segunda-feira, 25 de julho de 2016

«Mulher, porque choras»


«Evangelho segundo S. João 20,1-2.11-18.

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro.
Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram».
E ficou a chorar junto do sepulcro. Enquanto chorava, debruçou-se para dentro do sepulcro
e viu dois Anjos vestidos de branco, sentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde estivera deitado o corpo de Jesus.
Os Anjos perguntaram a Maria: «Mulher, porque choras?». Ela respondeu-lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram».
Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, sem saber que era Ele.
Disse-lhe Jesus: «Mulher, porque choras? A quem procuras?». Pensando que era o jardineiro, ela respondeu-Lhe: «Senhor, se foste tu que O levaste, diz-me onde O puseste, para eu O ir buscar».
Disse-lhe Jesus: «Maria!». Ela voltou-se e respondeu em hebraico: «Rabuni!», que quer dizer: «Mestre!».
Jesus disse-lhe: «Não Me detenhas, porque ainda não subi para o Pai.
Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que vou subir para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus». Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor». E contou-lhes o que Ele lhe tinha dito.


Comentário do dia:
São Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja
Homilia 25

«Mulher, porque choras?»

Maria torna-se testemunha da compaixão de Deus, [...] aquela Maria a quem um fariseu queria quebrar o arroubo de ternura: «Se este homem fosse profeta», exclamava ele, «saberia quem é a mulher que Lhe toca e o que ela é: uma pecadora» (Lc 7,39). Mas as suas lágrimas apagaram-lhe as manchas do corpo e do coração; e ela precipitou-se a seguir os passos do seu Salvador, afastando-se dos caminhos do mal. Estava sentada aos pés de Jesus e escutava-O (Lc 10,39). Vivo, apertou-O nos braços; depois de morto, procurou-O, encontrando vivo Aquele que procurava morto. E encontrou nele tanta graça, que acabou por ser ela a levar a boa nova aos apóstolos, aos mensageiros de Deus!

Que havemos de ver aqui, meus irmãos, senão a infinita ternura do nosso Criador que, para dar novo ânimo à nossa consciência, nos dá constantemente exemplos de pecadores arrependidos. Lanço os meus olhos sobre Pedro, olho para o ladrão, examino Zaqueu, considero Maria, e só vejo neles apelos à esperança e ao arrependimento. A vossa fé foi tocada pela dúvida? Pensai em Pedro, que chora amargamente a sua cobardia. Estais ardendo em cólera contra o vosso próximo? Pensai no ladrão, que em plena agonia se arrepende e ganha a recompensa eterna. A avareza seca-vos o coração? Prejudicastes alguém? Vede Zaqueu, que devolve quatro vezes mais aquilo que tinha roubado. Por causa de uma paixão, perdestes a pureza da carne? Olhai para Maria, que purifica o amor da carne com o fogo do amor divino.

Sim, Deus todo-poderoso oferece-nos constantemente exemplos e sinais da sua compaixão. Enchamo-nos, pois, de horror pelos nossos pecados, mesmo pelos mais antigos. Deus todo-poderoso esquece com facilidade que nós cometemos o mal e está pronto a olhar para o nosso arrependimento como se fosse a própria inocência. Nós que, depois das águas da salvação, nos tínhamos de novo manchado, renasçamos com as nossas lágrimas. [...] O nosso Redentor consolará as vossas lágrimas com a sua alegria eterna. »


“Retirado  do site “Evangelho Quotidiano”  de 22-07-2016”

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