sábado, 28 de dezembro de 2024
terça-feira, 24 de dezembro de 2024
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril...
"Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?».
O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril;
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra»."
Não
há esterilidade que possa anular o Amor de Deus!
Em Deus, todo o deserto pode florir!
Se
o teu pecado é enorme, muito maior é a graça de Deus!
Se estás possuído por riquezas imensas, acredita, a Deus nada é impossível! Ele te libertará!
A esperança não nos engana, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5). Confia no Senhor e diz como Maria, “faça-se em mim segundo a tua palavra”!
Se te sentes velho, desanimado, se queres desistir... Acolhe a Palavra de Deus, e verás o Deus Menino no teu coração nascer!
Santo Natal e Feliz Ano Novo 2025!
São os votos do blog catequesemissionária!
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 24/12/2024
sábado, 23 de novembro de 2024
Aquilo que não damos perde-se
Texto: página de seu
facebook 15.11.2024
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 24/11/2024
terça-feira, 29 de outubro de 2024
sábado, 19 de outubro de 2024
Deus reza...
"Hei-de conduzi-los ao meu santo monte,
hei-de cumulá-los de alegria na minha casa de oração;" Is56,7
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
primeiro corre, depois vai-se embora...
"Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
O
Evangelho da liturgia de hoje (Mc 10, 17-30) fala-nos de um homem
rico que corre ao encontro de Jesus e lhe pergunta: «Bom Mestre, que devo fazer
para alcançar a vida eterna?» (v. 17). Jesus convida-o a deixar tudo e a
segui-lo, mas o homem, entristecido, vai-se embora porque - diz o texto -
«tinha grande fortuna» (v. 23). Deixar tudo custa.
Podemos
ver os dois movimentos deste homem: no início corre ao
encontro de Jesus; no fim, porém, vai-se embora pesaroso. Primeiro corre,
depois vai-se embora. Detenhamo-nos nisto.
Primeiro,
este homem dirige-se a Jesus a correr. É como se algo no seu coração o
impelisse: de facto, apesar de ter tantas riquezas, está insatisfeito, tem uma
inquietação interior, procura uma vida mais plena. Como fazem muitas vezes os
doentes e os possuídos (cf. Mc 3, 10; 5, 6), vemos no
Evangelho, ele lança-se aos pés do Mestre; é rico, mas precisa de ser curado. É
rico, mas precisa de ser curado. Jesus olha para ele com amor (v. 21); depois,
propõe-lhe uma “terapia”: vender tudo o que tem, dar aos pobres e segui-lo.
Mas, neste momento, chega uma conclusão inesperada: o homem entristece-se e
vai-se embora! Tão grande e impetuoso foi o desejo de encontrar Jesus, quão
fria e rápida foi a despedida d’Ele.
Também
nós trazemos no coração uma necessidade irreprimível de felicidade e de uma
vida cheia de sentido; no entanto, podemos cair na ilusão de pensar que a
resposta está na posse de bens materiais e de seguranças terrenas. Jesus, pelo
contrário, quer reconduzir-nos à verdade dos nossos desejos e fazer-nos
descobrir que, na realidade, o bem pelo qual ansiamos é o próprio Deus, o seu
amor por nós e a vida eterna que só Ele nos pode dar. A verdadeira riqueza é
sermos olhados com amor pelo Senhor - esta é uma grande riqueza - e como faz
Jesus com aquele homem, e amarmo-nos uns aos outros tornando a nossa vida um
dom para os demais. Por isso, irmãos e irmãs, Jesus convida-nos a arriscar, a
“arriscar o amor”: vender tudo para o dar aos pobres, o que significa despojarmo-nos
de nós mesmos e das nossas falsas seguranças, estarmos atentos a quem precisa e
partilharmos os nossos bens, não apenas coisas, mas aquilo que somos: os nossos
talentos, a nossa amizade, o nosso tempo, etc.
Irmãos
e irmãs, aquele homem rico não queria arriscar, arriscar o quê? Não quis
arriscar o amor e foi-se embora com uma cara triste. E nós? Perguntemo-nos: a
que é que o nosso coração está apegado? Como é que saciamos a nossa fome de
vida e de felicidade? Sabemos partilhar com aqueles que são pobres, que estão
em dificuldade ou que precisam de ser ouvidos, que precisam de um sorriso, de
uma palavra que os ajude a recuperar a esperança? Ou que precisam de ser
ouvidos... Lembremo-nos disto: a verdadeira riqueza não são os bens deste
mundo, a verdadeira riqueza é ser amado por Deus e aprender a amar como Ele.
E
agora peçamos a intercessão da Virgem Maria, para que nos ajude a descobrir em
Jesus o tesouro da vida.
___________________________
Depois do Angelus
Amados
irmãos e irmãs!
Continuo
a seguir com preocupação o que está a acontecer no Médio Oriente e, mais uma
vez, apelo a um cessar-fogo imediato em todas as frentes. Que se percorram os
caminhos da diplomacia e do diálogo para alcançar a paz.
Estou
próximo de todas as populações envolvidas, na Palestina, em Israel e no Líbano,
onde peço que as forças de paz da ONU sejam respeitadas. Rezo por todas as
vítimas, pelos deslocados, pelos reféns, os quais espero que sejam
imediatamente libertados, e faço votos para que este grande sofrimento inútil,
gerado pelo ódio e pela vingança, termine em breve.
