em Cristo e a observância da Lei de Moisés. No decurso da assembleia,
os discursos de Pedro e Tiago, "colunas" da Igreja Matriz, são
decisivos (cf. Atos 15.7-21; Gl 2.9). Eles
convidam a não impor a circuncisão aos pagãos, mas apenas a pedir que rejeitem
a idolatria e todas as suas expressões. Da discussão vem o caminho comum, e essa decisão,
ratificada com a chamada carta apostólica enviada a Antioquia.
A assembleia de Jerusalém lança
luz significativa sobre como lidar com as diferenças e buscar a "verdade
na caridade" ( Ef 4:15). Lembra-nos que o método
eclesial de resolução de conflitos se baseia no diálogo, constituído pela
escuta atenta e paciente e pelo discernimento feito à luz do Espírito. De
fato, é o Espírito que ajuda a superar os fechamentos e tensões, age nos
corações para que alcancem a verdade e a bondade, a unidade. Este texto
ajuda-nos a entender a sinodalidade. É interessante que, enquanto escrevem
a Carta: os apóstolos começam dizendo: «O Espírito Santo e pensamos o
que ... É típico da sinodalidade, da presença do Espírito Santo, caso
contrário, não é sinodalidade, é parlamentar, parlamento, outra coisa.
Papa Francisco
Catequese na audiência geral
23.10.2019
(texto traduzido do espanhol no
site do Vaticano)
Texto e imagem : retirados do site "Catequese do
Brasil"-www.catequesedobrasil.org.br,
em 20.12.2019 (texto, com algumas pequenas adaptações para o Português de Portugal)
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Em Maria descobrimos que todos somos imaculados
“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1,28)
Celebramos
neste domingo (8/12) a festa de Maria Imaculada. O dogma da Imaculada Conceição
foi proclamado pelo Papa Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, no dia 08 de
dezembro de 1854. Nele se afirma que Maria, à diferença dos demais seres
humanos, não se viu alcançada pelo “pecado original”, sendo “imaculada” (“sem
mancha”) desde o momento de sua concepção.
Mas,
falar de Maria como Imaculada tem um sentido muito mais profundo que a
afirmação dogmática de “ser preservada da mancha original”. Falar da Imaculada
é tomar consciência de que, em um ser humano (Maria), descobrimos algo, no mais
profundo de seu ser, que foi sempre limpo, puro, sem mancha alguma, imaculado.
O verdadeiramente importante é que, se esse núcleo imaculado está presente em
um ser humano (Maria), então podemos ter a garantia de que está presente em
todos os seres humanos.
O
próprio S. Paulo afirma que “em Cristo Jesus, Deus nos elegeu, antes da criação
do mundo, para sermos santos e imaculados, diante dele, no amor”. (Ef 1,4).
Essa eleição é para todos, sem exceção. Não é uma possibilidade, mas a
realidade que nos faz ser. Descobri-la e vivê-la, sim, depende de nós.
Essa
dimensão de nosso ser que nada nem ninguém pode manchar, é nosso autêntico ser.
É o tesouro escondido, a pérola preciosa.
Ao
longo dos séculos, temos colocado sobre a figura de Maria uma infinidade de
adornos que levaremos muito tempo para tirar e voltar à sua simplicidade e
pureza originais. Maria não necessita adornos. A festa de Maria Imaculada nos
revela a presença do divino nela e em nós. Nela descobrimos as maravilhas de
Deus. O núcleo íntimo de Maria é imaculado, incontaminado, porque é o que há de
Deus nela. Maria é grande porque descobriu e viveu o divino que fez nela sua
morada. Não são os mantos luxuosos e os adornos colocados sobre ela, através
dos séculos, que a faz grande, mas o fato de ter descoberto seu ser fundado em
Deus e ter expandido sua feminilidade a partir desta realidade.
O
que devemos admirar em Maria é o fato de ter vivido essa realidade e ter deixado
transparecer o divino através de todos os poros de seu ser humano. Ela deixa
passar a luz que há em seu interior, sem diminui-la nem filtrá-la. Quando se
diz que Maria é Imaculada, quer-se dizer que é no silêncio do corpo, no
silêncio do coração, do silêncio do Espírito que o Verbo pode ser gerado.
Como
foi possível que Maria alcançasse essa plenitude? Aqui está o verdadeiro
sentido do dogma da Imaculada. Ela foi o que foi porque descobriu e viveu essa
realidade de Deus nela. Tudo o que tem de exemplaridade para nós devemos a ela,
não porque Deus lhe tenha cumulado de privilégios. Ela é referência inspiradora
para todos nós porque podemos seguir sua trajetória e podemos descobrir e viver
o que ela descobriu e viveu. Se continuamos considerando Maria como uma
privilegiada, continuaremos pensando que ela foi o que foi graças a algo que
nós não temos; portanto, toda tentativa de imitá-la seria em vão.
Dentro
de cada um de nós, constituindo o núcleo de nosso ser, existe uma realidade
transcendente, que não pode ser contaminada. O divino que há em nós,
permanecerá sempre puro e limpo. Maria ativou esta dimensão de seu ser até
empapar tudo o que ela era, “alma e corpo”. O que celebramos é sua plenitude de
vida, aberta e expansiva, e não um privilégio que a livrou de uma
“mancha”.
Podemos
dizer que Maria é imaculada, porque viveu essa realidade de Deus nela. Ela é
Imaculada para todos, por todos e em todos; em outras palavras, em Maria somos
todos imaculados(as); somos imacula-dos(as) em nosso verdadeiro ser. O dogma da
Imaculada Conceição fala de todos nós: isso é o que realmente somos. Em nossa
verdadeira identidade, somos imaculados, limpos, inocentes…
Falamos
demais sobre o “pecado original” e muito pouco sobre a “beatitude original”.
