" Bem-aventurados os puros
de coração, porque verão a Deus.... Pensa nuns olhos limpos, que vêem as coisas
com o encantamento do Criador, e nas pessoas sem espírito de desejo ou posse.
Pois bem, só quem for assim há-de ver a Deus! Mas não subas já para o Céu...
Ver a Deus aqui na terra! Esse Deus que deixou na criação a marca da Sua
beleza, da Sua harmonia, da Sua omnipotência na fragilidade, esse Deus que se
fez Menino.
António, nos últimos
dias da sua vida em Camposampiero, teve a visão do Menino Jesus. Depois de uma
vida passada vendo Deus nos irmãos pobres e desprotegidos, teve o prémio de o
ter nos braços. Neste sentido, António é um perfeito discípulo de S. Francisco,
que amou fortemente a humanidade e fragilidade de Deus.
Existe em Camposampiero,
situada dentro da igreja de S. João Baptista, pertencente aos Frades Menores
Conventuais, uma cela, dita cela da visão, parte integrante do convento e agora
meta de peregrinações. Foi ali que Santo António teve a visão do Menino Jesus.
A fonte mais antiga que nos relata o milagre é o liber miraculorum.
O Santo está na cidade,
para um período de pregação. Um devoto oferece hospitalidade. Provavelmente,
para ir ao encontro do hóspede excepcional, o homem aproxima-se do quarto, onde
dorme Santo António. E, quando olha através da janela, vê entre os braços de
Santo António um menino de extraordinária beleza. Entre a criança e Santo
António entrelaçam-se gestos comoventes de ternura. O benfeitor, quase como
prémio da sua cortesia, alegra-se com a maravilhosa visão. Só depois da morte
de Santo António o piedoso homem confessa este milagre (provavelmente trata-se
do conde Tiso VI de Camposampiero). A pequena cela estava situado no pequeno
ermo que o conde Tiso tinha oferecido aos frades. A mesma Assídua - a primeira
biografia de Santo António - diz que, morrendo, Santo António exclamou: Vejo o
meu Senhor.
O nosso Deus, que deixou
no homem a imagem do Seu amor, da Sua inteligência e da Sua liberdade, da Sua
gratuidade e comunhão, quis gratificar Santo António com a Sua presença,
apresentando-se na fragilidade e simplicidade de uma criança, exactamente como
António o tinha servido nos irmãos. Só aquele que se tornar criança terá a
visão de Deus, face a face, sem espelhos e sem disfarces.
Neste lugar, os
peregrinos portugueses, visivelmente comovidos, repensaram nos tempos da sua
própria infância e da própria inocência. Nos ouvidos ecoavam as palavras do
Santo: O Menino não conhece a malícia do mundo; não sabe pecar, não faz mal ao
próximo; não mantém ira; a ninguém odeia; não admira a glória deste mundo; não
faz escolha de pessoas.”
<<Frei João Sartori-Mensageiro de Santo António>>
Nenhum comentário:
Postar um comentário