Irmãos
e irmãs, a guerra é uma ilusão, é uma derrota, nunca trará paz, nunca trará
segurança, é uma derrota para todos, especialmente para aqueles que se julgam
invencíveis. Parai, por favor!
Apelo
para que os ucranianos não sejam deixados a morrer de frio, cessem os ataques
aéreos contra a população civil, que é sempre a mais atingida. Basta de matar
inocentes!
Acompanho
a situação dramática no Haiti, onde a violência continua contra a população,
forçada a fugir das suas casas em busca de segurança noutros lugares, dentro e
fora do país. Nunca esqueçamos os nossos irmãos e irmãs haitianos. Peço a todos
que rezem pelo fim de qualquer forma de violência e que, com o empenho da
comunidade internacional, se continue a trabalhar para construir a paz e a
reconciliação no país, defendendo sempre a dignidade e os direitos de todos.
Saúdo-vos,
romanos e peregrinos de Itália e de muitos países, em particular a Milícia da
Associação da Imaculada fundada por São Maximiliano Kolbe, as paróquias de
Resuttano (Caltanissetta), os atletas paralímpicos italianos com os seus guias
e assistentes e o grupo de Pax Christi Internacional.
Saúdo
mais uma vez os novos alunos do Colégio Urbano que encontrei esta manhã.
Na próxima sexta-feira, 18 de outubro, a Fundação
“Ajuda à Igreja que sofre” promove a iniciativa “Um milhão de crianças recita o
Terço pela paz no mundo”. Obrigado a todos os meninos e meninas que participam!
Unimo-nos a eles e confiamos à intercessão de Nossa Senhora - de quem hoje se
celebra o aniversário da última aparição em Fátima - à intercessão de Nossa
Senhora confiamos a atormentada Ucrânia, Myanmar, Sudão e as outras populações
que sofrem com a guerra e todas as formas de violência e miséria.
Saúdo
os jovens da Imaculada e vejo bandeiras polacas, brasileiras, argentinas,
equatorianas, francesas... Saúdo todos!
Desejo
a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço
e até à vista!"
Texto: Retirados
do Site do Vaticano - http://www.vatican.va/ em 14/10/2024;
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 14/10/2024;
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
Do baptismo às tentações, das tentações ao baptismo…
No 24.º Domingo, Pedro, à pergunta de Jesus, responde: “Tu és o
Messias”. "Respondeste bem porque foi o Pai que te o revelou", nos diz Jesus. Logo de
seguida, Jesus faz o seu primeiro anúncio da Sua Paixão e Pedro vai repreender Jesus dizendo:- isso não Te
acontecerá. Jesus vai responder a Pedro de uma maneira tão dura, como nunca o
tinha feito a nenhuma outra pessoa, nem a fariseus nem a doutores da lei, “vai-te Satanás”. Na verdade, Jesus já
tinha proferido esta frase ao demónio, na
terceira tentação , quando o demónio levou Jesus ao alto monte e, depois de lhe mostrar
todos os reinos da terra, lhe disse “tudo isto te darei se prostrares diante de
mim e me adorares”; então Jesus respondeu-lhe–“vai-te satanás, pois está escrito só a Deus adorarás e servirás”. Jesus está disposto a dar a vida por ti, por
nós, está disposto a cumprir o Mistério/ a vontade do Pai. No alto monte Jesus irá dar a sua vida
por todos. "Pedro, só percebes das coisas do mundo e não as do alto". Pedro
queria um Jesus à sua medida, e esta é a
tentação de Pedro e a nossa… Jesus responde a Pedro
e a nós: "quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me…"
No 25.º Domingo, a primeira Leitura fala daqueles que querem atentar contra a vida do justo, “Condenemo-lo à morte infame, porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo”. Foi precisamente isto que fez o demónio na segunda tentação. Levou Jesus ao alto do pináculo do templo de Jerusalém e disse-Lhe: “Se Tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito: “Dará a teu respeito ordens aos seus anjos; eles suster-te-ão nas suas mãos para que os teus pés não se firam nalguma pedra.” Jesus respondeu :“Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus!” Jesus não quer espetáculo , Ele quer atingir o mais profundo das limitações humanas, Ele não quer privilégios, Ele quer ser o servo de todos, Ele humilha-se. Ele é o Templo que vai cair por vontade e mistério do Pai, mas que em três dias vai ser levantado. O Justo oferece a vida pelos injustos, o Divino e Verdadeiro Homem oferece a vida pela humanidade que tanto ama. É assim, com tão grande Amor, que Jesus nos abraça e destrói o nosso coração de pedra, e lhe dá uma nova vida .
Pedro, Tiago e João, mesmo depois de terem visto Jesus transfigurado no alto monte, depois de ouvirem a palavra do Pai a confirmar que Jesus é o seu Filho muito amado, quando caminhavam pela Galileia, não compreenderam o segundo anúncio da Sua Paixão. Ademais, os discípulos discutiam entre si, qual deles era o maior: a tentação dos discípulos e a nossa…Um olhar para a humildade de Jesus, cortará a corrente desta tentação em nós.