Existe em nós uma realidade mais profunda que a nossa resistência, um sim mais
profundo que todos os nossos “nãos”, uma inocência original que todos os nossos
medos e feridas... É preciso encontrar a confiança original. Maria
é o estado de confiança original. Assim, os Antigos Padres da Igreja viam nela
o modelo da beatitude original, a mulher da pura confiança, do sim original
Àquele que É. Maria é a nossa verdadeira natureza, é a nossa verdadeira
inocência original, aberta à presença do divino.
A
partir desta perspectiva, Maria nos está recordando que, graças a pessoas
parecidas com ela, ou seja, pessoas que se esvaziaram de seu próprio “ego”, é
que foram capazes de entrar em sintonia com a Vontade de Deus; é ali, somente
ali, no espaço interior, livre de todo resquício de auto-centramento, que Deus
pode entrar, continua e continuará entrando em nosso mundo, para trazer sua Boa
Nova, traduzida em tantas e tantas realidades concretas.
A
afirmação de que ela tenha sido “concebida sem pecado original” corre o risco
de situá-la muito distante de nós. Pelo contrário, se a veneramos e nela nos
inspiramos para viver o seguimento do seu Filho Jesus é porque a encontramos
muito próxima de nossa vida. A vida que temos vivido até agora e a que
continuamos vivendo: cheia de luzes e sombras, de esperanças e de desencantos.
Maria
é grande por sua simplicidade, porque aceita ser serva, em sintonia com Deus.
Maria não é uma extra-terrestre, mas uma pessoa humana exatamente igual a cada
um de nós. O extra-ordinário nela foi sua fidelidade e disponibilidade, sua
capacidade de entrega. Toda a grandeza de Maria está contida em uma só palavra:
“fiat”. Maria não pôs nenhum obstáculo para que o divino que havia nela se
expandisse totalmente; por isso, chegou à plenitude do humano. Devemos nos alegrar
que um ser humano possa nos ensinar o caminho da plenitude, do divino.
Nesse
sentido, Maria é a referência para todos nós porque a vemos como a pessoa que
foi crescendo dia-a-dia, sempre aberta ao projeto de Deus. Esvaziando-se de si
mesma, renunciando à sua vontade, para que Deus, o Todo-poderoso, como ela
mesma cantará no Magnificat, entrasse em nossa história, encarnado na pessoa de
Jesus. Um Deus “todo-Poderoso” que não usou seu poder para atuar de maneira
impositiva, mas, em Maria “realizou maravilhas” para que, através dela, seu
amor e sua misericórdia se fizessem visíveis a toda a humanidade. “Seu amor se
estende de geração em geração...”, proclamará também no Magnificat.
Inspirados
em Maria, é preciso encontrar, em nós mesmos, este lugar por onde entra a vida,
este lugar por onde entra o divino, este lugar por onde entra o amor. É uma
experiência de silêncio, uma experiência de vazio, alguma coisa de mais
profundo do que aquilo que se chama o “pecado original”.
É
assim que se fala de Imaculada conceição. O Verbo é concebido no que há de mais
imaculado em nós, no que há de mais completamente silencioso. Isto supõe que
haja no corpo humano um lugar onde não existe memória doentia nem a presença do
“ego cheio de si”, mas do eu esvaziado, de onde nasce a vida.
É
preciso entrar num estado de silêncio, de vazio de si mesmo, de total
receptividade, para que o Verbo possa ser gerado em nós. “Assim novamente
encarnado”, nos diz S. Inácio de Loyola.
Texto bíblico: Lc 1,26-38
Na oração: No relato da Anunciação, descreve-se um itinerário de
iniciação espiritual. É preciso, antes de mais nada, entrar neste estado de
escuta, neste estado de confiança, neste sim, pacificar nossas memórias e,
então, não ter medo da visita do anjo e da alegria que ele pode trazer.
Mas
também não ter medo da perturbação que pode surgir. Tal perturbação é que nos
faz descer ao chão de nossa vida, vai nos conduzir até a sombra, até o mais
profundo de nosso eu interior, até a profundeza da nossa humanidade. E é ali
que que vai brotar o nosso “sim” original; é ali que vai nascer o divino que
nos conduzirá à plenitude de vida.
-
Fazer memória das experiências de “anunciação” em sua vida: o que mudou? quê
movimentos vitais surgiram?
Pe. Adroaldo Palaoro sj
06.12.2019
Parte
escrita - Retirada do site - "CATEQUESEHoje - www.catequesehoje.org.br ", em
13.12.2019 - Um site com brasileiro com muita qualidade!
Imagem-
Paravra de Deus para mim e para ti, que recebi num "café ", algures no Santuário
de Paray-le-Monial (Agosto 2019) !
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
UM CORAÇÃO NOVO
Bom dia, queridos irmãos e irmãs!
Na catequese de hoje, que conclui o percurso sobre os Dez
Mandamentos, podemos utilizar como tema-chave o dos desejos, que nos permite
percorrer de novo o caminho trilhado e resumir as etapas alcançadas, lendo o
texto do Decálogo, sempre à luz da plena revelação em Cristo.
Começamos pela gratidão, como base da relação de confiança e
de obediência: como vimos, Deus, nada pede antes de ter dado muito mais. Ele
convida-nos à obediência para nos resgatar do engano das idolatrias que têm um
grande poder sobre nós. Com efeito, procurar a própria realização nos ídolos
deste mundo esvazia-nos e escraviza-nos, enquanto o que confere estatura e
consistência é a relação com Aquele que, em Cristo, nos torna filhos a partir
da sua paternidade (cf. Ef 3, 14-16).
Isto implica um processo de bênção e de libertação, as quais
são o descanso verdadeiro, autêntico. Como reza o Salmo: «Só em Deus repousa a
minha alma, só dele me vem a salvação» (Sl 62 [61], 2).
Esta vida livre torna-se aceitação da nossa história pessoal
e reconcilia-nos com aquilo que vivemos desde a infância até ao presente,
tornando-nos adultos e capazes de atribuir a devida importância às realidades e
às pessoas da nossa vida. Por este caminho entramos em relação com o próximo
que, a partir do amor que Deus mostra em Jesus Cristo, é uma chamada à beleza
da fidelidade, da generosidade e da autenticidade.
Mas para viver assim — ou seja, na beleza da fidelidade, da
generosidade e da autenticidade — precisamos de um coração novo, habitado pelo
Espírito Santo (cf. Ez 11, 19; 36, 26). Pergunto-me: como acontece este
“transplante” de coração, do coração velho para o coração novo? Através da
dádiva de desejos novos (cf. Rm 8, 6), que são semeados em nós pela graça de
Deus, de maneira especial mediante os Dez Mandamentos, levados a cumprimento
por Jesus, como Ele ensina no “sermão da montanha” (cf. Mt 5, 17-48). Com
efeito, na contemplação da vida descrita pelo Decálogo, isto é, uma existência
grata, livre, autêntica, abençoada, adulta, protetora e amante da vida, fiel,
generosa e sincera, nós, quase sem nos darmos conta, voltamos a encontrar-nos
diante de Cristo. O Decálogo é a sua “radiografia”, descreve-o como um negativo
fotográfico que deixa transparecer a sua face, como no santo Sudário. E assim o
Espírito Santo fecunda o nosso coração, inserindo nele os desejos que são seu
dom, os desejos do Espírito. Desejar segundo o Espírito, desejar ao ritmo do
Espírito, desejar com a música do Espírito.
Olhando para Cristo, vemos a beleza, o bem e a verdade. E o
Espírito gera uma vida que, atendendo a estes seus desejos, desencadeia em nós
a esperança, a fé e o amor.
Deste modo descobrimos melhor o que significa que o Senhor
Jesus não veio para abolir a lei, mas para lhe dar cumprimento, para a fazer
crescer, e enquanto a lei segundo a carne era uma série de prescrições e
proibições, segundo o Espírito esta mesma lei torna-se vida (cf. Jo 6, 63; Ef
2, 15), porque já não é uma norma, mas a carne do próprio Cristo, que nos ama,
procura, perdoa, consola e, no seu Corpo, volta a compor a comunhão com o Pai,
perdida por causa da desobediência do pecado. E assim a negatividade literária,
a negatividade na expressão dos mandamentos — “não roubarás”, “não insultarás”,
“não matarás” — aquele “não” transforma-se numa atitude positiva: amar, abrir
espaço para os outros no meu coração, todos desejos que semeiam positividade. E
esta é a plenitude da lei que Jesus veio trazer-nos.
Em Cristo, e unicamente n’Ele, o Decálogo deixa de ser
condenação (cf. Rm 8, 1), tornando-se a verdade autêntica da vida humana, ou
seja, desejo de amor — aqui nasce um desejo de bem, de praticar o bem — desejo
de alegria, desejo de paz, de magnanimidade, de benevolência, de bondade, de
fidelidade, de mansidão e de temperança. Daqueles “nãos” passa-se para este
“sim”: a atitude positiva de um coração que se abre com a força do Espírito
Santo.
Eis para que serve procurar Cristo no Decálogo: para fecundar
o nosso coração, a fim de que esteja repleto de amor e se abra à ação de Deus.
Quando o homem atende ao desejo de viver segundo Cristo, então abre a porta à
salvação, a qual não pode deixar de vir, porque Deus Pai é generoso e, como
afirma o Catecismo, «tem sede de que nós tenhamos sede d’Ele» (n. 2560).
Se são os maus desejos que arruínam o homem (cf. Mt 15,
18-20), o Espírito insere no nosso coração os seus santos desejos, que
constituem o germe da vida nova (cf. 1 Jo 3, 9). Efetivamente, a vida nova não
é um esforço titânico para ser coerente com uma norma, mas a vida nova é o
Espírito do próprio Deus, que começa a orientar-nos para os seus frutos, numa
feliz sinergia entre a nossa alegria de sermos amados e a sua alegria de nos
amar. Encontram-se as duas alegrias: a alegria de Deus de nos amar e a nossa
alegria de sermos amados.
Eis no que consiste o Decálogo para nós, cristãos: contemplar
Cristo a fim de nos abrirmos para receber o seu coração, para receber os seus
desejos, para receber o seu Espírito Santo.
Papa Francisco
Catequese na Audiência Geral 28.12.2018
Texto: retirado do site "Catequese do Brasil"-www.catequesedobrasil.org.br, em 12.12.2019;
Imagem: retirada da "Google Imagens" em 12.12.2019;
sexta-feira, 8 de novembro de 2019
«A esperança dos pobres jamais se frustrará»
MENSAGEM
DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O III DIA MUNDIAL DOS POBRES
XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
(17 DE NOVEMBRO DE 2019)
(17 DE NOVEMBRO DE 2019)
1. «A esperança dos pobres jamais se frustrará» (Sal
9, 19). Estas palavras são de incrível atualidade. Expressam uma verdade
profunda, que a fé consegue gravar sobretudo no coração dos mais pobres: a
esperança perdida devido às injustiças, aos sofrimentos e à precariedade da
vida será restabelecida.