No 26.º Domingo, a primeira Leitura fala-nos de uns profetas
fora da caixa, que, cheios do Espírito Santo, anunciavam a Palavra de Deus num sítio
informal, fora da “santa” tenda, e isto escandaliza Josué. Mas Moisés responde «Estás com ciúmes por
causa de mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor
infundisse o seu Espírito sobre eles!». Quem está cheio do Espírito Santo, não
consegue calar-se, comunica a Palavra de
Deus. No Evangelho, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar
os demónios em teu nome e procurámos impedi-lo, porque ele não anda
connosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode fazer um
milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. O ciúme, é a tentação de João, de Josué e, muitas vezes, a nossa.
No deserto, na
primeira tentação,
o tentador aproximou-se de Jesus e disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena
que estas pedras se convertam em pães.» Respondeu-lhe Jesus: «Está escrito: Nem
só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.». Jesus
é a Palavra, é alimento para os outros, é pão para os outros. “Eu sou o Pão
Vivo descido do céu”. A fome de Jesus é dar-se em alimento na Palavra, o Verbo,
e no seu Corpo, e aí temos a Eucaristia. Neste domingo, Jesus pede para sermos pão para
os outros. Para que tal aconteça, devemos agir de acordo com a sua Palavra,
deixar-nos guiar pela sua Palavra, deixar-nos cortar/purificar pela sua Palavra. Cortando com o pecado, desligando-o
de nós olhamos os nossos irmãos com um novo olhar.
Neste deserto que é a nossa vida é preciso jejuar e rezar muito como Jesus fez, É preciso pedir o Espírito Santo todos os dias, pedir que Ele reze em nós, ao Pai, por Jesus! Devemos pedir a efusão do Amor todos os dias, pedir a renovação das graças baptismais,… e chegaremos de novo ao Rio Jordão onde Jesus recebeu o Espírito Santo. Aí, onde o Pai nos diz “tu és meu filho amado”, “tu é minha filha amada”, com a certeza que Jesus está lá. Jesus foi baptizado porque te assume, sempre te assumirá! É aí, que a nossa túnica recupera a brancura original, no Sangue do Cordeiro derramado por ti e por mim...
Sem o Espírito Santo vamos de trapalhada em trapalhada, não
amamos e não percebemos nada…Cheios do Espírito Santo, entramos na corrente de um rio de Amor, confiamos no
Senhor e Ele nos conduzirá….
“Jesus Tu és o Cristo, o Filho de
Deus Vivo,
Tu tens Palavras de Vida Eterna,
Eu te seguirei Jesus, Tu me conduzirás
Tu és o Caminho a Verdade e a Vida”
JÉSUS, TU ES LE CHRISTParoles et musique : Communauté de l'Emmanuel (L.-E. de Labarthe)
Texto- Diácono José Luís Leão.
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 03/10/2024;
domingo, 29 de setembro de 2024
sábado, 7 de setembro de 2024
O Espírito do Senhor está sobre mim...
"Ciclo de Catequese. O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança. 6. “O Espírito do Senhor está sobre mim.” O Espírito Santo no Batismo de Jesus
Hoje reflitamos sobre o Espírito Santo que desce sobre Jesus no batismo do Jordão e, d’Ele, se difunde no seu corpo, que é a Igreja. No Evangelho de Marcos, a cena do batismo de Jesus é assim descrita: «Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado no Jordão por João. E assim que saiu da água, viu os céus abertos e o Espírito que desceu sobre Ele como uma pomba. E do céu ouviu-se uma voz: “Tu és o meu Filho muito amado: em ti pus toda a minha complacência”» (Mc 1, 9-11).
Toda a Trindade marcou encontro, naquele momento, nas margens do Jordão! É o Pai que se faz presente com a sua voz; é o Espírito Santo que desce sobre Jesus sob forma de pomba; e é aquele que o Pai proclama como seu Filho amado, Jesus. É um momento muito importante da Revelação, é um momento importante da história da salvação. Far-nos-á bem reler esta passagem do Evangelho.
O que aconteceu de tão importante no batismo de Jesus, para induzir todos os evangelistas a narrá-lo? Encontramos a resposta nas palavras que Jesus pronuncia, pouco tempo depois, na sinagoga de Nazaré, com clara referência ao acontecimento do Jordão: «O Espírito do Senhor está sobre mim; foi por isto que me consagrou com a unção» (Lc 4, 18).
No Jordão, Deus Pai “ungiu com o Espírito Santo”, ou seja, consagrou Jesus como Rei, Profeta e Sacerdote. Com efeito, no Antigo Testamento, os reis, os profetas e os sacerdotes eram ungidos com óleo perfumado. No caso de Cristo, em vez do óleo físico, há o óleo espiritual que é o Espírito Santo; em vez do símbolo, há a realidade: é o próprio Espírito que desce sobre Jesus.
Jesus está cheio do Espírito Santo desde o primeiro instante da sua Encarnação. Mas esta era uma “graça pessoal”, incomunicável; agora, pelo contrário, com esta unção, recebe a plenitude do dom do Espírito, mas para a sua missão que, como cabeça, comunicará ao seu corpo, que é a Igreja, e a cada um de nós. Por isso, a Igreja é o novo “povo real, povo profético, povo sacerdotal”. O termo hebraico “Messias” e o vocábulo correspondente em grego “Cristo” - Christós - ambos referidos a Jesus, significam “ungido”: foi ungido com o óleo da alegria, ungido com o Espírito Santo. O nosso próprio nome “cristãos” será explicado pelos Padres em sentido literal: cristãos significa “ungidos à imitação de Cristo”.1
Na Bíblia um Salmo fala de um óleo perfumado derramado sobre a cabeça do sumo sacerdote Aarão e que desce até à orla da sua veste (cf. Sl 133, 2). Esta imagem poética do óleo que desce, usada para descrever a felicidade de viver juntos como irmãos, tornou-se realidade espiritual e realidade mística em Cristo e na Igreja. Cristo é a cabeça, o nosso Sumo Sacerdote; o Espírito Santo é o óleo perfumado e a Igreja é o corpo de Cristo no qual se difunde.