O salmista descreve a condição do pobre e a arrogância
de quem o oprime (cf. Sal 10, 1-10). Invoca o juízo de Deus, para que
seja restabelecida a justiça e vencida a iniquidade (cf. Sal 10, 14-15).
Parece ecoar nas suas palavras uma questão que atravessa o decurso dos séculos
até aos nossos dias: como é que Deus pode tolerar esta desigualdade? Como pode
permitir que o pobre seja humilhado, sem intervir em sua ajuda? Por que
consente que o opressor tenha vida feliz, enquanto o seu comportamento haveria
de ser condenado precisamente devido ao sofrimento do pobre?
No período da redação do Salmo, assistia-se a um
grande desenvolvimento económico, que acabou também – como acontece
frequentemente – por gerar fortes desequilíbrios sociais. A desigualdade gerou
um grupo considerável de indigentes, cuja condição aparecia ainda mais
dramática quando comparada com a riqueza alcançada por poucos privilegiados.
Observando esta situação, o autor sagrado pinta um quadro realista e muito
verdadeiro.
2. Também hoje devemos elencar muitas formas de novas
escravidões a que estão submetidos milhões de homens, mulheres, jovens e
crianças.
Todos os dias encontramos famílias obrigadas a
deixar a sua terra à procura de formas de subsistência noutro lugar; órfãos que
perderam os pais ou foram violentamente separados deles para uma exploração
brutal; jovens em busca duma realização profissional, cujo acesso lhes é
impedido por míopes políticas económicas; vítimas de tantas formas de
violência, desde a prostituição à droga, e humilhadas no seu íntimo. Além
disso, como esquecer os milhões de migrantes vítimas de tantos
interesses ocultos, muitas vezes instrumentalizados para uso político, a quem
se nega a solidariedade e a igualdade? E tantas pessoas sem abrigo e marginalizadas
que vagueiam pelas estradas das nossas cidades?
Quantas vezes vemos os pobres nas lixeiras a
catar o descarte e o supérfluo, a fim de encontrar algo para se alimentar ou
vestir! Tendo-se tornado, eles próprios, parte duma lixeira humana, são
tratados como lixo, sem que isto provoque qualquer sentido de culpa em quantos
são cúmplices deste escândalo. Aos pobres, frequentemente considerados
parasitas da sociedade, não se lhes perdoa sequer a sua pobreza. A condenação
está sempre pronta. Não se podem permitir sequer o medo ou o desânimo:
simplesmente porque pobres, serão tidos por ameaçadores ou incapazes.
Drama dentro do drama, não lhes é consentido ver o fim
do túnel da miséria. Chegou-se ao ponto de teorizar e realizar uma arquitetura
hostil para desembaraçar-se da sua presença mesmo nas estradas, os últimos
espaços de acolhimento. Vagueiam duma parte para outra da cidade, esperando
obter um emprego, uma casa, um afeto… Qualquer possibilidade que eventualmente
lhes seja oferecida, torna-se um vislumbre de luz; e mesmo nos lugares onde
deveria haver pelo menos justiça, até lá muitas vezes se abate sobre eles
violentamente a prepotência. Constrangidos durante horas infinitas sob um sol
abrasador para recolher a fruta da época, são recompensados com um ordenado
irrisório; não têm segurança no trabalho, nem condições humanas que lhes
permitam sentir-se iguais aos outros. Para eles, não existe fundo de
desemprego, liquidação nem sequer a possibilidade de adoecer.
Com vivo realismo, o salmista descreve o comportamento
dos ricos que roubam os pobres: «Arma ciladas para assaltar o pobre e (…)
arrasta-o na sua rede» (cf. Sal 10, 9). Para eles, é como se se tratasse
duma caçada, na qual os pobres são perseguidos, presos e feitos escravos. Numa
condição assim, fecha-se o coração de muitos, e leva a melhor o desejo de
desaparecer. Em suma, reconhecemos uma multidão de pobres, muitas vezes
tratados com retórica e suportados com fastídio. Como que se tornam invisíveis,
e a sua voz já não tem força nem consistência na sociedade. Homens e mulheres
cada vez mais estranhos entre as nossas casas e marginalizados entre os nossos
bairros.
3. O contexto descrito pelo salmo tinge-se de tristeza,
devido à injustiça, ao sofrimento e à amargura que fere os pobres. Apesar
disso, dá uma bela definição do pobre: é aquele que «confia no Senhor» (cf. 9,
11), pois tem a certeza de que nunca será abandonado. Na Escritura, o pobre é o
homem da confiança! E o autor sagrado indica também o motivo desta confiança:
ele «conhece o seu Senhor» (cf. 9, 11) e, na linguagem bíblica, este «conhecer»
indica uma relação pessoal de afeto e de amor.
Encontramo-nos perante uma descrição verdadeiramente
impressionante, que nunca esperaríamos. Assim faz sobressair a grandeza de
Deus, quando Se encontra diante dum pobre. A sua força criadora supera toda a
expetativa humana e concretiza-se na «recordação» que Ele tem daquela pessoa
concreta (cf. 9, 13). É precisamente esta confiança no Senhor, esta certeza de
não ser abandonado, que convida o pobre à esperança. Sabe que Deus não o pode
abandonar; por isso, vive sempre na presença daquele Deus que Se recorda dele.
A sua ajuda estende-se para além da condição atual de sofrimento, a fim de
delinear um caminho de libertação que transforma o coração, porque o sustenta
no mais profundo do seu ser.