Vimos porque, na Bíblia, o Espírito Santo é simbolizado pelo vento e, aliás, recebe dele o próprio nome, Ruah - vento. Vale a pena perguntar-nos também porque é simbolizado pelo óleo e que ensinamento prático podemos obter deste símbolo. Na Missa de Quinta-Feira Santa, consagrando o óleo chamado “Crisma”, o bispo, referindo-se a quantos receberão a unção no Batismo e na Confirmação, diz: «Que esta unção os penetre e santifique, para que, libertados da corrupção nativa e consagrados como templo da sua glória, propaguem o perfume de uma vida santa». É uma aplicação que remonta a São Paulo, que aos Coríntios escreve: «Sim, diante de Deus nós somos o perfume de Cristo» (2 Cor 2, 15). A unção faz de nós perfume, e também uma pessoa que vive com alegria a sua unção perfuma a Igreja, perfuma a comunidade, perfuma a família com este aroma espiritual.
Sabemos que, infelizmente, às vezes os cristãos não difundem o perfume de Cristo, mas o mau cheiro do próprio pecado. E nunca nos esqueçamos: o pecado afasta-nos de Jesus, o pecado transforma-nos em óleo mau. E o diabo - não vos esqueçais disto - normalmente, o diabo entra pelos bolsos - tende cuidado! E isto, no entanto, não nos deve desviar do compromisso de realizar, na medida do possível e cada um no seu ambiente, esta sublime vocação de ser o bom perfume de Cristo no mundo. O perfume de Cristo emana dos “frutos do Espírito”, que são «amor, alegria, paz, magnanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si» (Gl 5, 22). Paulo disse-o, e como é bom encontrar uma pessoa com estas virtudes: uma pessoa com amor, uma pessoa alegre, uma pessoa que cria a paz, uma pessoa magnânima, não mesquinha, uma pessoa benevolente que acolhe todos, uma pessoa bondosa. É bom encontrar uma pessoa boa, uma pessoa fiel, uma pessoa mansa, não orgulhosa... Se nos esforçarmos por cultivar estes frutos e quando encontrarmos estas pessoas, então, sem nos darmos conta, alguém sentirá ao nosso redor um pouco da fragrância do Espírito de Cristo. Peçamos ao Espírito Santo que nos torne mais conscientes, ungidos, ungidos por Ele.
Papa Francisco
Audiência Geral 21.08.2024
1 Cf. São Cirilo de Jerusalém, Catequese mistagógica, III,1."
Texto- Retirado do site - "CATEQUESEHoje - www.catequesehoje.org.br ", em 07.09.2024 - Um site de Catequese do Brasil, com muita qualidade!
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 07/09/2024;
sábado, 31 de agosto de 2024
Coração compassivo, mãos oblativas
“Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Mc7,6)
O relato do evangelho deste domingo se abre com a apresentação dos personagens. Jesus aparece como ponto de referência frente a dois grupos de indivíduos (“os fariseus e alguns mestres da lei”), representantes do poder religioso oficial, ou seja, grupos de piedosos que exerciam uma pressão religiosa sobre o povo em sua pretensão de submetê-lo a uma existência marcada pelo rigorismo religioso e pelo legalismo.
Como se explica esse fenômeno do farisaísmo religioso, tão frequente também entre nós? Estamos falando da eterna tentação, de ontem e de hoje: apresentar-se em nome de Deus para impor pesados fardos sobre as pessoas, ameaçando-as e impedindo-as de viver com mais leveza. Segundo o Papa Francisco, trata-se do terrível “poder de consciência”, exercido por autoridades religiosas, e que são profundamente manipuladoras e destruidoras da verdadeira identidade das pessoas. Na verdade, percebemos nas comunidades cristãs um florescer de práticas devocionais vazias, ritos estéreis, normas inúteis..., que só alimentam medo de Deus e culpa doentia.
Quando a religião (no sentido original de “re-ligar”) se transforma em culto vazio, em palavras ocas que são levadas pelo vento, em simples rotina..., esvazia-se a vida, fragiliza-se o compromisso com o outro e se distancia do verdadeiro Deus revelado por Jesus. De fato, para o Mestre de Nazaré, “Deus é leve”, não complica a vida humana com mais cobranças e ameaças; basta ser transparência do Seu Amor.
Aqui está a chave para compreender o conflito de Jesus com os homens mais religiosos e observantes de seu tempo. Tal conflito se centrou em questões relativas à imagem de Deus, ao caráter absoluto das leis e normas religiosas, descendo inclusive até às chamadas “normas de pureza”. De um modo esquemático, o conflito poderia resumir-se nestas contraposições: a gratuidade frente ao mérito; o valor da pessoa acima da lei; o cuidado da interioridade frente à absolutização das tradições.
De um lado, encontramos o “ritual” e o “sagrado” como componentes essenciais da religião dos sacerdotes, fariseus e mestres da lei; de outro, encontramos nos evangelhos que o central na vida e na mensagem de Jesus não foi nem o “ritual”, nem o “sagrado”, mas o “humano”. O centro da mensagem e da atividade d’Ele não estava no templo, nas observâncias das normas e leis, na preservação da tradição religiosa..., mas na saúde dos enfermos (curas), na alimentação das pessoas (refeições), nas sadias relações humanas.
Jesus viu claramente que a religião dos ritos e do sagrado (com seus poderes, privilégios e dignidades) gerava exclusão, culpa, medo... Tal realidade era o impedimento mais imediato e mais forte para as pessoas entenderem e viverem o que significava o “Reinado de Deus”.
O Evangelho deste domingo nos situa, portanto, diante desta desumana realidade provocada por uma falsa compreensão da religião. Para Jesus, nada do que vem de fora contamina o ser humano. Isso significa que toda pessoa possui uma interioridade impoluta e resguardada, que nada nem ninguém de fora poderá destruir. No mais profundo de cada ser humano há um “sacrário”, dotado de recursos e beatitudes originais que não podem ser alcançados pela “mancha” externa do legalismo e do moralismo. Dessa forma, Jesus declara o valor absoluto da pessoa humana como portadora de valores que ninguém poderá atingir.
O que mancha a pessoa é o que sai de dentro dela. Ninguém pode manchá-la, mas ela pode manchar-se a si mesma, porque “é” um ser de coração do qual brota o bem, a verdade, o amor..., mas pode brotar também o mal, o ódio, a intolerância... O ser humano é um “ser interior” que pode desenvolver-se de forma criativa, mas também de maneira destruidora. Esta é a maior revelação de Jesus, que anuncia o Deus que quer salvar a todos, mas a partir do lugar da verdadeira interioridade. O que decide o ser humano é o coração; se este estiver petrificado, é preciso arrancá-lo e colocar em seu lugar um coração de carne, capaz de crer e amar.
Este “princípio da interioridade”, indicado por Jesus, é que define e marca a novidade do evangelho; por isso, como Libertador, empenha-se por livrar as pessoas de tudo aquilo que lhes podia oprimir e destruir a vida. Jesus interpreta a pureza ou impureza como realidade que brota do coração e, dessa forma, devolve ao ser humano sua autoria, sua autonomia. A missão da verdadeira religião é facilitar para que homens e mulheres sejam autônomos na linha do bem, que ativem seus recursos internos, que sejam livres no compromisso e no serviço da vida dos outros.
Nenhuma religião pode ter a pretensão de anular a consciência das pessoas. Seria um fatal erro atrofiá-la com ritualismos, preceitos e normas, impedindo a manifestação da voz de Deus, única e original, no interior de cada um. Despertar essa consciência é a tarefa de todo ser humano para chegar à plenitude de seu próprio ser. Daqui nasce a verdadeira sabedoria, unindo mente e coração. Nessa proximidade de Deus, que habita em nós e nos conecta com o universo, se forja nossa verdadeira identidade de filhos(as) d’Ele e irmãos(ãs) de todos. Quando conectamos com esta realidade interior toda nossa vida se equilibra e adquire sentido. Esbarramos na fonte não contaminada e que nos humaniza.
Nós vivemos a fé dentro da religião cristã, com raízes judaicas. A fé é nossa adesão de coração a um Deus que nos cria e nos ama, a um Pai que nos salva em seu Filho. Sem essa experiência fundante, nossa religião torna-se vazia, fica restrita a uma aparência vistosa, sujeita a manipulações de todo tipo.
Quanto “farisaísmo” há em nossos costumes cristãos! Quanto ritualismo, tradição, conservação e normas sem sentido! Quando perdemos a relação com a pessoa de Jesus Cristo tudo se converte em doutrina e ritualismo que nos conduzem a uma religião intimista e egóica. O que vem depois se enche de pré-juizos, julgamentos e sentenças. Esquecemos a medida do amor de Deus para impor a nossa medida moralista, excessivamente pobre, egoísta e insensata. Isso atenta contra nós mesmos e envenena as relações sadias que deveriam sustentar nossa vida.
O texto de Marcos nos situa, portanto, diante de duas maneiras opostas de entender e viver a religião: a estéril (ou perniciosa), que coloca a lei acima das pessoas, e a de Jesus, centrada no compromisso com os mais pobres e excluídos. Esta dicotomia na forma de entender a religião acontece em todos as épocas e culturas da história; por isso, a religião tem sido a mediação que fez emergir tanto o melhor quanto o pior da humanidade; ela tem possibilitado o surgimento de experiências sadias e profundas como também tem gerado tantas “doenças” nas pessoas, provocadas pela culpa e pelo medo.
Uma religião absolutizada, carregada de normas, leis, penitências, tradições... se faz indigesta e provoca automaticamente rejeição nas pessoas mais livres, lúcidas e abertas; estas se rebelam contra a imposição, o autoritarismo e qualquer pretensão exclusivista. E, na medida em que as pessoas crescem em espírito crítico, descobrem com facilidade que, detrás da fachada de solenidade com a qual muitas “autoridades religiosas” costumam se apresentar, se esconde uma incoerência humana que elas mesmas condenam. Jesus as chama de “hipócritas” e os desmascara porque manipulam Deus e usam da religião em proveito próprio.