4. Constitui um refrão permanente da Sagrada Escritura
a descrição da ação de Deus em favor dos pobres. É Aquele que «escuta»,
«intervém», «protege», «defende», «resgata», «salva»… Em suma, um pobre não
poderá jamais encontrar Deus indiferente ou silencioso perante a sua oração. É
Aquele que faz justiça e não esquece (cf. Sal 40, 18; 70, 6); mais,
constitui um refúgio para o pobre e não cessa de vir em sua ajuda (cf. Sal 10,
14).
Podem-se construir muitos muros e obstruir as
entradas, iludindo-se assim de sentir-se a seguro com as suas riquezas em
prejuízo dos que ficam do lado de fora. Mas não será assim para sempre. O «dia
do Senhor», descrito pelos profetas (cf. Am 5, 18; Is 2 – 5; Jl
1 – 3), destruirá as barreiras criadas entre países e substituirá a arrogância
de poucos com a solidariedade de muitos. A condição de marginalização, em que
vivem acabrunhadas milhões de pessoas, não poderá durar por muito tempo. O seu
clamor aumenta e abraça a terra inteira. Como escrevia o Padre Primo Mazzolari:
«O pobre é um contínuo protesto contra as nossas injustiças; o pobre é um paiol.
Se lhe ateias o fogo, o mundo vai pelo ar».
5. Não é possível jamais iludir o premente apelo que a
Sagrada Escritura confia aos pobres.
Para onde quer que se volte o olhar, a
Palavra de Deus indica que os pobres são todos aqueles que, não tendo o necessário
para viver, dependem dos outros. São o oprimido, o humilde, aquele que está
prostrado por terra. Mas, perante esta multidão inumerável de indigentes, Jesus
não teve medo de Se identificar com cada um deles: «Sempre que fizestes isto a
um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,
40). Esquivar-se desta identificação equivale a ludibriar o Evangelho e diluir
a revelação. O Deus que Jesus quis revelar é este: um Pai generoso,
misericordioso, inexaurível na sua bondade e graça, que dá esperança sobretudo
a quantos estão desiludidos e privados de futuro.
Como não assinalar que as Bem-aventuranças, com que
Jesus inaugurou a pregação do Reino de Deus, começam por esta expressão:
«Felizes vós, os pobres» (Lc 6, 20)? O sentido deste anúncio paradoxal é
precisamente que o Reino de Deus pertence aos pobres, porque estão na condição
de o receber. Encontramos tantos pobres cada dia! Às vezes parece que o
transcorrer do tempo e as conquistas da civilização, em vez de diminuir o seu
número, aumentam-no. Passam os séculos, e aquela Bem-aventurança evangélica
apresenta-se cada vez mais paradoxal: os pobres são sempre mais pobres, e hoje
são-no ainda mais. Mas, colocando no centro os pobres ao inaugurar o seu Reino,
Jesus quer-nos dizer precisamente isto: Ele inaugurou, mas confiou-nos,
a nós seus discípulos, a tarefa de lhe dar seguimento, com a responsabilidade
de dar esperança aos pobres. Sobretudo num período como o nosso, é preciso
reanimar a esperança e restabelecer a confiança. É um programa que a comunidade
cristã não pode subestimar. Disso depende a credibilidade do nosso anúncio e do
testemunho dos cristãos.
6. Ao aproximar-se dos pobres, a Igreja descobre que é
um povo, espalhado entre muitas nações, que tem a vocação de fazer com que ninguém
se sinta estrangeiro nem excluído, porque a todos envolve num caminho comum de
salvação. A condição dos pobres obriga a não se afastar do Corpo do Senhor que
sofre neles. Antes, pelo contrário, somos chamados a tocar a sua carne para nos
comprometermos em primeira pessoa num serviço que é autêntica evangelização. A
promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio
do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua
validade histórica. O amor que dá vida à fé em Jesus não permite que os seus
discípulos se fechem num individualismo asfixiador, oculto nas pregas duma
intimidade espiritual, sem qualquer influxo na vida social (cf. Francisco,
Exort. ap. Evangelii gaudium,
183).
Recentemente, choramos a perda dum grande apóstolo dos
pobres, Jean Vanier, o qual, com a sua dedicação, abriu novos caminhos à
partilha promotora das pessoas marginalizadas. Jean Vanier recebeu de Deus o
dom de dedicar toda a sua vida aos irmãos com deficiências profundas, que
muitas vezes a sociedade tende a excluir. Foi um «santo da porta ao lado» da
nossa; com o seu entusiasmo, soube reunir à sua volta muitos jovens, homens e
mulheres, que, com o seu empenho diário, deram amor e devolveram o sorriso a
tantas pessoas vulneráveis e frágeis, oferecendo-lhes uma verdadeira «arca» de
salvação contra a marginalização e a solidão. Este seu testemunho mudou a vida
de muitas pessoas e ajudou o mundo a olhar com olhos diferentes para as pessoas
mais frágeis e vulneráveis. O clamor dos pobres foi ouvido e gerou uma
esperança inabalável, criando sinais visíveis e palpáveis dum amor concreto,
que podemos constatar até ao dia de hoje.
7. «A opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade
descarta e lança fora» (ibid., 195), é uma escolha prioritária que
os discípulos de Cristo são chamados a abraçar para não trair a credibilidade
da Igreja e dar uma esperança concreta a tantos indefesos. É neles que a
caridade cristã encontra a sua prova real, porque quem partilha os seus
sofrimentos com o amor de Cristo recebe força e dá vigor ao anúncio do
Evangelho.