Como cristãos, somos seguidores(as) de um Homem tremendamente livre diante das leis, das tradições, dos ritualismos..., pois o centro de sua missão está em despertar a vida e vida em plenitude. Suas palavras e seus gestos ousados despertam em nós uma atitude de sentinela diante deste “vírus” de aparência inofensiva, que entra em nós sob a forma de mero cumprimento de leis e sai com uma pesada carga de julgamento, de imposição, de condenação e controle sobre aqueles com quem convivemos. Um vírus antigo e contagioso, uma “covid do espírito”.
Texto bíblico: Mc 7,1-8.14-15.21-23
Na oração: Reze tuas “mãos”. Tuas mãos... sacramento de Deus, pois tornam presentes e visíveis as mãos d’Ele.
Tens no coração o Amor de Deus. A força que te leva a amar o outro como Deus o ama. Serás a mão amiga de Deus, tua mão terna e carinhosa, tua mão forte e libertadora, tua mão criadora de vida, tua mão generosa que protege e cuida a vida.
Mãos para unir, criar, curar, abençoar... como as de Jesus.
Mãos abertas para compartilhar. Mãos que não retém o que o irmão necessita. Abrir a mão, abrir o coração, abrir as entranhas de misericórdia. Caminhas tu pela vida com tuas mãos abertas?
Pe. Adroaldo Palaoro sj
Texto- Retirado do site - "CATEQUESEHoje - www.catequesehoje.org.br ", em 31.08.2024 - Um site de Catequese do Brasil, com muita qualidade!
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 31/08/2024;
quarta-feira, 12 de junho de 2024
Ô mon Bien-Aimé | Emmanuel Music
Ó meu Bem-Amado, Jesus meu Senhor,
verdadeira alegria do coração: mais que o mel
Tua doce presença, vem-nos encher da tua alegria!
Iesu, Iesu,
Iesu, Adoramus te!
Iesu, Adoramus
Iesu, Adoramus
Iesu,
Adoramus te!
Tu confortas aquele que pede perdão;
dás coragem ao fraco que confia em Ti. Consolador
de quem Te procura, do que Te encontra, grande alegria!
Ninguém pode exprimir tua graça e poder, nenhum hino
contém teu imenso amor. Mas quem mergulha
em teu
coração, encontra a vida que não tem fim!
Iesu, Adoramus
Iesu, Adoramus
Iesu,
Adoramus te!
Sê a fonte da nossa alegria, Jesus. Tu, o
nosso tesouro um dia
nos céus. Que a nossa
glória repouse em Ti. Agora e sempre, Ámen!
Iesu, Adoramus
Iesu, Adoramus
Iesu, Adoramus te!
Iesu, Adoramus
Iesu, Adoramus
Iesu, Adoramus te!
sexta-feira, 7 de junho de 2024
O Filho mostra o coração do Pai..
" Em seguida, disse aos discípulos: «É por
isso que vos digo: Não vos preocupeis quanto à vossa vida, com o que haveis de
comer, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir; pois a vida
é mais que o alimento, e o corpo mais que o vestuário.
Reparai nos corvos: não semeiam nem colhem, não têm
despensa nem celeiro, e Deus alimenta-os. Quanto mais não valeis vós do que as
aves! E quem de vós, pelo facto de se inquietar, pode acrescentar um
côvado à extensão da sua vida? Se nem as mínimas coisas podeis fazer,
porque vos preocupais com as restantes?
Reparai nos lírios, como crescem! Não trabalham
nem fiam; pois Eu digo-vos: Nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como
um deles. Se Deus veste assim a erva, que hoje está no campo e amanhã é
lançada no fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé!
Não vos inquieteis com o que haveis de comer ou
beber, nem andeis ansiosos, pois as pessoas do mundo é que andam à procura
de todas estas coisas; mas o vosso Pai sabe que tendes necessidade
delas. Procurai, antes, o seu Reino, e o resto vos será dado por
acréscimo. Não temais, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai
dar-vos o Reino.»" Lc 12,22-32
Texto: Retirado da
Bíblia da "Difusora Bíblica" em 07.06.2024;
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 07/06/2024;
terça-feira, 28 de maio de 2024
Ano da oração: Rezar hoje
domingo, 26 de maio de 2024
Ide e convidai a todos para o banquete ...
MENSAGEM DE SUA
SANTIDADE
PAPA FRANCISCO
PARA O XCVIII
DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2024
20 de outubro de 2024
Ide e convidai a todos para o banquete (cf. Mt 22, 9)
Queridos irmãos e irmãs!
Para o Dia Mundial das Missões deste ano, tirei o tema da parábola evangélica do banquete nupcial (cf. Mt 22, 1-14). Depois que os convidados recusaram o convite, o rei – protagonista da narração – diz aos seus servos: «Ide às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes» (22, 9). Refletindo sobre esta frase-chave, no contexto da parábola e da vida de Jesus, podemos ilustrar alguns aspetos importantes da evangelização. Tais aspetos revelam-se particularmente atuais para todos nós, discípulos-missionários de Cristo, nesta fase final do percurso sinodal que, de acordo com o lema «Comunhão, participação, missão», deverá relançar na Igreja o seu empenho prioritário, isto é, o anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo.
1. «Ide e convidai»: a missão como ida incansável e convite para a festa do Senhor
No início da ordem do rei aos seus servos, há dois verbos que expressam o núcleo da missão: «ide» e chamai, «convidai».