O compromisso dos cristãos, por ocasião deste Dia
Mundial e sobretudo na vida ordinária de cada dia, não consiste apenas em
iniciativas de assistência que, embora louváveis e necessárias, devem tender a
aumentar em cada um aquela atenção plena, que é devida a toda a pessoa que se
encontra em dificuldade. «Esta atenção amiga é o início duma verdadeira
preocupação» (ibid., 199) pelos pobres, buscando o seu
verdadeiro bem. Não é fácil ser testemunha da esperança cristã no contexto
cultural do consumismo e do descarte, sempre propenso a aumentar um bem-estar
superficial e efémero. Requer-se uma mudança de mentalidade para redescobrir o
essencial, para encarnar e tornar incisivo o anúncio do Reino de Deus.
A esperança comunica-se também através da consolação
que se implementa acompanhando os pobres, não por alguns dias permeados de
entusiasmo, mas com um compromisso que perdura no tempo. Os pobres adquirem
verdadeira esperança, não quando nos veem gratificados por lhes termos
concedido um pouco do nosso tempo, mas quando reconhecem no nosso sacrifício um
ato de amor gratuito que não procura recompensa.
8. A tantos voluntários, a quem muitas vezes é devido
o mérito de ter sido os primeiros a intuir a importância desta atenção aos
pobres, peço para crescerem na sua dedicação. Queridos irmãos e irmãs,
exorto-vos a procurar, em cada pobre que encontrais, aquilo de que ele tem
verdadeiramente necessidade; a não vos deter na primeira necessidade material,
mas a descobrir a bondade que se esconde no seu coração, tornando-vos atentos à
sua cultura e modos de se exprimir, para poderdes iniciar um verdadeiro diálogo
fraterno. Coloquemos de parte as divisões que provêm de visões ideológicas ou
políticas, fixemos o olhar no essencial que não precisa de muitas palavras, mas
dum olhar de amor e duma mão estendida. Nunca vos esqueçais que «a pior
discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual» (ibid., 200).
Antes de tudo, os pobres precisam de Deus, do seu amor
tornado visível por pessoas santas que vivem ao lado deles e que, na
simplicidade da sua vida, exprimem e fazem emergir a força do amor cristão.
Deus serve-se de tantos caminhos e de infinitos instrumentos para alcançar o
coração das pessoas. É certo que os pobres também se aproximam de nós porque
estamos a distribuir-lhes o alimento, mas aquilo de que verdadeiramente
precisam ultrapassa a sopa quente ou a sanduíche que oferecemos. Os pobres
precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de
novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam
simplesmente de amor...
9. Por vezes, basta pouco para restabelecer a
esperança: basta parar, sorrir, escutar. Durante um dia, deixemos de parte as
estatísticas; os pobres não são números, que invocamos para nos vangloriar de
obras e projetos. Os pobres são pessoas a quem devemos encontrar: são jovens e
idosos sozinhos que se hão de convidar a entrar em casa para partilhar a refeição;
homens, mulheres e crianças que esperam uma palavra amiga. Os pobres
salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo.
Aos olhos do mundo, é irracional pensar que a pobreza
e a indigência possam ter uma força salvífica; e, todavia, é o que ensina o
Apóstolo quando diz: «Humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem
muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas o que há de louco no mundo é que Deus
escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus
escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e
desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada
aqueles que são alguma coisa. Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus»
(1 Cor 1, 26-29). Com os olhos humanos, não se consegue ver esta força
salvífica; mas, com os olhos da fé, é possível vê-la em ação e experimentá-la
pessoalmente. No coração do Povo de Deus em caminho, palpita esta força
salvífica que não exclui ninguém, e a todos envolve numa verdadeira peregrinação
de conversão para reconhecer os pobres e amá-los.
10. O Senhor não abandona a quem O procura e a quantos
O invocam; «não esquece o clamor dos pobres» (Sal 9, 13), porque os seus
ouvidos estão atentos à sua voz. A esperança do pobre desafia as várias
condições de morte, porque sabe que é particularmente amado por Deus e, assim,
triunfa sobre o sofrimento e a exclusão. A sua condição de pobreza não lhe tira
a dignidade que recebeu do Criador; vive na certeza de que a mesma ser-lhe-á
restabelecida plenamente pelo próprio Deus. Ele não fica indiferente à sorte
dos seus filhos mais frágeis; pelo contrário, observa as suas fadigas e
sofrimentos, para os tomar na sua mão, e dá-lhes força e coragem (cf. Sal 10,
14). A esperança do pobre torna-se forte com a certeza de que é acolhido pelo
Senhor, n’Ele encontra verdadeira justiça, fica revigorado no coração para
continuar a amar (cf. Sal 10, 17).
Aos discípulos do Senhor Jesus, a condição que se lhes
impõe para serem evangelizadores coerentes é semear sinais palpáveis de
esperança. A todas as comunidades cristãs e a quantos sentem a exigência de
levar esperança e conforto aos pobres, peço que se empenhem para que este Dia
Mundial possa reforçar em muitos a vontade de colaborar concretamente para
que ninguém se sinta privado da proximidade e da solidariedade. Acompanhem-nos
as palavras do profeta que anuncia um futuro diferente: «Para vós, que
respeitais o meu nome, brilhará o sol de justiça, trazendo a cura nos seus
raios» (Ml 3, 20).
Vaticano, na Memória litúrgica de Santo António de
Lisboa, 13 de junho de 2019.
Francisco
Texto: retirado do site do Vaticano em 09.11.2019
Imagem: Retirada da Google imagens em 09.11.2019
sábado, 19 de outubro de 2019
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
Tournez les yeux vers le Seigneur - Chant de l'Emmanuel
Refrão: Voltai os olhos para o Senhor
E gritai de alegria.
Cantai Seu nome de todo o coração,
Ele é vosso Senhor, é Ele o salvador!
Procurei o Senhor
E Ele me escutou
Curou-me dos meus medos,
Para sempre O louvarei!