Quanto ao primeiro verbo, convém recordar que antes os servos tinham sido já enviados para transmitir a mensagem do rei aos convidados (cf. 22, 3-4). Daqui se deduz que a missão é ida incansável rumo a toda a humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa. Assim Jesus Cristo, bom pastor e enviado do Pai, andava à procura das ovelhas perdidas do povo de Israel e desejava ir mais além para alcançar também as ovelhas mais distantes (cf. Jo 10, 16). Quer antes quer depois da sua ressurreição, disse aos discípulos «ide», envolvendo-os na sua própria missão (cf. Lc 10, 3; Mc 16, 15). Por isso, a Igreja continuará a ultrapassar todo e qualquer limite, sair incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor.
Aproveito o momento para agradecer aos missionários e missionárias que, respondendo ao chamamento de Cristo, deixaram tudo e partiram para longe da sua pátria a fim de levar a Boa Nova aonde o povo ainda não a recebera ou só recentemente é que a conheceu. Irmãs e irmãos muito amados, a vossa generosa dedicação é expressão tangível do compromisso da missão ad gentes que Jesus confiou aos seus discípulos: «Ide e fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19). Por isso continuamos a rezar e a agradecer a Deus pelas novas e numerosas vocações missionárias para esta obra de evangelização até aos confins da terra.
E não esqueçamos que todo o cristão é chamado a tomar parte nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente, para que toda a Igreja saia continuamente com o seu Senhor e Mestre rumo às «saídas dos caminhos» do mundo atual. Sim, «hoje o drama da Igreja é que Jesus continua a bater à porta, mas da parte de dentro, para que O deixemos sair! Muitas vezes acabamos por ser uma Igreja (…) que não deixa o Senhor sair, que O retém como “propriedade sua”, quando o Senhor veio para a missão e quer que sejamos missionários» (Discurso aos participantes no Congresso promovido pelo Dicastério para os leigos, a família e a vida, 18/II/2023). Oxalá todos nós, batizados, nos disponhamos a sair de novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do cristianismo.
Voltando à ordem do rei aos servos na parábola, vemos que caminham lado a lado o «ir» e o chamar ou, mais precisamente, «convidar»: «Vinde às bodas!» (Mt 22, 4). Isto faz-nos vislumbrar outro aspeto, não menos importante, da missão confiada por Deus. Como se pode imaginar, aqueles servos-mensageiros transmitiam o convite do soberano assinalando a sua urgência, mas faziam-no também com grande respeito e gentileza. De igual modo, a missão de levar o Evangelho a toda a criatura deve ter, necessariamente, o mesmo estilo d’Aquele que se anuncia. Ao proclamar ao mundo «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 36), os discípulos-missionários fazem-no com alegria, magnanimidade, benevolência, que são fruto do Espírito Santo neles (cf. Gal 5, 22); sem imposição, coerção nem proselitismo; mas sempre com proximidade, compaixão e ternura, que refletem o modo de ser e agir de Deus.
2. «Para o banquete»: a perspetiva escatológica e eucarística da missão de Cristo e da Igreja
Na parábola, o rei pede aos seus servos que levem o convite para o banquete das bodas de seu filho. Este banquete reflete o banquete escatológico; é imagem da salvação final no Reino de Deus – já em realização com a vinda de Jesus, o Messias e Filho de Deus, que nos deu a vida em abundância (cf. Jo 10, 10), simbolizada pela mesa preparada com «carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos» –, quando Deus «aniquilar a morte para sempre» (cf. Is 25, 6-8).
A missão de Cristo é missão da plenitude dos tempos, como Ele mesmo declarou no início da sua pregação: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo» (Mc 1, 15). Ora, os discípulos de Cristo são chamados a continuar esta mesma missão do seu Mestre e Senhor. A propósito, recordemos o ensinamento do Concílio Vaticano II sobre o caráter escatológico do compromisso missionário da Igreja: «A atividade missionária desenrola-se entre o primeiro e o segundo advento do Senhor (…). Antes de o Senhor vir, tem de ser pregado o Evangelho a todos os povos» (Decr. Ad gentes, 9).
Sabemos que o zelo missionário, nos primeiros cristãos, possuía uma forte dimensão escatológica. Sentiam a urgência do anúncio do Evangelho. Também hoje é importante ter presente tal perspetiva, porque nos ajuda a evangelizar com a alegria de quem sabe que «o Senhor está perto» e com a esperança de quem propende para a meta, quando estivermos todos com Cristo no seu banquete nupcial no Reino de Deus. Assim, enquanto o mundo propõe os vários «banquetes» do consumismo, do bem-estar egoísta, da acumulação, do individualismo, o Evangelho chama a todos para o banquete divino onde reinam a alegria, a partilha, a justiça, a fraternidade, na comunhão com Deus e com os outros.
Temos esta plenitude de vida, dom de Cristo, antecipada já agora no banquete da Eucaristia, que a Igreja celebra por mandato do Senhor em memória d’Ele. Por isso o convite ao banquete escatológico, que levamos a todos na missão evangelizadora, está intrinsecamente ligado ao convite para a mesa eucarística, onde o Senhor nos alimenta com a sua Palavra e com o seu Corpo e Sangue. Como ensinou Bento XVI, «em cada celebração eucarística realiza-se sacramentalmente a unificação escatológica do povo de Deus. Para nós, o banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos profetas (cf. Is 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como “as núpcias do Cordeiro” (Ap 19, 7-9), que se hão de celebrar na comunhão dos santos» (Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum caritatis, 31).
Assim, todos somos chamados a viver mais intensamente cada Eucaristia em todas as suas dimensões, particularmente a escatológica e a missionária. Reafirmo, a este respeito, que «não podemos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens» (Ibid., 84). A renovação eucarística, que muitas Igrejas Particulares têm louvavelmente promovido no período pós-Covid, será fundamental também para despertar o espírito missionário em todo o fiel. Com quanta mais fé e ímpeto do coração se deveria pronunciar, em cada Missa, a aclamação «Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!»
Por conseguinte, no Ano dedicado à oração como preparação para o Jubileu de 2025, desejo convidar a todos para intensificarem também e sobretudo a participação na Missa e a oração pela missão evangelizadora da Igreja. Esta, obediente à palavra do Salvador, não cessa de elevar a Deus, em cada celebração eucarística e litúrgica, a oração do Pai Nosso com a invocação «Venha a nós o vosso Reino». E assim a oração quotidiana e de modo particular a Eucaristia fazem de nós peregrinos-missionários da esperança, a caminho da vida sem fim em Deus, do banquete nupcial preparado por Deus para todos os seus filhos.
3. «Todos»: a missão universal dos discípulos de Cristo e a Igreja toda sinodal-missionária
A terceira e última reflexão diz respeito aos destinatários do convite do rei: «todos». Como sublinhei, «no coração da missão, está isto: aquele “todos”. Sem excluir ninguém. Todos. Por conseguinte, cada uma das nossas missões nasce do Coração de Cristo, para deixar que Ele atraia todos a Si» (Discurso aos participantes na Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias, 03/VI/2023). Ainda hoje, num mundo dilacerado por divisões e conflitos, o Evangelho de Cristo é a voz mansa e forte que chama os homens a encontrarem-se, a reconhecerem-se como irmãos e a alegrarem-se pela harmonia entre as diversidades. Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4). Por isso, nas nossas atividades missionárias, nunca nos esqueçamos que somos enviados a anunciar o Evangelho a todos, e «não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 14).
Os discípulos-missionários de Cristo trazem sempre no coração a preocupação por todas as pessoas, independentemente da sua condição social e mesmo moral. A parábola do banquete diz-nos que, seguindo a recomendação do rei, os servos reuniram «todos aqueles que encontraram, maus e bons» (Mt 22, 10). Além disso, os convidados especiais do rei são precisamente «os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos» (Lc 14, 21), isto é, os últimos e os marginalizados da sociedade. Assim, o banquete nupcial do Filho, que Deus preparou, permanece para sempre aberto a todos, porque grande e incondicional é o seu amor por cada um de nós. «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Toda a gente, cada homem e cada mulher, é destinatário do convite de Deus para participar na sua graça que transforma e salva. Basta apenas dizer «sim» a este dom divino gratuito, acolhendo-o e deixando-se transformar por ele, como se se revestisse com um «traje nupcial» (cf. Mt 22, 12).
A missão para todos requer o empenho de todos. Por isso é necessário continuar o caminho rumo a uma Igreja, toda ela, sinodal-missionária ao serviço do Evangelho. De per si a sinodalidade é missionária e, vice-versa, a missão é sempre sinodal. Por conseguinte, hoje, é ainda mais urgente e necessária uma estreita cooperação missionária seja na Igreja universal, seja nas Igrejas Particulares. Na esteira do Concílio Vaticano II e dos meus antecessores, recomendo a todas as dioceses do mundo o serviço das Pontifícias Obras Missionárias, que constituem meios primários «quer para dar aos católicos um sentido verdadeiramente universal e missionário logo desde a infância, quer para promover coletas eficazes de subsídios para bem de todas as missões segundo as necessidades de cada uma» (Decr. Ad gentes, 38). Por esta razão, as coletas do Dia Mundial das Missões em todas as Igrejas Particulares são inteiramente destinadas ao Fundo Universal de Solidariedade, que depois a Pontifícia Obra da Propagação da Fé distribui, em nome do Papa, para as necessidades de todas as missões da Igreja. Peçamos ao Senhor que nos guie e ajude a ser uma Igreja mais sinodal e mais missionária (cf. Homilia na Missa de encerramento da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 29/X/2023).
Por fim, voltemos o olhar para Maria, que obteve de Jesus o primeiro milagre precisamente numa festa de núpcias, em Caná da Galileia (cf. Jo 2, 1-12). O Senhor ofereceu aos noivos e a todos os convidados a abundância do vinho novo, sinal antecipado do banquete nupcial que Deus prepara para todos no fim dos tempos. Também hoje peçamos a sua intercessão materna para a missão evangelizadora dos discípulos de Cristo. Com o júbilo e a solicitude da nossa Mãe, com a força da ternura e do carinho (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 288), saiamos e levemos a todos o convite do Rei Salvador. Santa Maria, Estrela da evangelização, rogai por nós!
Roma – São João de Latrão, na Festa da Conversão de São Paulo, 25 de janeiro de 2024.
FRANCISCO
Texto: Retirados do Site do Vaticano - http://www.vatican.va/ em 26/05/2024;
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 26/05/2024;
sábado, 25 de maio de 2024
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo...
“Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19)
Imagem: Retirada da "Google imagens" em 25/05/2024;