Deus olha para quem O ama,
Ele ouve a sua voz.
Consola-os na tristeza,
E guia os seus passos.
Aos que esperam no Senhor
Nada lhes faltará.
Elevam a Ele as mãos,
Seu Espírito lhes enviará.
Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo
MENSAGEM DE SUA
SANTIDADE
O PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2019
O PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2019
[20 de outubro de 2019]
Batizados e enviados:
a Igreja de Cristo em missão no mundo
Queridos irmãos e irmãs!
Pedi a toda a Igreja que vivesse um tempo
extraordinário de missionariedade no mês de outubro de 2019, para comemorar o
centenário da promulgação da Carta apostólica Maximum illud, do Papa Bento XV (30 de
novembro de 1919). A clarividência profética da sua proposta apostólica
confirmou-me como é importante, ainda hoje, renovar o compromisso missionário
da Igreja, potenciar evangelicamente a sua missão de anunciar e levar ao mundo
a salvação de Jesus Cristo, morto e ressuscitado.
O título desta mensagem – «batizados e enviados: a
Igreja de Cristo em missão no mundo» – é o mesmo do Outubro Missionário. A
celebração deste mês ajudar-nos-á, em primeiro lugar, a reencontrar o sentido
missionário da nossa adesão de fé a Jesus Cristo, fé recebida como dom gratuito
no Batismo. O ato, pelo qual somos feitos filhos de Deus, sempre é eclesial,
nunca individual: da comunhão com Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, nasce uma
vida nova partilhada com muitos outros irmãos e irmãs. E esta vida divina não é
um produto para vender – não fazemos proselitismo –, mas uma riqueza para dar,
comunicar, anunciar: eis o sentido da missão. Recebemos gratuitamente este dom,
e gratuitamente o partilhamos (cf. Mt 10, 8), sem excluir ninguém. Deus
quer que todos os homens sejam salvos, chegando ao conhecimento da verdade e à
experiência da sua misericórdia por meio da Igreja, sacramento universal da
salvação (cf. 1 Tm 2, 4; 3, 15; Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 48).
A Igreja está em missão no mundo: a fé em Jesus Cristo
dá-nos a justa dimensão de todas as coisas, fazendo-nos ver o mundo com os
olhos e o coração de Deus; a esperança abre-nos aos horizontes eternos da vida
divina, de que verdadeiramente participamos; a caridade, que antegozamos nos
sacramentos e no amor fraterno, impele-nos até aos confins da terra (cf. Miq
5, 3; Mt 28, 19; At 1, 8; Rm 10, 18). Uma Igreja em saída
até aos extremos confins requer constante e permanente conversão missionária.
Quantos santos, quantas mulheres e homens de fé nos dão testemunho, mostrando
como possível e praticável esta abertura ilimitada, esta saída misericordiosa
ditada pelo impulso urgente do amor e da sua lógica intrínseca de dom,
sacrifício e gratuidade (cf. 2 Cor 5, 14-21)!
Sê homem de Deus, que anuncia Deus (cf. Carta ap. Maximum illud): este
mandato toca-nos de perto. Eu sou sempre uma missão; tu és sempre uma missão;
cada batizada e batizado é uma missão. Quem ama, põe-se em movimento, sente-se
impelido para fora de si mesmo: é atraído e atrai; dá-se ao outro e tece
relações que geram vida. Para o amor de Deus, ninguém é inútil nem insignificante.
Cada um de nós é uma missão no mundo, porque fruto do amor de Deus. Ainda que
meu pai e minha mãe traíssem o amor com a mentira, o ódio e a infidelidade,
Deus nunca Se subtrai ao dom da vida e, desde sempre, deu como destino a cada
um dos seus filhos a própria vida divina e eterna (cf. Ef 1, 3-6).
Esta vida é-nos comunicada no Batismo, que nos dá a fé
em Jesus Cristo, vencedor do pecado e da morte, regenera à imagem e semelhança
de Deus e insere no Corpo de Cristo, que é a Igreja. Por conseguinte, neste
sentido, o Batismo é verdadeiramente necessário para a salvação, pois
garante-nos que somos filhos e filhas, sempre e em toda parte: jamais seremos
órfãos, estrangeiros ou escravos na casa do Pai. Aquilo que, no cristão, é
realidade sacramental – com a sua plenitude na Eucaristia –, permanece vocação
e destino para todo o homem e mulher à espera de conversão e salvação. Com
efeito, o Batismo é promessa realizada do dom divino, que torna o ser humano
filho no Filho. Somos filhos dos nossos pais naturais, mas, no Batismo, é-nos
dada a paternidade primordial e a verdadeira maternidade: não pode ter Deus
como Pai quem não tem a Igreja como mãe (cf. São Cipriano, A unidade da
Igreja, 4).
Assim, a nossa missão radica-se na paternidade de Deus
e na maternidade da Igreja, porque é inerente ao Batismo o envio expresso por
Jesus no mandato pascal: como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós,
cheios de Espírito Santo para a reconciliação do mundo (cf. Jo 20,
19-23; Mt 28, 16-20). Este envio incumbe ao cristão, para que a ninguém
falte o anúncio da sua vocação a filho adotivo, a certeza da sua dignidade
pessoal e do valor intrínseco de cada vida humana desde a conceção até à sua
morte natural. O secularismo difuso, quando se torna rejeição positiva e
cultural da paternidade ativa de Deus na nossa história, impede toda e qualquer
fraternidade universal autêntica, que se manifesta no respeito mútuo pela vida
de cada um. Sem o Deus de Jesus Cristo, toda a diferença fica reduzida a ameaça
infernal, tornando impossível qualquer aceitação fraterna e unidade fecunda do
género humano.
O destino universal da salvação, oferecida por Deus em
Jesus Cristo, levou Bento XV a exigir a
superação de todo o fechamento nacionalista e etnocêntrico, de toda a mistura
do anúncio do Evangelho com os interesses económicos e militares das potências
coloniais. Na sua Carta apostólica Maximum illud, o Papa
lembrava que a universalidade divina da missão da Igreja exige o abandono duma
pertença exclusivista à própria pátria e à própria etnia. A abertura da cultura
e da comunidade à novidade salvífica de Jesus Cristo requer a superação de toda
a indevida introversão étnica e eclesial. Também hoje, a Igreja continua a
necessitar de homens e mulheres que, em virtude do seu Batismo, respondam
generosamente à chamada para sair da sua própria casa, da sua família, da sua
pátria, da sua própria língua, da sua Igreja local. São enviados aos gentios,
ao mundo ainda não transfigurado pelos sacramentos de Jesus Cristo e da sua
Igreja santa. Anunciando a Palavra de Deus, testemunhando o Evangelho e
celebrando a vida do Espírito, chamam à conversão, batizam e oferecem a
salvação cristã no respeito pela liberdade pessoal de cada um, em diálogo com
as culturas e as religiões dos povos a quem são enviados. Assim a missio ad
gentes, sempre necessária na Igreja, contribui de maneira fundamental para
o processo permanente de conversão de todos os cristãos. A fé na Páscoa de
Jesus, o envio eclesial batismal, a saída geográfica e cultural de si mesmo e
da sua própria casa, a necessidade de salvação do pecado e a libertação do mal
pessoal e social exigem a missão até aos últimos confins da terra.
A coincidência providencial do Mês Missionário
Extraordinário com a celebração do Sínodo Especial sobre as Igrejas na
Amazónia leva-me a assinalar como a missão, que nos foi confiada por
Jesus com o dom do seu Espírito, ainda seja atual e necessária também para
aquelas terras e seus habitantes. Um renovado Pentecostes abra de par em par as
portas da Igreja, a fim de que nenhuma cultura permaneça fechada em si mesma e
nenhum povo fique isolado, mas se abra à comunhão universal da fé. Que ninguém
fique fechado em si mesmo, na autorreferencialidade da sua própria pertença
étnica e religiosa. A Páscoa de Jesus rompe os limites estreitos de mundos,
religiões e culturas, chamando-os a crescer no respeito pela dignidade do homem
e da mulher, rumo a uma conversão cada vez mais plena à Verdade do Senhor Ressuscitado,
que dá a verdadeira vida a todos.
A este respeito, recordo as palavras do Papa Bento XVI no início do
nosso encontro de Bispos Latino-Americanos na Aparecida, Brasil, em 2007, palavras
que desejo transcrever aqui e subscrevê-las: «O que significou a aceitação da
fé cristã para os povos da América Latina e do Caribe? Para eles, significou
conhecer e acolher Cristo, o Deus desconhecido que os seus antepassados, sem o
saber, buscavam nas suas ricas tradições religiosas. Cristo era o Salvador que
esperavam silenciosamente. Significou também ter recebido, com as águas do
Batismo, a vida divina que fez deles filhos de Deus por adoção; ter recebido,
outrossim, o Espírito Santo que veio fecundar as suas culturas, purificando-as
e desenvolvendo os numerosos germes e sementes que o Verbo encarnado tinha
lançado nelas, orientando-as assim pelos caminhos do Evangelho. (...) O Verbo
de Deus, fazendo-Se carne em Jesus Cristo, fez-Se também história e cultura. A
utopia de voltar a dar vida às religiões pré-colombianas, separando-as de
Cristo e da Igreja universal, não seria um progresso, mas uma regressão. Na
realidade, seria uma involução para um momento histórico ancorado no passado» [Discurso na Sessão Inaugural (13 de maio de 2007), 1: Insegnamenti
III/1 (2007), 855-856].
A Maria, nossa Mãe, confiamos a missão da Igreja.
Unida ao seu Filho, desde a encarnação, a Virgem colocou-se em movimento,
deixando-se envolver-se totalmente pela missão de Jesus; missão que, ao pé da
cruz, havia de se tornar também a sua missão: colaborar como Mãe da Igreja para
gerar, no Espírito e na fé, novos filhos e filhas de Deus.
Gostaria de concluir com uma breve palavra sobre as
Pontifícias Obras Missionárias, que a Carta apostólica Maximum illud já
apresentava como instrumentos missionários. De facto, como uma rede global que
apoia o Papa no seu compromisso missionário, prestam o seu serviço à
universalidade eclesial mediante a oração, alma da missão, e a caridade dos
cristãos espalhados pelo mundo inteiro. A oferta deles ajuda o Papa na
evangelização das Igrejas particulares (Obra da Propagação da Fé), na formação
do clero local (Obra de São Pedro Apóstolo), na educação duma consciência
missionária das crianças de todo o mundo (Obra da Santa Infância) e na formação
missionária da fé dos cristãos (Pontifícia União Missionária). Ao renovar o meu
apoio a estas Obras, espero que o Mês Missionário Extraordinário de outubro de
2019 contribua para a renovação do seu serviço missionário ao meu ministério.
Aos missionários e às missionárias e a todos aqueles
que de algum modo participam, em virtude do seu Batismo, na missão da Igreja,
de coração envio a minha bênção.
Vaticano, 9 de junho – Solenidade de Pentecostes – de
2019.
FRANCISCO
Texto: retirado do site do Vaticano: http://w2.vatican.va , em 18.10.2019.
Imagem: Retirada google imagens/Alteia em 18.10.2019.
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